Foi sem a menor dificuldade e em clima de jogo-treino que o Ceará voltou a jogar após quase quatro meses. Mas a verdade é que a tranquila goleada por 5 a 0 sobre o Barbalha, na partida que marcou a retomada do Campeonato Cearense, não serve como parâmetro ao Alvinegro. Pela fragilidade, o adversário não impôs dificuldade e o placar poderia ter sido bem mais elástico. Mas só poderia porque, na manhã de ontem, o Ceará fez o que dele se esperava. Na estreia do técnico Guto Ferreira, foi impositivo e mostrou pontos positivos.
O resultado fez o Vovô chegar aos 14 pontos na tabela e se manter invicto no ano. Agora, em 16 jogos, acumula oito vitórias e oito empates. É o único entre os 20 times da Série A do Campeonato Brasileiro que não perdeu na temporada.
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O primeiro aspecto positivo visto em campo foi a questão física, grande preocupação de todos que estão voltando após praticamente 120 dias de paralisação. Voltar a campo às 9 horas da manhã, com um calor enorme, seria extremamente desgastante.
Nos primeiros 45 minutos, o time se portou bem, com intensidade, e na segunda etapa mais administrou, sem fazer esforço desnecessário. A partida já estava resolvida e amanhã tem Clássico-Rei.
Outro fator que chamou atenção foi a marcação em bloco alto. O Ceará pressionou a saída de bola do Barbalha no campo de ataque o tempo praticamente todo e não deixou o time adversário sair jogando. Repito: aqui, se deve considerar a fragilidade do oponente, mas esse estilo de marcação e de busca pela recuperação da bola no campo de ataque é uma característica das equipes de Guto Ferreira.
"Padrão Guto"
Coletivamente, o Vovô mostrou bom entrosamento e alguns outros conceitos interessantes. Ultrapassagens pelos lados do campo, jogadas de infiltração pelo meio, mobilidade ofensiva com trocas de posições.
Esse é o lado do "copo meio cheio" de se ter ficado tanto tempo sem jogos. Com 43 dias de treinamentos sob comando do novo técnico, já foi possível ter uma assimilação melhor das ideias. Se Guto tivesse chegado e já encarado uma sequência de partidas, sem tempo para treinos, seria mais difícil por em prática o modelo pensado.
Individualmente, não dá pra apontar ninguém que foi abaixo. Mas há alguns destaques que se sobressaíram, como o trio Lima (dois gols e uma assistência), Vinícius (um gol e uma assistência) e Felipe Silva (uma assistência).
Formando a linha de três no esquema 4-2-3-1, foram eles os responsáveis pela criação de praticamente todas as chances de gol. Samuel Xavier e Bruno Pacheco também apoiaram bem, sobretudo o lateral-direito, que deu passe para o 2º gol de Lima, o 4º do time.
O Ceará de Guto Ferreira não terá a mesma facilidade no próximo desafio. Amanhã, o adversário é o Fortaleza de Rogério Ceni no 2º Clássico-Rei do ano. Não é preciso dizer que o grau de exigência será outro. Aí, sim, um grande teste para o time. No 1º e único confronto do ano, até agora, o Leão e Vovô ficaram no 1 a 1, pela Copa do Nordeste.