Crime continua sem autoria

Escrito por Redação ,
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Mais de um ano já se passou e a dúvida persiste. O assassinato de um jovem de 24 anos não tem autor identificado

´O processo não está avançando. Vai da Justiça para a delegacia, volta para a Justiça sem novidades. E ninguém nos dá uma resposta. Alguém matou o meu filho. Eu quero saber quem foi´. As palavras são de Antônio Milton de Sousa, pai do estudante universitário Antônio Neilton Farias de Sousa, morto aos 24 anos, com um tiro na cabeça, em 12 de junho de 2007.

Neilton tinha se encontrado com a namorada e depois pegou a topique 06, que fazia a linha Barra do Ceará -Edson Queiroz, para ir assistir à aula na Faculdade de Administração. Cursava o 4º semestre e trabalhava. No meio do trajeto para a faculdade, a topique foi invadida por assaltantes. Dezoito pessoas estavam ali, entre passageiros, motorista e cobrador. Todos foram feitos reféns pelos bandidos. A Polícia cercou o veículo, que foi crivado de tiros. Um dos disparos atravessou a lataria da topique e acertou em cheio a cabeça do estudante, que morreu, por volta das 20 horas.

Segundo o pai do jovem Neilton, os problemas já começaram no local do crime. ´Não foi feita perícia na topique, no dia seguinte pela manhã ela foi lavada e, com isso, todo o local do crime foi modificado. A bala que matou meu filho não foi encontrada. No local, a Polícia pegou nomes de pessoas que poderiam vir a ser testemunhas, mas não pegou o endereço ou telefone delas. Desta forma, foi impossível localizá-las. Somente três apareceram, espontaneamente´, conta.

Segundo Milton, a delegada Ana Lúcia Almeida, titular do 5º Distrito Policial (Parangaba), mandou o inquérito para a Justiça como um latrocínio. ´Não houve um latrocínio. Os laudos atestam isto. A bala que matou meu filho partiu de uma arma da Polícia. Os ladrões sequer atiraram, confirmaram as testemunhas´, lembra.

Responsável

Para a família, além da dor de conviver com a ausência do único filho homem, há a dúvida. ´Quem matou nosso filho? Alguém tem que ser responsável por isso! Na outra ação desastrosa da Polícia, contra a Hilux em que estavam estrangeiros, todos já foram indiciados, denunciados. E no assassinato do nosso filho, ninguém vai responder?´.

De acordo com Milton, ninguém foi ouvido na Justiça. ´É muito descaso com essa investigação, com a vida do nosso filho que foi perdida. Minha esposa perdeu a saúde completamente. Vive à base de remédios. Isso tem que mudar´.

ABORDAGEM A TAXISTA
Polícia investiga outra ação desastrosa

O delegado Maurício Tindô, titular do 33º DP (Goiabeiras) já iniciou as investigações para apurar o incidente de policiais do Comando Tático Motorizado (Cotam), que atiraram contra um taxista, na noite de segunda-feira (25), durante abordagem na Avenida Leste-Oeste, na Barra do Ceará. O taxista José Luciano de Sena Monteiro, o ´Lula´, 56 anos, será chamado a depor, além dos quatro policiais envolvidos no caso e algumas testemunhas.

Por outro lado, o delegado vai requerer os laudos do Instituto Médico Legal e do Instituto de Criminalística sobre o grau das lesões sofridas pelo taxista e a perícia realizada no veículo, respectivamente.

José Luciano de Sena foi abordado por policiais do Cotam na noite de segunda-feira (25), na Avenida Leste-Oeste, por volta das 19 horas. Ele trafegava no táxi Santana branco, de placas HWJ-7693, com as mesmas características de um carro usado por bandidos em um assalto a uma churrascaria, no Jardim das Oliveiras, com placas HWJ-7963.

Os PMs teriam confundido o veículo do taxista com o usado no assalto. O veículo do taxista foi atingido por quatro tiros.

Além disso, o taxista denuncia que foi agredido violentamente pelos policiais, sem chance de defesa. O delegado Tindô tem 30 dias para concluir o inquérito e encaminhar o documento para apreciação do Poder Judiciário.

´Vamos apurar o caso detidamente e com imparcialidade, analisando os depoimentos e documentos colhidos e possíveis enquadramentos´, prometeu o titular do 33º DP. José Luciano Sena já denunciou na Defensoria Pública a forma como foi abordado pelos PMs. Para ele, o equívoco dos PMs poderia ter custado sua vida.

NATHÁLIA LOBO
Repórter

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