Morte de mulher apontada pela Polícia como suicídio será investigada novamente após pedido do MP

A família de Maria José diz estar "muito feliz pelo inquérito não ser arquivado e que "tem fé que todos esses fatos contraditórios no laudo serão resolvidos

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
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Legenda: O MP pediu mais diligências à PCCE
Foto: Reprodução

O suposto suicídio de uma mulher, já encontrada sem vida na cidade de Morada Nova e com sinais de violência no corpo, será novamente investigado pela Polícia Civil do Ceará. O caso foi revelado em reportagem do Diário do Nordeste no último dia 17 de agosto, quando a família de Maria José de Lima passou a desconfiar que a morte teria se tratado de um feminicídio, mediante enforcamento.

Até então, a Polícia havia concluído o inquérito policial e remetido ao Poder Judiciário como um caso de atentado contra a própria vida. Uma possível reviravolta na investigação pode acontecer. Nessa terça-feira (12), o Ministério Público do Ceará (MPCE) se posicionou pela necessidade de realizar novas diligências visando a elucidação dos fatos, requerendo que a autoridade policial apresente resultados de diligências agora requisitadas.

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A 1ª Promotoria de Justiça de Morada Nova pede a oitiva dos peritos que elaboraram o laudo para esclarecerem a real dinâmica do fato e a causa da morte, "haja vista as contradições existentes no referido laudo, notadamente se a morte se deu de forma violenta e se possível esclarecer se essa asfixia por constrição cervical se deu em razão da corda, supostamente utilizada ou se foi por outro meio".

O órgão acusatório também pede oitivas de populares de Morada Nova que teriam ligação com vítima ou suposto agressor, "a fim de que estas prestem esclarecimentos acerca do fato"

Por nota, a Polícia Civil do Ceará confirma que "dará prosseguimento às investigações para esclarecer os fatos" fazendo as novas diligências.

"QUESTÃO DE TEMPO PARA A VERDADE"

A família de Maria José diz estar "muito feliz pelo inquérito não ser arquivado". Uma das parentes da vítima diz que "tem fé que todos esses fatos contraditórios no laudo serão resolvidos. É questão de tempo pra gente poder realmente saber o que aconteceu e a verdade vai vir à tona".

"Queremos tirar a culpa dela, temos certeza que ela não se suicidou. A gente espera que o juiz prossiga com o caso e que o culpado pague pelo que fez. No início, a gente ficou muito decepcionado, mas temos fé que tudo isso será resolvido. Temos fé em Deus e somos gratos por isso"
Família da vítima

"A Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) informa que realizará novas diligências a partir de uma solicitação do Poder Judiciário sobre as circunstâncias da morte de uma mulher, de 53 anos, registrada no dia 20 de julho, no município de Morada Nova - Área Integrada de Segurança 20 (AIS 20) do Estado. À época, um Inquérito Policial (IP) foi concluído e remetido ao Poder Judiciário, sendo solicitado pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) a realização de novas diligências policiais", disse a PCCE.

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Legenda: A empregada teria mexido na cena local do crime
Foto: Arquivo Pessoal

O Ministério Público do Ceará também foi procurado pela reportagem, que tentou falar com o promotor do caso, mas não teve resposta até a edição desta matéria.

HIPÓTESE DO FEMINICÍDIO

Faltavam alguns minutos para o enterro de Maria José de Lima, quando a família da mulher notou hematomas espalhados pelo corpo da vítima. Os machucados nas mãos de Maria, atrelados a fala de uma vizinha, que ouviu discussão entre a vítima e o namorado dela, instantes antes da morte e a informação que o namorado devia, pelo menos, R$ 10 mil a ela, fazem a família acreditar que Maria tenha sido vítima de feminicídio.

Maria José de Lima morreu no dia 21 de julho de 2023, em Morada Nova, Interior do Ceará. Ela foi encontrada pela empregada dentro de casa, em um quarto, já sem sinais vitais.

Três dias após a morte, um laudo da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) apontou que "a vítima teve morte violenta, perpetrada pelo emprego de asfixia mecânica, por enforcamento (autoeliminação), tendo como vítima Maria José de Lima, nas circunstâncias anteriormente mencionadas".

Parentes duvidam do que indica a perícia. Na delegacia, o pedreiro namorado da vítima foi ouvido como testemunha, mas negou manter relacionamento com Maria e disse que nunca sequer entrou na casa dela.

 

 

 

 

 

 

 

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