Febre Oropouche: Brasil tem primeiro óbito fetal pela doença, diz Ministério

Caso foi registrado em gestante de Pernambuco que estava na 30ª semana de gestação

Escrito por Redação ,
Legenda: A Febre Oropouche é transmitida principalmente por mosquitos. O Ministério da Saúde informa que oito casos de transmissão vertical de Oropouche estão em investigação
Foto: Shutterstock

O Ministério da Saúde confirmou, na sexta-feira (2), o primeiro caso de óbito fetal causado por transmissão vertical (da mãe para o bebê) da Febre do Oropouche (FO). De acordo com a pasta, a morte foi registrada em Pernambuco.

A gestante tinha 28 anos de idade e estava na 30ª semana de gestação. A confirmação considerou, entre outras informações, resultados que descartaram outras hipóteses de diagnóstico e resultados positivos em exames RT-PCR e imunohistoquímico.

Continuam em investigação oito casos de transmissão vertical de Oropouche. São quatro casos em Pernambuco, um na Bahia e três no Acre. Quatro casos evoluíram para óbito fetal e quatro casos apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia. As análises estão sendo feitas pelas secretarias estaduais de saúde e especialistas, com o acompanhamento do Ministério da Saúde, para concluir se há relação entre Oropouche e casos de malformação ou abortamento.

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O Ministério da Saúde informou que será enviada aos estados e municípios uma nota técnica com orientações para a metodologia de análise laboratorial, vigilância e a assistência em saúde sobre condutas recomendadas para gestantes e recém-nascidos com sintomas compatíveis com Oropouche.

O Ministério da Saúde vem monitorando a situação do Oropouche no Brasil em tempo real, por meio da Sala Nacional de Arboviroses. Será publicado, nos próximos dias, o Plano Nacional de Enfrentamento às Arboviroses, incluindo dengue, Zika, chikungunya, Oropouche.

Na última semana, o Brasil também registrou duas mortes pela doença. As vítimas são duas mulheres, que morreram na Bahia, entre maio e junho deste ano. 

O QUE É A FEBRE OROPOUCHE?

O vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) provoca a doença. A transmissão é feita principalmente por mosquitos, sendo o Culicoides paraenses, comumente chamado de ‘maruim’ ou ‘mosquito-pólvora’, o principal vetor, tanto no ciclo selvagem quanto no urbano. 

Em geral, o inseto é pequeno e voa em zigue-zague. Depois de picar uma pessoa ou animal infectado, o OROV permanece no sangue do inseto por alguns dias. Quando o transmissor pica outra pessoa saudável, pode infectá-la.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o vírus foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir da amostra de sangue de uma bicho-preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente em regiões silvestres

SINTOMAS DA FEBRE OROPOUCHE

Conforme o MS, os sintomas da febre oropouche são parecidos com os da dengue e da chikungunya. Os sinais incluem:

  • febre;
  • dor de cabeça; 
  • dor muscular;
  • dor nas articulações;
  • náusea;
  • diarreia.

COMO IDENTIFICAR

Por ter os sintomas similares a outras arboviroses, a diferenciação clínica torna-se difícil. Por isso, o exame laboratorial é recomendado, principalmente por conta que a febre oropouche não tem um sintoma característico que se expresse com mais intensidade, como as manchas vermelhas nos casos de zika ou as dores articulares nos diagnósticos de chikungunya.

O diagnóstico, elucida a Secretaria da Saúde do Ceará, é clínico, epidemiológico e laboratorial. Portanto, são vários elementos que fazem com que os profissionais da saúde possam identificar a doença. 

De acordo com o MS, todo caso de infecção pelo OROV deve ser notificado. A febre do oropouche compõe a lista de doenças de notificação compulsória e imediata, em função do potencial epidêmico e da alta capacidade de mutação, podendo se tornar uma ameaça à saúde pública.

TRATAMENTO

O Ministério da Saúde aponta que não existe tratamento específico para a doença. A recomendação é que os pacientes permaneçam em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico. 

Mesmo sem um medicamento próprio, o tratamento passa pelo monitoramento e a reposição de líquidos, como nos casos de dengue. A Sesa orienta ainda que, em caso de sintomas suspeitos, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde imediatamente. É recomendado também que informe sobre sua exposição potencial à doença.

COMO SE PREVENIR DA FEBRE OROPOUCHE

É importante evitar áreas onde há muitos mosquitos, principalmente em locais silvestres. Conforme o Ministério da Saúde, outros cuidados importantes são:

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