CE quer, no mínimo, R$ 7 bi com concessões

Projeto com todos os ativos do Estado que irão ser ofertados à iniciativa privada será apresentado na Fiec

Escrito por Raone Saraiva - Repórter ,

O primeiro passo do governo estadual na busca pela concessão de dez equipamentos públicos à iniciativa privada será dado hoje, em evento realizado a partir das 11 horas na sede da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), em Fortaleza. Conforme a reportagem do Diário do Nordeste apurou, os ativos estão avaliados em, no mínimo, R$ 7 bilhões, valor que não inclui o Porto do Pecém, empreendimento considerado mais atrativo economicamente para o Estado.

>Estado trabalha com 4 modelos

De acordo com o presidente da Fiec, Beto Studart, cerca de 130 convidados participarão do roadshow (rodada de negócios), entre empresários, políticos, secretários de governo e executivos. "Amanhã (hoje) será um dia surpreendente no sentido positivo. As concessões são um fato muito relevante para transformar o Ceará em um ambiente de prosperidade. Isso representa riqueza, com geração de mais emprego e renda para o nosso povo", afirma.

O presidente adianta que o evento terá duração de duas horas, aproximadamente, e será seguido de um almoço. Com foco principal nos quase 90 empresários e possíveis investidores, o governador Camilo Santana apresentará aos convidados o estudo técnico contendo as principais informações sobre os equipamentos que integram o pacote de concessões do Estado.

Intitulado "Capturando o Pleno Potencial dos Ativos de Infraestrutura do Ceará", o estudo foi feito pela consultoria McKinsey & Company e apresentado ao governo em maio deste ano. Entre os equipamentos, apenas o Acquario Ceará e o Centro de Formação Olímpica são considerados possivelmente não viáveis economicamente. A Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) é possivelmente atrativo, caso o Estado realize os investimentos.

A Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa) só é viável se houver otimização de custos e revisão das tarifas. Os demais ativos (Porto do Pecém, Cinturão Digital, Centro de Eventos, CE-040, placas solares e terrenos) são considerados viáveis. Os modelos de negócio sugeridos para o Porto do Pecém, por exemplo, são a privatização ou a autorização de uso, a fim de transformar o terminal no principal ponto para o escoamento de cargas do Nordeste.

"A Fiec é uma divulgadora deste grande trabalho que está sendo realizado pelo Governo do Estado. Cada empresário tem sua aptidão para diferentes negócios, mas nossa intenção é que eles possam se habilitar para investir no Ceará a partir do pacote de concessões. A ideia é que o empresariado local possa fazer consórcios no sentido de atrair para o Estado mais empresários e, consequentemente, um maior número de empresas", acrescenta Beto Studart.

Esforços comerciais

Segundo o estudo da McKinsey & Company, os diferentes ativos do Estado demandam esforços comerciais diferentes. Além de serem apresentados em roadshows nacionais, os únicos que deverão ser divulgados fora do Brasil são: Porto do Pecém, Acquario, Metrofor e os terrenos.

Com exceção do Cinturão Digital e das placas solares, todos os outros empreendimentos deverão ser discutidos em visitas a campo e seminários.

Como já foi anunciado pelo governador Camilo Santana, a expectativa é que o primeiro roadshow nacional ocorra na cidade de São Paulo, no próximo mês de setembro. A data, porém, ainda não foi definida. A previsão é que a rodada de negócios internacional aconteça em Nova York, nos Estados Unidos.

Principais ações

No estudo, a consultoria apresenta um modelo de como o governo estadual deve se preparar para os roadshows em duas etapas. Na primeira, entre as principais ações, está uma reunião preparatória com empresários do mercado a fim de discutir os ativos e entender como o mercado percebe os equipamentos cearenses.

Na segunda, a McKinsey & Company destaca a importância de parcerias do governo cearense com associações, câmaras de comércio, consulados e embaixadas para auxílio em logística, contato com potenciais investidores, programação e execução do evento. A consultoria também orienta que a agenda dos eventos leve em consideração os seguintes aspectos: momento de socialização; apresentação dos ativos; painel para perguntas; e reuniões individuais com potenciais investidores.

OPINIÃO DO ESPECIALISTA

Processo precisa ter regulação e ganhos sociais

Alcântara Macêdo

Economista

Uma maneira inteligente que a gente tem para fazer investimentos no Estado é exatamente procurando parceiros, e o nosso mercado favorece essa possibilidade. E para criar uma estrutura de PPPs (Parceria Público-Privada) e de concessões é evidente que nós temos que criar um órgão regulador que seja eficiente no controle, pois trata-se de bens públicos, de todos nós. É preciso ter crescimento de empregos e compromisso social. Eu acho que o Ceará está fazendo uma política muito correta. É importante buscar investidores que entrem realmente no nosso processo de desenvolvimento econômico e social para que a gente consiga manter a melhoria de inclusão social. Não existe política de inclusão social sem investimento. Para se ter investimento, é preciso poupança. Como nós não temos, é preciso fazer parcerias com que tem. O mercado internacional olha o Brasil com muita atratividade. Consertada a parte política, nós passamos a ter um mercado atrativo.

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