Monkeypox nos presídios do Ceará: 10 casos suspeitos e três unidades com visitas suspensas

O número de casos suspeitos mais do que triplicou, em menos de uma semana. As celas foram desinfetadas e isoladas, conforme a SAP

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
sap monkeypox
Legenda: Os internos seguem em observação, de acordo com a SAP
Foto: Natinho Rodrigues

Os casos suspeitos de Monkeypox mais do que triplicaram nos presídios do Ceará. Na noite desta segunda-feira (29), a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou ter identificado 10 casos suspeitos da doença, entre presos de três unidades prisionais.

Até a última sexta-feira (26), eram três casos, somente na Unidade Prisional Professor Olavo Oliveira II (UPPOO II). Agora, são cinco registros no UPPOO II, quatro na Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim (UP-Sobreira Amorim) e um caso suspeito na Unidade Prisional Professor Clodoaldo Pinto (UP-Itaitinga2). Todas as unidades estão localizadas no município de Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza.

Para tentar conter o avanço da 'Varíola dos Macacos', a SAP suspendeu visitas de familiares durante 30 dias, nos três equipamentos. Conforme a Pasta, a ideia é "diminuir a aglomeração de pessoas e a proteção dos servidores e internos contra a enfermidade".

"A SAP afirma ainda que está adotando todos os protocolos preventivos e de higiene orientados pelas autoridades sanitárias e governamentais nas unidades prisionais do Estado. Como medida preventiva, as celas com os internos suspeitos são desinfetadas e isoladas por 21 dias"

A Pasta disse ter comunicado a Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde (Sevig) da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), "que procedeu com a coleta de amostras para exame laboratorial, que já está sendo realizada pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen)".

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Os pacientes seguem isolados e aguardam resultados dos exames. De acordo com a Secretaria, nenhum deles apresenta quadro de agravamento clínico.

REPERCUSSÃO DAS MEDIDAS

O inacesso ao prédio do UPPOO II, onde também estão suspensas visitas de advogados, faz com que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Secção Ceará busque adotar um parlatório virtual, para garantir a permanência do acompanhamento dos advogados aos seus clientes.

Já o Sindicato dos Policias Penais do Estado do Ceará (Sindppen-CE) se preocupa com a saúde dos policiais penais, que permanecem dentro do UPPOO II. "Não são só três casos. Precisamos tomar conhecimento sobre a real situação. Os policiais penais estão lá, todos eles têm famílias, transitam. Pedimos que a SAP traga de forma clara o que acontece para trabalharmos a prevenção, o uso das máscaras, o isolamento", diz a presidente do Sindicato, Joélia Oliveira.

O médico infectologista Keny Colares acredita que será um desafio controlar a doença "em um ambiente com aglomeração de pessoas, restrição de liberdade". No entanto, o especialista diz que adotando os devidos cuidados, é possível o controle.

"Vai exigir certos cuidados. Mas nem de perto é uma doença com capacidade de se disseminar como a Covid. Com os cuidados necessários temos condição de fazer um bom controle, porque recentemente passamos por desafios mais complexos", pondera Keny.

 

 

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