Justiça decide se 33 policiais acusados de envolvimento na Chacina de Messejana irão a júri popular

O crime deixou 11 pessoas mortas, além de seis feridas, em quatro bairros da capital. Os policiais são acusados de homicídio duplamente qualificado e tentativa de torturas físicas e psicológicas

Escrito por Redação ,
Legenda: Julgamento ocorre em uma das salas do Tribunal de Justiça do Ceará.
Foto: José Leomar

A 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) julga, na manhã desta quarta-feira (30), recursos contra a decisão de levar a júri popular 33 policiais acusados de participação na "Chacina da Grande Messejana". O crime deixou 11 pessoas mortas, além de seis feridas, em quatro bairros da capital, durante a madrugada do dia 12 de novembro de 2015. Na manhã desta quarta, cerca de 32 familiares acompanham na calçada a decisão da Justiça. Familiares exibem cartazes com os dizeres: "As mães do Curió clamam por Justiça" e "Transformei meu luto em luta". 

44 policiais militares foram acusados de participação dos crimes da Chacina de Messejana. Destes, a Justiça entendeu que 11 não deveriam ir a juri popular. Os outros 33 agentes foram pronunciados e entraram com recursos. Os policiais são acusados de homicídio duplamente qualificado e tentativa de torturas físicas e psicológicas.

 >Grande Messejana registra 11 homicídios na mesma noite

A relatoria do caso está a cargo da desembargadora Marlúcia de Araújo Bezerra. Os outros dois desembargadores que irão participar do julgamento são José Tarcísio Souza da Silva e Francisco Lincoln Araújo e Silva.

O advogado de defesa dos policiais acusados, Valmir Medeiros, lamenta a morte das onze pessoas, porém sustenta que não existem provas suficientes para encriminar os 33 policiais. 

"Nós ficamos muito triste com isso. É uma coisa que nos consterna muito, já que foram onze pessoas sem passagens na polícia ou seja uma coisa muito triste. Por outro lado, na parte técnica do direito, a defesa alega que não há provas para condenar ninguém. Não houve nenhuma conduta individualizada. Ou seja, não se diz quem fez o quê e em que momento e de que forma. Não se diz se os 33 que estão aqui, que nós estamos recorrendo hoje, se eles atiraram ao mesmo tempo nos 11, o que seria impossível, porque eles estavam em locais diferentes, morreram em locais diferentes do bairro. Não se diz quem estava onde. Não se associa um policial a uma morte. Ou vários policiais a uma morte", alega.

Já Cristiana Faustino, membro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, pede Justiça para que casos como o que aconteceu na Grande Messejana não se repitam em outras áreas pobres da Região Metropolitana de Fortaleza.

"Nós consideramos fundamental a garantia da Justiça, porque foi uma violência muito grande que atingiu essas famílias. Estamos juntos aqui com organizações públicas que a Justiça seja feita. Que situações como essa não se repitam em comunidades pobres da periferia", destacou.

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