Decretadas seis preventivas

Escrito por Redação ,
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Investigações feitas pela força-tarefa da Polícia Civil apontaram envolvimento do bando na morte de empresário

O juiz titular da Quinta Vara do Júri da Capital, Jucid Peixoto do Amaral, decretou, ontem à tarde, a prisão preventiva de seis pessoas acusadas de integrar o grupo de extermínio que agia em Fortaleza e na Região Metropolitana. A quadrilha havia sido desarticulada pela força-tarefa da Polícia Civil, em conjunto com o Ministério Público Estadual e a Polícia Federal, em novembro do ano passado, durante a operação ´Companhia do Extermínio´.

O empresário do ramo de madeireiras, Firmino Teles de Menezes, encabeça a lista dos acusados. Além dele, tiveram preventiva decretada mais cinco pessoas: o pistoleiro Sílvio Pereira do Vale Silva, o ´Pé-de-Pato´; o cabo PM Pedro Cláudio Duarte Pena; o segurança Rogério do Carmo Abreu; Claudenor Ribeiro Alexandre , o ´Nono´; e o também segurança Paulo César Lima de Sousa, o ‘Paulão’. Todos já estavam presos temporariamente.

Vingança

A decretação da prisão preventiva decorreu das investigações da força-tarefa da Polícia Civil composta pelos delegados Paulo André Maia Cavalcante, Alexandra Medeiros e Fábio Facó Rodrigues. O grupo de extermínio, segundo as autoridades, teria sido o responsável por diversos assassinatos por vingança, queima de arquivo e acerto de contas. Mas, o que determinou a decretação das preventivas foi o assassinato do comerciante Miguel Luiz Neto e a tentativa de assassinato contra Aurélio Ribeiro Portela. Os crimes ocorreram no fim da tarde do dia 27 de abril do ano passado, no cruzamento da Avenida Carneiro de Mendonça com Rua Rio Grande do Sul, no bairro Jóquei Clube (Zona Sul).

Naquele dia, Miguel e seu funcionário trafegavam numa perua que foi atacada por dois homens em uma moto de cor vermelha. O comerciante sofreu vários tiros, tendo morte instantânea, enquanto seu empregado foi baleado, mas sobreviveu ao atentado.

A força-tarefa descobriu nas investigações - com a ajuda de escuta telefônica - que o crime foi praticado pelo pistoleiro Sílvio ´Pé-de-Pato´ juntamente com um comparsa ainda não identificado. Os dois teriam agido a mando de Firmino.

Briga judicial

O motivo do assassinato, conforme as investigações, teria sido uma disputa judicial entre Firmino e Miguel Luiz, por conta de uma sociedade desfeita. Além disso, a Polícia descobriu uma estreita amizade entre Firmino e os componentes do grupo de extermínio. Criminosos teriam atuado como seguranças dele.

FIQUE POR DENTRO

Quadrilha é acusada de praticar 9 assassinatos

A desarticulação do grupo de extermínio aconteceu em novembro do ano passado, quando as investigações revelaram indícios de envolvimento de 21 pessoas, entre elas, dez policiais militares, em, pelo menos, nove homicídios, todos com características de execução sumária.

As vítimas foram: Rogério Candeia da Silva, Miguel Luiz Neto, Francisco Tomé de Sousa, Carlos dos Santos Marques, Gilberto Soares Duarte, Raimundo da Silva Júnior, o ´Júnior da Preta´; Júlio César Diniz, Rômulo Alves da Silva e, ainda, Lenimberg Rocha Clarindo.

Alguns dos crimes ficaram caracterizados como pistolagem, como o caso das mortes dos empresários Miguel Luiz Neto (do ramo de madeireira) e Júlio César Diniz (do setor de aviamentos e confecções).

Outros assassinatos, porém, foram motivados por vingança, entre eles, a execução do adolescente Rômulo Alves e a morte do ex-presidiário Lenimberg. Ambos foram fuzilados depois de presos sob a acusação de terem assaltado e executado um soldado PM.

Já o artesão Rogério Candeia da Silva foi fuzilado quando era levado para o hospital, depois de preso ilegalmente e baleado. Ele era suspeito de ter participado do assalto contra uma dupla de PMs que estava de serviço, no bairro da Aerolândia.

QUEBRA DE SIGILO

Gravações da escuta telefônica revelaram até plano de fuga

Conversas telefônicas gravadas pela Polícia, com a autorização da Justiça, revelaram a estreita ligação do comerciante Firmino Teles de Menezes com os homens acusados de integrar o grupo de assassinos. Firmino, segundo os investigadores, chegou a pagar advogados para defender o pistoleiro ´Sílvio Pé-de-Pato´.

Em um dos diálogos gravados pelas autoridades, o pistoleiro confidencia ao cabo PM Pena que irá ´sair da área´ (irá fugir), pois descobriu que a Justiça havia decretado a sua prisão e a do militar. Noutro telefonema, o cabo PM retoma o assunto e diz a ´Pé-de-Pato´ que ´fique tranqüilo´, pois ´não existe nada contra eles´.

Informações

Ao aprofundar as diligências, a Polícia, então, descobriu que a quadrilha tinha informações privilegiadas de dentro da própria Justiça. Um funcionário do Fórum Clóvis Beviláqua repassava para os acusados toda e qualquer informação que surgia nos processos contra eles. Uma advogada foi ouvida e confirmou que Firmino custeava a defesa do pistoleiro ´Pé-de-Pato´.

Fernando Ribeiro
Editor

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