Ucrânia registra bombardeio em aeroporto e mais corpos encontrados
Foram cerca de 60 ataques russos, neste domingo (10), em diferentes regiões do território ucraniano
Neste domingo (10), ocorreram, pelo menos, 60 ataques de artilharia russos em diversas regiões da Ucrânia. Um dos locais atingidos foi o aeroporto da cidade de Dnipro, que teria sido completamente destruído. As informações são do governo regional.
Além disso, também foi informado o número de corpos encontrados na região da capital ucraniana, Kiev: pelo menos, 1,2 mil corpos.
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Seis semanas após o início da invasão russa, Moscou se concentra agora no leste e no sudeste da Ucrânia. Um dos alvos dos ataques deste domingo foi o aeroporto de Dnipro.
"Não sobrou nada. O próprio aeroporto e a infraestrutura próxima foram destruídos. E os mísseis ainda estão voando", escreveu, no Telegram, o governador regional, Valentin Reznichenko, indicando que ainda se está calculando o número de vítimas.
O aeroporto de Dnipro já tinha sido alvo de um bombardeio russo em 15 de março, após o qual a pista ficou destruída e o terminal, danificado.
Aeroporto destruído
A concentração de ataques no leste ucraniano ocorre porque as tropas russas buscam criar uma ligação terrestre entre a península da Crimeia — anexada pela Rússia em 2014 — e os territórios separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk, no Donbass.
O prefeito da cidade de Lysychansk, no leste ucraniano, Oleksandr Zaika, pediu no sábado (9) que os moradores deixem a cidade.
"Tornou-se muito difícil (permanecer) na cidade, os projéteis já estão rasgando o céu", declarou Zaika por vídeo. Embora a cidade disponha de ajuda humanitária, "isso não significa que poderá salvar sua vida se chegar um projétil inimigo", acrescentou.
A menos duas pessoas morreram em um bombardeio na cidade de Kharkhiv, informou neste domingo o governador Oleg Sinegubov pelo Facebook, reportando que em 24 horas houve 66 bombardeios.
"O exército russo continua em uma guerra contra os civis na falta de vitórias no front", afirmou.
Investigações em Kiev
Também neste domingo, a procuradora-geral da Ucrância, Irina Venediktova, informou que foram encontrados 1.222 cadáveres na região em torno da capital, Kiev, que esteve parcialmente ocupada pelas forças russas durante várias semanas.
Ela disse ainda que existe 5,6 mil investigações abertas sobre supostos crimes de guerra desde o início da invasão russa à Ucrânia, em 24 de fevereiro. A funcionária não explicou neste domingo se os corpos encontrados eram exclusivamente de civis.
Há uma semana, Venediktova informou terem sido encontrados 410 civis mortos nas regiões libertadas nos arredores de Kiev. A procuradora destacou na ocasião que sem dúvida havia mais corpos que ainda não tinham sido encontrados e examinados.
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A cidade de Bucha, a noroeste de Kiev, se tornou um símbolo dos horrores da guerra na Ucrânia, com cerca de 300 pessoas enterradas em valas comuns, segundo um balanço anunciado pelas autoridades em 2 de abril.
Refugiados
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) informou, neste domingo, que cerca de 4,5 milhões de pessoas deixaram a Ucrânia desde a invasão russa, em 24 de fevereiro. Apenas em abril, cerca de 477 mil ucranianos já saíram do país. Foram 3,3 milhões em março e 653 mil em fevereiro.
Do total de refugiados da guerra, aproximadamente 2,5 milhões partiram, inicialmente, em direção à Polônia. A Romênia é o segundo destino mais procurado pelos ucranianos, com cerca de 686 mil. O Acnur, porém, acredita que "um grande número de pessoas" se deslocou do país que as recebeu primeiro, pois há poucos controles de fronteira dentro da União Europeia.
Centenas destes refugiados chegaram a Tijuana, no México, para cruzar a fronteira com os Estados Unidos, animados pelo recente anúncio de Washington de que receberá até 100 mil refugiados ucranianos.
A operação começa no Aeroporto Internacional de Tijuana. Quando as portas do desembarque se abrem, o primeiro que os passageiros veem é uma bandeira da Ucrânia, junto de cartazes em cirílico: "Bem-vindos" e "Ajuda", indicando um pequeno escritório, onde voluntários anotam os dados dos recém-chegados em uma lista virtual para seguir para a fronteira.
Suspeita de roubo de substâncias
As forças russas que ocuparam Chernobyl roubaram substâncias radioativas dos laboratórios que poderiam ser letais, informou neste domingo a agência estatal de gestão da zona de exclusão que rodeia a antiga usina nuclear.
As forças russas ocuparam a central de Chernobyl no primeiro dia da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, e permaneceram mais de um mês nesta zona altamente radioativa, antes de se retirarem em 31 de março.
A agência informou no Facebook que os soldados russos saquearam dois laboratórios na região. Segundo as autoridades, eles entraram em uma zona de armazenamento e roubaram 133 substâncias altamente radioativas.
"Inclusive uma pequena parte desta atividade é mortal, se manipulada de forma pouco profissional", acrescentou a agência.
Pedido de trégua
O papa Francisco pediu, neste domingo, uma "trégua de Páscoa" na Ucrânia "para alcançar a paz através de negociações verdadeiras".
"Deponham as armas! Que se inicie uma trégua de Páscoa, mas não para voltar a carregar as armas e retomar o combate. Não! Uma trégua para alcançar a paz através de negociações verdadeiras", declarou o pontífice, após ter celebrado a missa do domingo de Ramos na praça de São Pedro.
"Que vitória será essa que colocará uma bandeira sobre um monte de escombros?", questionou-se o papa sobre esta "guerra que a cada dia nos põe diante dos olhos massacres ferozes e crueldades atrozes, cometidas contra civis indefesos".
Manifestações
A comunidade russa na Alemanha organizou, neste fim de semana, várias manifestações para denunciar que seus membros sofrem discriminação desde que começou a guerra na Ucrânia. No domingo (10), cerca de 800 pessoas que portavam bandeiras tricolores russas se juntaram no centro de Frankfurt sob o lema "contra o ódio e a intimidação".
Os organizadores da manifestação pró-russa tentavam chegar ao principal cemitério da cidade para depositar flores nos túmulos dos soldados soviéticos mortos durante a Segunda Guerra Mundial. "Vim porque sou a favor da paz, crianças são agredidas na escola porque falam russo, não é aceitável", disse Ozan Yilmaz, de 24 anos.
Os manifestantes organizaram um comboio de veículos sob a estreita vigilância da polícia e quase 3.500 pessoas se reuniram em uma contra-manifestação de apoio à Ucrânia, informaram as forças de segurança.
As autoridades alemãs temem que aconteçam conflitos entre russos e ucranianos em seu território. Na Alemanha, há quase 1,2 milhão de pessoas originárias da Rússia e uma colônia de 325.000 ucranianos, aos quais se soma a recente chegada de cerca de 316.000 refugiados da guerra.
Desde que a invasão russa na Ucrânia começou em 24 de fevereiro, a polícia registrou mais de 383 denúncias de delitos anti-russos e 181 infrações anti-ucranianas.