Sexta-Feira 13: qual o significado da data e de onde surgiram as superstições?

A origem das crenças sobre a data é encontrada difundida em diversas culturas ao redor do mundo

Escrito por Carol Melo , carolina.melo@svm.com.br
Sexta feira 13
Legenda: A crendice de que a data traz infortúnio não é universal. Por exemplo, na Grécia são as terças-feiras 13 que são associadas com superstições
Foto: Shutterstock

O mês de agosto começou em um domingo, o que, necessariamente, significa que na segunda semana do mês há uma sexta-feira 13, como a de hoje. A associação do dia da semana com o número é motivo de superstições para muitas pessoas.

No cinema norte-americano, por exemplo, é comum que produções de terror alimentam o horror relacionado ao tema.

No entanto, a crença de que a data traz infortúnio não é universal. Por exemplo, na Grécia são as terças-feiras 13 que são associadas com superstições. Já na Itália, as sextas-feiras 17 que assustam.

De onde surgiram as superstições?

A origem das crenças sobre a sextas-feiras infelizes é encontrada difundida em diversas culturas ao redor do mundo. As mais famosas são as bíblicas, em especial a de que Jesus foi crucificado e morto neste dia da semana. 

Mas, além da morte do filho do Deus cristão, o dia também é relacionado a outros eventos importantes do cristianismo, como: o dia que Adão e Eva comeram o fruto proibido da Árvore do Conhecimento; quando Caim matou o irmão Abel; dia em que o Templo de Salomão foi derrubado; data em que a arca de Noé zarpou no Grande Dilúvio.

Jesus crucificado
Legenda: Segundo a Bíblia Sagrada, Cristo foi morte e crucificado em uma sexta-feira
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Já a dezena 13 aparece no dia da Última Ceia, na Quinta-feira Santa, quando Judas é o 13º convidado a chegar na ocasião. Ele é apontado como o apóstolo que traiu Jesus e o condenou a morte. No tarô, a décima terceira carta do baralho é a representação da morte.  

Mas além da literatura cristã, a mitologia nórdica associa o número 13 a algo amaldiçoado. No livro "Extraordinary Origins of Everyday Things", Charles Panati narra o dia que Loki, deus da travessura, quebra o portão de um banquete em Valhalla, elevando o número de deuses presentes para 13. Enganado pela entidade, o deus cego Hodr atira e mata o irmão Balder, o deus da luz, alegria e bondade.

Da Escandinávia, a crendice com o número se espalhou por toda a Europa, explica Panati, e tornou-se bem difundida ao longo do Mediterrâneo no início da era cristã.

No entanto, conforme Steve Roud relata em  "Guia dos Pinguins para as Superstições da Grã-Bretanha e da Irlanda", a sexta-feira 13 tornou-se sinônimo de má sorte na Era Vitoriana. 

Durante 1907, a publicação de um romance popular intitulado "Friday, the Thirteenth" — "Sexta-feira, o 13", em tradução livre —, de Thomas W. Lawson, trouxe a tona a estória de um corretor que aproveitou as superstições em torno da data para deliberadamente quebrar o mercado de ações.

Já no século XX, em 1980, a franquia de sucesso protagonizada pelo serial killer Jason Voorhees traz a "Sexta-feira 13", título da saga, como dia em que o assassino ataca. 

O romance "Código Da Vinci" também contribuiu ao popularizar o fato incorreto de que os membros dos Cavaleiros Templários tenha sido presos em uma sexta-feira, em 13 de outubro de 1307. 

Jason Voorhees
Legenda: O matador Jason Voorhees apareceu pela primeira no longa-metragem "Sexta-feira 13", lançado em 1980
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Sorte ou azar? 

Nem sempre o dia da semana foi associada às crenças negativas. Na história pagã, a deusa do amor nórdica Frigga deu proteção a lares e famílias, além de manter a ordem social e tecer o destino. O nome dela é associado ao termo em inglês para "friday", traduzido para sexta-feira. 

Além de Frigga, a Europa também adorava a deusa do amor, da fertilidade, da guerra e da magia, Freya. Para nórdicos e teutônicos, o dia era considerado dia de sorte para casamentos. 

Já o algarismo 13 era associado ao número de ciclos lunares e menstruais que ocorrem em um ano civil feminino. A fertilidade era valorizada nos tempos pagãos. 

Com ascensão do cristianismo durante a Idade Média, as cresças difundidas pelo paganismo entraram em conflito com a nova fé. A celebração das sexta-feira e associação do número 13 com entidades que invocam o amor, o sexo, a fertilidade e a magia foram considerados pelos cristãos como profanas.

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