Sobrinho de Marcola, número 1 do PCC, é transferido para presídio do Ceará

Familiares de Marcola foram detidos em abril deste ano, sob acusação de liderarem um esquema criminoso de jogo do bicho e lavagem de dinheiro com apostas, que movimentou mais de R$ 300 milhões no Estado

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
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Legenda: A operação foi deflagrada pela PF, em abril deste ano
Foto: Reprodução

Um membro do Primeiro Comando da Capital (PCC) diretamente ligado ao número 1 da facção agora está no Ceará. Leonardo Alexsander Ribeiro Herbas Camacho, preso em Santa Catarina, durante a Operação Primma Migratio, foi transferido para a unidade de Segurança Máxima do Ceará. 

Leonardo chegou ao Estado nessa terça-feira (18) sob forte aparato policial. Ele é filho de Alejandro Juvenal Herbas Camacho Junior, o 'Marcolinha' e sobrinho de Marco Willians Herbas Camacho, o 'Marcola'.

Familiares de Marcola foram detidos em abril deste ano, sob acusação de liderarem um esquema criminoso de jogo do bicho e lavagem de dinheiro com apostas, que movimentou mais de R$ 300 milhões no Estado. Dois policiais militares também foram detidos por integrarem a quadrilha - entre eles um tenente que atuou na Casa Militar do Ceará e agora está na Reserva Remunerada.

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O sobrinho de 'Marcola', filho de 'Marcolinha' e enteado de Francisca Alves da Silva foi preso no Município de Itajaí, em Santa Catarina. Leonardo é apontado como um operador do esquema criminoso chefiado pela sua madrasta e como proprietário de uma casa de apostas esportivas na internet - utilizada para a lavagem de dinheiro da facção.

Uma fonte ligada às investigações ouvida pela reportagem revelou o perigo de manter "esse tipo de preso no sistema Penitenciário cearense".

JUSTIÇA AUTORIZOU A TRANSFERÊNCIA

O Diário do Nordeste apurou que a Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa do Estado de Santa Catarina solicitou recambiamento de Leonardo.

A Coordenadoria Especial da Administração Prisional do Estado do Ceará informou que não haveria qualquer impedimento para o recambiamento, assim como o Ministério Público do Ceará (MPCE), por meio das Promotorias de Justiça de Combate às Organizações Criminosas, se posicionou a favor do pedido, no último dia 28 de maio.

A defesa do acusado solicitou que fosse procedida a transferência, mas pediu que o homem fosse levado ao Estado de São Paulo, alegando que ele "possui base familiar residente e domiciliada neste estado".

A defesa de Leonardo Alexsander alegou que o deferimento da transferência do acusado para o Ceará é uma ameaça à "integridade física e psicológica" e que ele "estaria correndo sérios riscos" devido ao sobrenome da família 'Herbas Camacho'

No entanto, a Vara de Delitos de Organizações Criminosas do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) destacou que não era um direito do acusado ser recambiado a São Paulo e decidiu pela vinda dele ao Ceará.

"Sendo assim, com o intuito de resguardar melhor garantia para futura instrução processual, bem como por não vislumbrar situações fáticas em que o aludido recambiamento poderá causar qualquer ameaça à integridade física dos custodiado, assim como manifestado pela Coordenadoria Especial da Administração Prisional do Estado do Ceará, ocasião em que fizeram qualquer tipo de oposição, manifesta-se esse colegiado pelo recambiamento do réu Leonardo Alexsander Ribeiro Herbas Camacho para unidade prisional de segurança máxima nesta Unidade da Federação"
Trecho da decisão

DESACATO AOS POLICIAIS PENAIS

Outro membro do PCC, alvo desta mesma operação, também é mantido preso no Ceará.

Menesclau de Araújo Souza Júnior também foi preso nesta operação e está em uma unidade prisional na cidade de Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

No último dia 13 de junho foi aberto um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra Menesclau, devido a uma falta disciplinar supostamente cometida pelo acusado, cinco dias antes.

Ele teria desacatado policiais penais enquanto os agentes distribuíam medicamentos em uma ala do presídio.

Antes da prisão, Menesclau já vinha residindo no Interior do Estado, tendo aberto um restaurante no Ceará para 'lavar dinheiro'.

SOBRE A OPERAÇÃO

A Operação foi deflagrada pelas Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco) do Ceará, São Paulo e Santa Catarina para desarticular um braço da facção paulista no Ceará, que atuava pelo menos desde 2017. A quadrilha também é suspeita de praticar tráfico de drogas e tráfico de armas em território cearense.

20 suspeitos, dentre 22 alvos de mandados de prisão preventiva, foram localizados e capturados. Policiais percorreram endereços situados nos Estados do Ceará, São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul para também 36 mandados de busca e apreensão e o sequestro de 42 veículos atribuídos aos investigados.

Francisca Alves da Silva foi presa em um condomínio de luxo no Arujá, em São Paulo. Ela morou por um tempo na Argentina, motivo pelo qual a Polícia Federal (PF) pediu a inclusão do seu nome na lista da Difusão Vermelha, da Interpol (Polícia Internacional), antes da suspeita ser localizada. A mulher, que é cearense, é esposa de Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o 'Marcolinha', e cunhada de 'Marcola'.

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