Chacina do Curió: testemunhas de defesa de PMs começam a ser ouvidas no 3º dia de julgamento

Esta é a segunda etapa do julgamento que trata da chacina que vitimou 11 pessoas na Grande Messejana, em 2015

Escrito por Messias Borges e Luana Severo ,
Sessão do júri da segunda etapa do julgamento da Chacina do Curió
Legenda: O júri desta segunda etapa do julgamento foi formado na terça-feira (29)
Foto: Mariane Lopes/ TJCE

O terceiro dia da segunda etapa do julgamento da Chacina do Curió, no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, teve início às 9h30 desta quinta-feira (31), com a escuta de testemunhas de defesa de oito policiais militares acusados de participação na matança que vitimou 11 pessoas na Grande Messejana, em 2015.

A primeira etapa do júri ocorreu há dois meses, e condenou os quatro primeiros réus pela chacina, com penas que somam 1,1 mil anos de prisão.

A primeira testemunha ouvida é um subtenente da Polícia Militar, da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), que, à época da chacina, era operador do Sistema de Rastreamento das viaturas policiais.

Questionada pelos advogados de defesa dos réus, a testemunha informou que a Ciops não conseguia, à época, detalhar o trajeto das viaturas da Polícia Militar, apenas recebia a localização exata do veículo em tempos determinados, como de 15 em 15 minutos. A informação é relevante porque os PMs sentados no banco dos réus, neste julgamento, estavam de serviço na madrugada do massacre.

Este é o segundo julgamento do emblemático caso de matança de jovens e homens na Grande Messejana, orquestrada por PMs. O crime aconteceu entre 11 e 12 de novembro de 2015.

São julgados os policiais:

  1. Francinildo Jose da Silva Nascimento;
  2. Gaudioso Menezes de Mattos Brito Goes;
  3. Gerson Vitoriano Carvalho;
  4. José Haroldo Uchoa Gomes;
  5. Josiel Silveira Gomes;
  6. Ronaldo da Silva Lima;
  7. Thiago Aurélio de Souza Augusto;
  8. Thiago Veríssimo Andrade Batista de Moraes. 

O subtenente, que forneceu informações para a investigação conduzida pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), também relatou que não era possível rastrear as viaturas que não estavam conectadas ao sistema da Ciops.

Durante o depoimento, o militar contou ainda que, em sua contribuição à DAI, apontou que havia uma "probabilidade" de as viaturas terem passado nos locais de crime, como a rua Lucimar de Oliveira, mas não era possível dar certeza.

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'Testemunhas técnicas'

O advogado Carlos Bezerra Neto, que atua na defesa dos PMs, afirma que os defensores optaram "por testemunhas eminentemente técnicas, que vão comprovar que os policiais que estão sentados no banco dos réus hoje não deixaram de cumprir as determinações que vieram de cima, da Ciops".

"Não existe lastro para a condenação desses réus", completou o jurista.

Primeira condenação

Na madrugada do último dia 25 de junho, após seis dias de julgamento, o Tribunal do Júri condenou os primeiros quatro PMs réus pelas mortes da Chacina do Curió. As penas somaram 1,1 mil anos no total. Foram condenados: Wellington Veras; Ideraldo Amâncio; Marcus Vinícius Costa e Antônio Abreu.

Os três primeiros foram levados para o quartel da Polícia Militar no Centro da Capital após o júri. Já Abreu foi preso nos Estados Unidos, somente neste mês de agosto.

Terceiro júri

Uma terceira sessão do julgamento já está agendada para este ano. No próximo dia 12 de setembro, será a vez de julgar todos os oito réus que compõem o processo 3 da Chacina do Curió.

Nesta ocasião, estão previstos 21 depoimentos, sendo seis de vítimas sobreviventes, sete de testemunhas e oito interrogatórios.

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