'EUA continuam comprometidos a impedir a escalada de conflitos', diz Pompeo

Na manhã desta sexta-feira (3), um aeroporto em Bagdá, capital do Iraque, foi bombardeado pelos Estados Unidos a mando de Donald Trump

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: Mike Pompeo, o secretário de Estado americano
Foto: AFP

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou que os Estados Unidos continuam comprometidos com impedir a escala de conflitos. A declaração, feita no Twitter, vem após Washington ter realizado um ataque no Iraque que resultou na morte do general Qassem Soleimani, comandante das Forças Quds, uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã.

Pompeo afirmou ter conversado com o chinês Yang Jiechi, membro do Politburo, comitê executivo do Partido Comunista, sobre a decisão do presidente Donald Trump de lançar o ataque, e afirmou ter reiterado o comprometimento de Washington com evitar a escala das tensões. Mais cedo, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, afirmou que o país está "altamente preocupado" com a ação dos EUA.

O secretário de Estado americano também acrescentou ter falado com o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab. "Sou grato por nossos aliados reconhecerem as ameaças agressivas contínuas colocadas pela Força Iraniana Quds", pontuou.

Trump

O presidente americano, Donald Trump, afirmou na manhã desta sexta-feira, 2, no Twitter que o Irã "nunca ganhou uma guerra, mas nunca perdeu uma negociação". Ele não deu mais detalhes. (Com agências internacionais).

Entenda 

Na manhã desta sexta-feira (3), um aeroporto em Bagdá, capital do Iraque, foi bombardeado pelos Estados Unidos a mando de Donald Trump. Entre os oito mortos, estava o general Qassim Soleimani, que liderava há mais de 20 anos a força Quds, braço de elite da Guarda Revolucionária do Irã, e que era considerado pelo governo de seu país "a força mais efetiva no combate a Daesh (Estado Islâmico)".

Além dele, morreram no ataque Abu Mahdi al-Muhandis, chefe da milícia iraquiana Forças de Mobilização Popular (que tem apoio do Irã), e o porta-voz de grupo, Mohammed Ridha Jabri.

Segundo a imprensa internacional, o general iraniano tinha participado de encontros com líderes de milícias iraquianas no aeroporto. A capital do Irã, Teerã, tem aumentado sua influência no vizinho nos últimos anos.

A ofensiva causou reação de líderes políticos, entre eles, países-membro do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), como China, Rússia e França. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, pediu "calma e contenção", principalmente aos Estados Unidos, para evitar "novas escaladas de tensões".

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia, por sua vez, condenou o assassinato como "um passo aventureiro que levaria a tensões crescentes em toda a região". Já a França, por meio da vice-ministra de Relações Exteriores, Amelie de Montchalin, afirmou que "a escalada militar é sempre perigosa" e indicou que o presidente francês, Emmanuel Macron, tenta, nos bastidores, promover a reconciliação entre "todos os atores da região". 

O ministro das relações exteriores do Irã, Javad Zarif, foi além: classificou o ato dos Estados Unidos como "terrorismo internacional" e "extremamente perigoso e tolo", em sua conta no Twitter. O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, e seu presidente, Hassan Rohani, também condenaram o ataque como criminoso e prometeram retaliação.

A Guarda Revolucionária disse que o ato fortaleceu a determinação de vingança. "A breve alegria dos americanos e dos sionistas se transformará em luto", disse o porta-voz Ramezan Sharif na televisão estatal. 

Poucas horas após o ataque, os Estados Unidos recomendaram a seus cidadãos que deixem o Iraque "imediatamente", seja "de avião enquanto é possível", já que o bombardeio aconteceu no aeroporto de Bagdá, seja por via terrestre para outros países da região.