Candidato a vereador, PM acusado de liderar motim que resultou em tiros em Cid Gomes tem julgamento adiado

O policial militar é candidato a vereador por Sobral. O senador Cid Gomes foi baleado durante o movimento paredista de policiais militares, em fevereiro de 2020

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
cid gomes baleado
Legenda: Cid Gomes foi baleado durante motim dos PMs, em Sobral
Foto: Reprodução

O julgamento de um policial militar da Reserva Remunerada, candidato a vereador por Sobral, que ocorreria na Justiça Estadual na última quarta-feira (21), foi adiado. O PM é acusado pelo crime de revolta, por supostamente liderar o motim de militares em 2020, naquele Município, que resultou no disparo de tiros que feriram o senador Cid Ferreira Gomes (PSB, à época PDT).

O sargento da Reserva Remunerada da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Ailton Marcos Fontenele Vieira está na situação de "concorrendo" ao cargo de vereador por Sobral, segundo o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o nome de Sargento Ailton (União Brasil). Ele já foi vereador pelo Município entre 2016-2020 e suplente de vereador, em 2020-2024.

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, a Vara da Auditoria Militar do Ceará havia marcado uma audiência para ouvir quatro testemunhas, interrogar o réu, as partes apresentarem as alegações finais e realizar o julgamento, a partir de 10h30 da última quarta (21).

Entretanto, a audiência foi adiada. O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) confirmou, por nota, que "a audiência do processo em que figura como réu Ailton Marcos Fontenele Vieira, agendada para a manhã desta quarta-feira (21/08), foi adiada devido ao não comparecimento de uma testemunha de defesa e à não localização de outras três testemunhas também de defesa. O juiz concedeu um prazo de 15 dias para que a defesa apresente os novos endereços das testemunhas não localizadas". Outra data será marcada pelo Poder Judiciário. 

PM pediu adiamento devido à sua candidatura em Sobral

A defesa de Ailton Marcos chegou a pedir o adiamento da audiência, no dia 10 de agosto último, devido à sua candidatura a vereador por Sobral. "O adiamento do interrogatório designado para o dia 21 de agosto de 2024, para data posterior ao término do período eleitoral, garante ao acusado o pleno exercício de seus direitos políticos e a ampla defesa no presente processo", alegou a defesa, na ocasião.

A Justiça Estadual tinha indeferido o pedido da defesa, no dia 13. "Verifico ainda que não foi acostado aos autos qualquer documentocom justificativa razoável para que o ato instrutório seja remarcado. Ademais disso, informo que a escolha de data para a realização de audiência é realizada de acordo com a disponibilidade da pauta deste juízo", explicou o juiz.

A defesa do Sargento Ailton foi procurada, mas informou à reportagem que se manifestará somente depois da instrução do processo.

35
policiais militares foram denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por participação no motim de 2020, no Município de Sobral. A Auditoria Militar recebeu a denúncia contra apenas 6 PMs, inclusive o sargento Ailton Vieira - que virou réu pelo crime militar de revolta.

Veja também

Liderança do motim em Sobral

O sargento Ailton Marcos Fontenele Vieira foi apontado pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) e pelo Ministério Público como líder do motim em Sobral.

Segundo a decisão judicial de receber a denúncia, o quartel do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM), em Sobral, foi invadido por policiais militares encapuzados e à paisana, no dia 18 de fevereiro de 2020. Esposas e companheiras dos oficiais, também mascaradas, teriam sido encarregadas de secar os pneus das viaturas.

No dia seguinte, o senador Cid Gomes se dirigiu até o quartel para tentar negociar o fim do motim, mas não conseguiu entrar no local. Houve uma "discussão calorosa", segundo o juiz, entre o senador e o vereador Ailton. 

"O fato culminou com o senador sendo alvejado por disparos de arma de fogo vindos dos revoltosos, quando conduzindo uma retroescavadeira, o político sob ameaças, determinava que a paralisação acabasse naquele município", descreve a decisão judicial.

Este conteúdo é útil para você?
Assuntos Relacionados