Baiano comprou terreno em Juazeiro do Norte e constrói casa para mãe
Filho de cearenses de Missão Velha, Fábio Santos, 25, mudou a vida de forma repentina graças ao jogo Free Fire. Ele deixou de colher e vender latinhas para reciclagem e conquistou a própria casa que segue em construção em Juazeiro do Norte.
Natural de Juazeiro na Bahia, Fábio Santos — conhecido no mundo gamer por Baiano TV — deixou a terra natal para viver no Ceará aos seis anos. Por problemas de saúde do avô paterno, a família precisou retornar ao Estado.
Apesar do registro de nascimento na Bahia, o que corre na veia do streamer são as vivências e o "jeito de ser" cearense. O sotaque arrastado do sul do Ceará e as expressões do cotidiano são aplicadas nas transmissões diárias na plataforma de games Twitch.
Claro, o começo da carreira de Fábio como streamer foi marcado por dificuldades. Apesar do game mobile Free Fire ter sido criado com objetivo de ser usado em aparelhos simples, ele nem sequer tinha um capaz de rodar o jogo de forma leve.
Apesar dos travamentos, lentidão e da tela quebrada, Baiano já gravava vídeos para internet. Os amigos diziam que ele jogava em "câmera lenta".
Como o baiano ganha dinheiro com live?
Assim como a maioria dos gamers que produzem conteúdo nas plataformas Facebook, YouTube, Twitch e Instagram, Fábio recebe moedas digitais dos espectadores, além de valores por visualizações nos vídeos.
Além disso, Baiano possui contratos com a plataforma Twitch e com um time de e-sport Furia. A maioria dos streamers precisa realizar um determinado número de horas em transmissão para receber um valor mensal pela produção de conteúdo.
No Facebook, Baiano soma mais de 1,7 milhão de seguidores. Diariamente, ele publica vídeos das partidas de Free Fire. Dotado da irreverência do nordestino, ele atrai o público pelo bom humor.
Baiano busca agora reconhecimento da Garena, empresa responsável pelo game Free Fire, para receber o selo de verificação, além de ser influenciador da plataforma.
Lutas diárias
O Free Fire possibilita o jogador a interagir com pessoas de todo Brasil. No game de sobrevivência, o usuário batalha em equipe contra outros times em uma luta de armas. O áudio das partidas deixa evidente a região de cada player. Nas redes sociais, é possível ver cenas de preconceitos contra nordestinos durante as partidas.
De sotaque forte, Fábio Santos conta que já passou uma situação de preconceito no game, mas diz não entrar em conflito. "É o que povo diz: se estão falando mal é por que é inveja. Eu finjo que a pessoa nem existe. Uma pessoa assim não tem Deus no coração. Não gosto de responder esse tipo de comentário mau nas redes sociais".
A rápida ascensão garantiu a Fábio a possibilidade de mudar a vida dele e da mãe. Antes mesmo da pandemia do coronavírus, o dinheiro da casa era apenas um salário recebido pela mãe. Para poder comprar itens básicos para a família, a saída era trabalhar com reciclagem.
Eu e a mãe catávamos latinha para comprar as coisas para casa. Passamos por momentos difíceis.
Desenhos animados como referência
Quem acompanha as lives de Fábio Santos observa fortes referências da infância do brasileiro dos anos 2000. Espectador da TV Globinho, programa infantil extinto em 2015, o streamer deixa evidente os temas de personagens de desenhos como Dragon Ball e Digimon.
"No começo eu editava tudo. Hoje, consigo pagar um amigo para cuidar da edição dos vídeos. Tudo isso, graças ao dinheiro que ganho nas lives"
O forró também é presente em vídeos do gamer. Fã de nomes como Jonas Esticado, Xand Avião, Wesley Safadão e Tarcísio do Acordeon, Baiano até dança nas lives quando consegue bons resultados nas partidas.