Polo metalmecânico e pedras ornamentais na mira do Estado

Segunda fase da Zona de Processamento de Exportação deve abrigar indústrias de mármores e granitos

Escrito por Redação ,
Legenda: De acordo com Balhmann, diversas empresas do setor calçadista, que estão espalhadas pelo Interior do Estado, devem começara migrar para a ZPE em busca de benefícios fiscais
Foto: FOTO: BRUNO GOMES

Além de abrigar o maior empreendimento privado já realizado no Estado, a CSP, cujo investimento é da ordem de US$ 5,5 bilhões, o desenvolvimento da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) Ceará irá definir o perfil das exportações cearenses nas próximas décadas. Se a siderúrgica deve servir de âncora para a formação de um polo metalmacânico no Estado, a segunda fase da ZPE, com 2 mil hectares de área, deve receber já no próximo ano indústrias exportadoras do setor de mármores e de granitos.

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Segundo o assessor de Assuntos Internacionais do Governo do Estado do Ceará, Antônio Balhmann, o setor de pedras ornamentais, que hoje exporta cerca de US$ 20 milhões por ano, deve ultrapassar a marca dos US$ 200 milhões nos próximos 10 anos, conforme mais empresas se instalem na ZPE.

"Esse é um processo que já começou", reforça Balhmann. "E nos próximos 10 anos, teremos empresas de diversos setores industriais dentro da ZPE", diz o assessor do governo.

Uma das indústrias do setor de pedras ornamentais já teve o financiamento levado ao Banco do Brasil para um projeto avaliado em R$ 50 milhões.

Até agora, 20 indústrias já reservaram área, das quais quatro estão com projetos adiantados, segundo o assessor do Governo. A estimativa é de que os empreendimentos somem R$ 600 milhões de investimento.

Outros setores

De acordo com Balhmann, mesmo o setor calçadista, que hoje conta com unidades espalhadas pelo Interior do Estado, deve começar a migrar para a ZPE em busca de benefícios tributários. "Esse é um setor que foi embora do Brasil e, em função da questão cambial, acabaram indo para ZPEs de outros países como a Nicarágua, Honduras e China. E a gente quer que essas empresas voltem para cá. Queremos ter US$ 1 bilhão exportado, e com a ZPE Ceará o Brasil pode recuperar essas empresas".

Outro setor que continua nos planos do Governo é de instalar uma refinaria na ZPE, o que, segundo Balhmann, desenvolveria o setor petroquímico.

"Uma planta de refino petroquímico teria mais ou menos o mesmo impacto que tem hoje a CSP nas exportações cearenses", diz o assessor do Governo. "Com ela, seriam incorporadas empresas de produtos petroquímicos, diversificando ainda mais as exportações", afirma.

Siderúrgica

Responsável por cerca de 35% de toda movimentação do Porto do Pecém esperada para este ano (14 milhões de toneladas), a CSP estima exportar cerca de 2,7 milhões de toneladas de placas de aço e importar aproximadamente 2,2 milhões de toneladas de carvão de coqueria.

Atualmente, a capacidade instalada da siderúrgica é de até 3 milhões de toneladas de placas de aço por ano, considerando apenas a primeira fase do projeto. Segundo a companhia, ainda não há previsão de expansão da produção. Com a operação apenas da CSP, a participação do Ceará nas exportações brasileiras deverá ter crescimento nos próximos anos.

"Quando tivermos um polo metalmecânico funcionando, com metalúrgicas, indústria automobilística e de eletrodomésticos, a pauta de exportação do Ceará começará a ter uma fisionomia diferente, e esse será um grande avanço", diz o economista Ricardo Eleutério.

Além da CSP, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) já conta com a Siderúrgica Latino-Americana (Silat), que fica fora da zona alfandegada da ZPE Ceará. "Por conta da CSP, já temos a Silat, mas num futuro próximo teremos uma laminadora e outras empresas que irão agregar mais valor às chapas de aço produzidas pela CSP", diz Balhmann.

Países

Hoje, o principais destinos das exportações cearenses são os Estados Unidos, com 25,04% de participação, México (15,85%), Turquia (6,30%), Argentina (6,09%) e Itália (5,14%). Embora continue sendo o principal destino dos produtos cearenses, os Estados Unidos, vem perdendo participação. Em 2000, o País era responsável por 49% das exportações cearenses. Por outro lado, as importações cearenses de janeiro a julho deste ano vieram, principalmente da China (16,91%), Estados Unidos (11,46%), Colômbia (10,69%), Austrália (9,86%) e Argentina (8,26%). Em 2000, a China estava na 10ª entre os países exportadores para o Ceará.

"Hoje, o Ceará tem uma participação ainda muito pequena no País, girando sempre entre 0,5% e 1%. Além disso, a participação do Brasil no comércio mundial também é muito pequena, girando em torno de 1%. Então ainda há muito a avançar", diz Eleutério. 

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