Justiça marca júri de homem contratado por policial civil para matar advogada em Fortaleza

O homem foi contratado por uma escrivã da Polícia Civil para executar o crime. A agente de segurança já foi condenada por homicídio qualificado em 2023

Escrito por Matheus Facundo , matheus.facundo@svm.com.br
Foto de homem que matou advogada em Fortaleza
Legenda: O acusado matou a advogada em 2012, dentro do escritório dela, e ficou foragido até 2019, quando foi preso em Manaus (AM)
Foto: Divulgação/Polícia Civil do Estado do Amazonas

Carlos Cley Rebouças Rocha, homem contratado por uma policial civil para matar a advogada Maria Danielle Ximenes em um escritório de advocacia em 2012, vai ser julgado pela Justiça cearense no próximo dia 12 de março, no 1º Salão do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua. De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), o réu responderá por homicídio simples. 

O homem ficou foragido até 2019, quando foi preso em uma ação conjunta das polícias civis do Ceará (PCCE) e do Amazonas (PCAM). Ele foi capturado em Manaus, com uma pistola calibre.380 e uma quantia de R$ 8 mil.

Desde que praticou o crime, Carlos Cley montou uma loja de refrigeração no bairro Cidade Deus, na zona norte da capital manauara.

Carlos ia ser julgado no mesmo dia em que a mandante, mas por problemas técnicos o juiz decidiu desmembrar o processo, adiar o julgamento e fazer um júri individual. O réu, preso em Manaus, não conseguiu acessar o link da transmissão do julgamento.

Defesa alega inocência e prisão com 'falhas' 

A defesa de Carlos Cley alega que ele é inocente e está preso "em uma [prisão] preventiva de um crime cheia de falhas". De acordo com a advogada Rosana Maria Fernandes de Assis Assam, o acusado foi preso "porque a polícia precisava dar resposta a população".

Segundo a advogada, o homem só foi envolvido no caso porque chegou a ser preso na mesma delegacia onde a escrivã condenada trabalhou, antes da morte em questão. Ela diz, ainda, que "a vítima tinha muitos inimigos na cidade, e inclusive existem inúmeros boletins de ocorrência registradas pela vítima de ameaças que a mesma recebia ao longo de sua trajetória na cidade.". 

Carlos, que é natural do Amazonas, está preso no Centro de Detenção Provisória de Manaus II (CDPM II), e participará do julgamento por videoconferência. 

Policial civil condenada 

Regina Lúcia de Amorim Gomes foi condenada a 16 anos de prisão por ordenar a execução da advogada, em júri popular no dia 4 de dezembro de 2023. Os jurados formaram maioria para condená-la por homicídio duplamente qualificado (por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima).

O representante do Ministério Público do Ceará (MPCE) no processo, o promotor de Justiça Marcus Renan Palácio, afirmou que "foi uma decisão justa, juridicamente correta e que, para além disso, contribui para a manutenção da credibilidade da instituição do Tribunal do Júri e, particularmente, do Poder Judiciário cearense".

Representantes da defesa de Regina Lúcia de Amorim Gomes, os advogados Paulo Pimentel e Gilson Alves afirmaram que respeitam "a decisão emanada pelo Primeiro Tribunal do Júri, contudo, não se conformando, mas nunca lamentando, recorreram em plenário da sentença que condenou a acusada a pena de 16 anos de reclusão a ser cumprida inicialmente em regime fechado".

Relembre o crime 

A mandante, a escrivã da PC-CE Regina Lúcia de Amorim, conheceu Cley e o contratou para executar a advogada. De acordo com as investigações, a profissional de segurança achava que Danielle atrapalhava os processos que ela movia contra um homem com quem ela se relacionou. 

Havia várias ações judiciais em que a escrivã pedia bens do ex-companheiro, com quem afirmou ter vivido maritalmente. Ele era representado pela advogada Danielle, nos processos.

Danielle foi surpreendida por Carlos, que invadiu o escritório da vítima, localizado no bairro Cidade dos Funcionários, e fez diversos disparos de arma de fogo contra ela. 

O Ministério Público do Ceará denunciou Regina como mandante do crime e Carlos como o executor. A policial civil chegou a ser presa em novembro de 2012, mas foi solta em abril de 2013 pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), sob a alegação de que ela não representava nenhum risco à ordem pública. A escrivã sempre negou a participação no crime. 

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