Com ventos de 240 km/h, furacão Laura deixa 4 mortos nos EUA

Fenômeno de categoria 4 toca solo na Luisiana, na região Sul dos Estados Unidos, provoca queda de árvores, blecaute, destruição de residências e infraestrutura, além de inundações. Donald Trump oferece ajuda às vítimas

Escrito por Redação ,
Legenda: James Sonya confere o que sobrou da barbearia do tio, em Lake Charles
Foto: AFP

Pelo menos quatro pessoas morreram, ontem (27), devido à passagem do furacão Laura no Estado da Luisiana, na região Sul dos EUA, à beira do Golfo do México. O fenômeno danificou telhados, destruiu prédios e avançou para o interior. O governador da Luisiana, John Bel Edwards, disse que as vítimas perderam a vida após a queda de árvores.

O furacão, que tocou o solo como categoria 4, obrigou centenas de milhares de pessoas a abandonarem suas casas em Luisiana e Texas, diante do risco de enchentes, fortes ventos e chuvas. Entre ruas e casas inundadas, mais de 700.000 pessoas ficaram sem energia nos dois estados.

Houve ainda um grande incêndio em uma fábrica de produtos químicos perto da cidade de Lake Charles, que lançou fumaça negra no céu.

A maioria das janelas do edifício Capitol One Bank Tower, e Lake Charles, foi destruída pelas rajadas de vento violentas que também arrancaram árvores, postes de energia e sinais de trânsito.

Laura "continua sendo um furacão mortal com ondas costeiras devastadoras, ventos destrutivos e inundações repentinas", disse a Casa Branca em um comunicado, acrescentando que o presidente Donald Trump prometeu enviar os recursos necessários para ajudar as famílias afetadas.

Imagens de satélite revelaram o tamanho imenso do furacão quando atingiu a costa por volta da 1h local (0h de Brasília), perto da cidade de Cameron, próximo da fronteira com o Texas, com ventos sustentados de 240 km/h. Ao meio-dia de ontem, Laura havia se tornado um furacão de categoria 1 enquanto se movia em direção ao Arkansas. O governador do Texas, Greg Abbott, chegou a afirmar que Laura teria uma intensidade sem precedentes e pediu às pessoas que se isolassem para evitar contágios.

O coronavírus afetou a resposta de emergência e as autoridades tentaram garantir que os evacuados higienizassem as mãos, controlassem a temperatura e mantivessem uma distância de dois metros.

A Guarda Nacional mobilizou mais de 1.000 agentes no Texas, com 20 aviões e mais de 15 equipes de socorro.

Temporada

Em Nova Orleans, devastada em 2005 pelo furacão Katrina, de categoria 5, o histórico Bairro Francês estava sem turistas, e sacos de areia foram empilhados diante de portas e janelas. Os edifícios de arquitetura colonial foram protegidos com chapas de madeira.

Laura passou na segunda-feira como tempestade tropical por Cuba, onde causou fortes chuvas e alguns danos. No fim de semana, a tempestade provocou 25 mortes no Haiti e República Dominicana.

A temporada de tempestades no Atlântico, que vai até novembro, deve ser uma das mais severas. O NHC prevê até 25 fenômenos, e Laura é o 12º até o momento. Marco, que ganhou a força de um furacão, se dissipou na costa da Luisiana na terça-feira antes de atingir o continente.

Parede de água

Laura é um dos fenômenos climáticos mais poderosos que já atingiram o país. O furacão pode formar uma enorme parede de água com cerca de 65 km de extensão e altura equivalente a um prédio de dois andares. As ondas decorrentes do fenômeno podem avançar até 50 km continente adentro, e o nível das águas pode subir entre 4,5 e 6 metros acima do normal.

Segundo o físico Evandro Moimaz Anselmo, doutor em meteorologia pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, os furacões tendem a perder força quando chegam ao continente porque a sua principal fonte de energia é a água dos oceanos. Em terra firme -mais fria e seca-, eles perdem essa fonte e se dissipam gradualmente. "Durante este processo de dissipação do Laura no continente, as chuvas intensas deverão causar danos, sobretudo nos próximos três dias, e ao longo da sua trajetória sobre os estados de Luisiana e Arkansas".