A 8ª edição da Pesquisa Game Brasil (PGB) mostra que as mulheres são maioria entre a comunidade gamer no Brasil
O isolamento social por conta da pandemia do coronavírus mudou o quesito "entretenimento" entre os brasileiros. A 8ª Pesquisa Game Brasil (PGB), importante levantamento sobre o consumo de jogos eletrônicos, revelou como a Covid-19 impactou o consumo de games.
Segundo estudo, 75,8% dos jogadores do Brasil afirmam usar mais os consoles, smartphones ou PCs devido às regras sanitárias. A pesquisa nasceu da parceria entre Sioux Group, Go Gamers, Blend New Research e ESPM.
O estudo ouviu 12.498 pessoas em 26 estados e no Distrito Federal. As entrevistas foram realizadas entre os dias 7 e 22 de fevereiro deste ano.
“No ano passado, fizemos a pesquisa de campo pouco antes do isolamento social, em fevereiro de 2020. Com a leitura atual, temos o real impacto ano versus ano que a pandemia gerou na forma de consumo de jogos digitais e hábitos durante este período”, destaca Guilherme Camargo, sócio-CEO do Sioux Group e professor na pós-graduação da ESPM.
De acordo com o estudo, 72% da população do País afirma jogar jogos eletrônicos. A situação imposta pela pandemia fez com 51,5% dos jogadores realizassem mais sessões de partidas online com amigos. “Além disso, 60,9% do público afirma ter consumido mais conteúdo relacionados a jogos, e 42,2% disseram ter investido mais dinheiro em jogos durante o período de isolamento social", ressalta Camargo.
Perfil do gamer brasileiro
Historicamente, a PGB mostra que as mulheres são maioria entre a comunidade gamer no Brasil. Na 8ª edição não foi diferente: 51,5% do público de jogos eletrônicos do País é feminino. Esta forte presença está relacionada ao tamanho do mercado de smartphones, onde existe uma dominância das mulheres (62,2%).
Embora a principal classe social dos jogadores no Brasil seja a média-alta (B2), com 27,6%, com os smartphones se consolidando cada vez mais como principal plataforma de jogos no Brasil, é possível identificar uma ascensão das pessoas de classes sociais baixas e médias (C1, C2, D e E) entre o público gamer, representando quase metade dos consumidores de jogos no País (49,7%, na soma).
Nesta edição, a PGB mapeou ainda a etnia dos jogadores brasileiros: quase metade do público se identificou como branca (46%), enquanto outra grande parcela se identificou como parda ou preta (50,3%, na soma). Em relação à faixa etária, a maioria do público é adulta, com 22,5% possuindo entre 20 a 24 anos e 18,6% entre 24 e 29 anos.
O público de 16 a 19 anos representa 10,3% dos respondentes, enquanto pessoas de 40 anos ou mais de idade constituem 18,9% dos gamers no País. Por questões de ética, o estudo não entrevista menores de 16 anos de idade. Toda essa população, no entanto, é considerada em uma seção especial (Pais, Filhos e Games), dedicada a entender o perfil de consumo desse público pela ótica de seus pais.
Smartphones democratizam jogos
Seguindo a tendência dos anos anteriores, a 8ª edição da PGB mostra que a maioria dos brasileiros (41,6%) ainda prefere jogar nos smartphones. Os consoles domésticos ocupam a 2ª colocação, com 25,8% de preferência, seguidos pelo computador, em 3º, com 18,3%.
Além disso, quem joga no celular joga mais: 40,8% do público afirma jogar todos os dias — nos consoles, essa porcentagem é de 15%, enquanto nos computadores é de 19,6%. Tal comportamento pode ser explicado por fenômenos econômicos e culturais.
“O smartphone oferece o melhor custo-benefício com diversas funcionalidades e portabilidade, incluindo uma grande quantidade de jogos gratuitos que ganharam grande destaque no ano passado, como Free Fire e Among Us. Fora isso, os gamers casuais possivelmente se identificam mais com as propostas dos jogos mobile, que oferecem partidas rápidas e mais acessíveis”, diz Silva.
Já a duração de uma sessão de jogo costuma ser de 1 a 3 horas para a maioria dos jogadores de consoles (31,3%). No PC, a maior parte do público joga por até 1h (27,2%), embora liderem quando o assunto é ficar na frente da tela por mais de 6h, com 10,1%.
A surpresa são os smartphones, onde 35% do público joga de 1 a 3 horas, mostrando que o mobile tem ganhado maturidade e obtendo jogadores mais assíduos. Cabe destacar que o comportamento do jogador é multiplataforma. Ou seja, mesmo que ele prefira este ou aquele aparelho, consome games em duas ou três plataformas.
Vida financeira
Conforme a Pesquisa Game Brasil 2021, a maioria dos gamers brasileiros possui uma renda média familiar de até R$2.090 (30,8%), seguidos por uma parcela de 30,3% que afirma ter até R$4.180. Este segundo grupo, por exemplo, só conseguiria comprar um videogame da nova geração se juntasse mais de um mês de sua renda sem gastar com nenhuma outra necessidade.
“O brasileiro acha um jeito de jogar: estende a vida útil das gerações antigas, baixa jogos gratuitos ou se concentra em poucos títulos”, conta Mauro Berimbau, professor da ESPM e consultor GoGamers.
Além disso, a PGB revela que 45,4% dos gamers no Brasil baixam apenas jogos gratuitos, devido ao preço elevado dos títulos (46,6%); às opções gratuitas que suprem suas necessidades (34,9%); e para não correrem o risco de se arrependerem pelo produto (22,7%). A maioria do público (33%) não investe nenhum valor de outra maneira com jogos, mas 32% gastam em moedas virtuais, 31,4% em itens de melhorias e 31,1% em expansões de jogos.