Analistas reduzem prognóstico de crescimento para o México em 2019

Ameaça americana de sobretaxar importações piora previsões econômicas

Escrito por AFP ,
Legenda: Governo de Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, tenta driblar as sobretaxas americanas para evitar impacto negativo na economia
Foto: AFP

Os analistas privados consultados mensalmente pelo Banco Central do México reduziram sua previsão de crescimento econômico para o país em 2019, em meio à ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas às importações mexicanas

Os 39 grupos de análise que o Banco Central consultou agora esperam que a segunda economia latino-americana cresça 1,35% em 2019, uma queda em relação aos 1,5% estimados em abril, segundo dados divulgados segunda-feira pela instituição. 

A pesquisa foi realizada entre os dias 23 e 30 de maio, dia em que Trump ameaçou impor tarifas sobre os produtos mexicanos a partir de 10 de junho, caso os fluxos migratórios para os Estados Unidos não sejam interrompidos. 

Os analistas começaram a levar em consideração o possível impacto na economia mexicana da entrada em vigor dessas tarifas.

Ataques

Donald Trump intensificou seus ataques ao México pela imigração no domingo (2), e seu chefe de gabinete, Mick Mulvaney, garantiu que o presidente dos Estados Unidos está falando "absolutamente e sério" sobre impor tarifas às importações do seu vizinho do sul.

Apesar da investida de Washington, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), disse que quer preservar a amizade com os Estados Unidos.

"O presidente do México quer continuar sendo amigo do presidente Donald Trump, mas sobretudo os mexicanos são amigos do povo americano", disse AMLO em discurso em seu país.

"Juremos que nada, nem ninguém separe a nossa bonita e sagrada amizade", acrescentou.

Horas antes, Trump havia se referido ao México como abusador.

"As pessoas disseram durante anos que deveríamos falar com o México. O problema é que o México é um 'abusador' dos Estados Unidos, que tira, mas nunca dá", tuitou Trump no domingo. 

A ameaça surpreendente de Trump na semana passada de impor tarifas progressivas a todas as importações do México, começando com 5% em 10 de junho e chegando a 25% em outubro, desconcertou os republicanos no Congresso e abalou os mercados mundiais, já temerosos pela guerra comercial entre Washington e Pequim.

Mas Mulvaney, chefe de gabinete da Casa Branca, disse que Trump fala "absolutamente a sério" sobre as tarifas. "Espero totalmente que essas tarifas entrem pelo menos em nível de 5% em 10 de junho", declarou ao programa "Fox News Sunday". 

O jornal The New York Times informou que a medida, impulsionada pelos adeptos de uma linha dura contra a imigração, foi rejeitada pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, representante comercial, Robert Lighthizer, e pelo genro de Trump, Jared Kushner, intermediário crucial da Casa Branca com o México. 

Os ataques americanos também ocorreram apesar dos esforços de conciliação do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, que disse no sábado que autoridades do governo dos EUA estão dispostas a "chegar a acordos e compromissos". 

Mulvaney disse que Kushner e o secretário de Estado Mike Pompeo se encontrarão com representantes do governo Lopez Obrador em Washington esta semana, assim como Lighthizer, para explicar o que os mexicanos poderiam fazer para evitar tarifas.

"O México está enviando uma grande delegação para falar sobre a fronteira. O problema é que eles estão 'conversando' há 25 anos. Queremos ação, palavras", escreveu Trump em um novo tuíte neste domingo. 

"Eles poderiam resolver a crise das fronteiras em um dia, se quiserem, caso contrário, nossas empresas e empregos estão voltando para os Estados Unidos", insistiu.