Acusado de matar ex-companheira em Milagres, sobrevivente e testemunhas serão ouvidos na Justiça

Primeira audiência de instrução do processo criminal está marcada para a próxima terça-feira (10)

Escrito por Redação ,
Legenda: Cícera Samires dos Santos Souza foi morta a tiros pelo namorado quando trabalhava como vendedora em uma ótica na cidade de Milagres.
Foto: Arquivo pessoal

A primeira audiência de instrução do feminicídio contra Cícera Samires dos Santos Souza e da tentativa de homicídio contra uma amiga dela, ocorridos no Município de Milagres, acontecerá na próxima terça-feira (10), na Justiça Estadual. O acusado pelos crimes que chocaram a Região do Cariri, Hélio Adelino da Silva, a vítima sobrevivente e testemunhas serão ouvidas pelo juiz, por videoconferência.

A audiência está marcada desde o dia 28 de junho deste ano e as partes já foram intimadas para participar. Hélio deve entrar na sala virtual direto da Cadeia Pública de Juazeiro do Norte, onde está preso. Entre as testemunhas estão familiares de Cícera e policiais que atenderam a ocorrência.

Os crimes aconteceram na manhã de 10 de novembro de 2020. De acordo com a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), Hélio Adelino invadiu uma ótica, localizada na Rua Padre Misael Gomes, no Centro de Milagres, e efetuou "vários disparos a queima roupa" que mataram Cícera Samiris.

Em seguida, o acusado recarregou a arma e se dirigiu a outra loja, de produtos para bebês, para procurar uma amiga de Cícera. "Cadê a outra rapariga? Cadê tu, rapariga? Tu tá onde?", disse ele, segundo o MPCE. A mulher conseguiu se esconder e o homem fugiu. Mesmo assim, o órgão acusatório entendeu que ele cometeu uma tentativa de homicídio.

As polícias Civil e Militar começaram uma busca intensiva pelo suspeito por Milagres e cidades vizinhas, que culminou na sua prisão, na Zona Rural do mesmo Município onde aconteceram os crimes, dois dias depois.

Familiares de Cícera contaram à Polícia que ela e Hélio estavam separadas há cerca de duas semanas. Após voltar de uma viagem, a mulher começou a receber áudios com ameaças de morte do ex-companheiro.

Um dia antes do feminicídio, o acusado foi até a residência da ex-companheira, na sua ausência, e rasgou várias roupas dela com uma faca. O comportamento agressivo do homem fez ela registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.) naquele mesmo dia.

"Nossa versão será a verdade", diz defesa do réu

A defesa de Hélio Adelino da Silva, representada pelo advogado Elias Saraiva, declara, sobre o feminicídio, que "nossa versão será a verdade". Acerca da tentativa de homicídio, alega que "ainda é cedo para sabermos se realmente ele tentou contra vida dessa suposta vítima. As provas testemunhais esclarecerão toda a dinâmica desse suposto crime".

Nossa versão será a verdade. Tanto a defesa quanto o Sr. Hélio Adelino da Silva trabalham para que tudo seja esclarecido, ficando claro a motivação, circunstancias e combatendo os excessos por parte da acusação. A defesa trabalhará de forma técnica para garantir que o processo respeite o ordenamento jurídico e que não haja excesso de punição por fatos inverídicos.
Elias Saraiva
Advogado de defesa

Dez meses após os crimes, Hélio continua preso. A defesa chegou a pedir pela soltura, mas a Justiça Estadual não concedeu. "O que fez a defesa requerer a revogação da prisão preventiva foi a demora do Estado em julgar o caso. Somente 10 meses após a prisão é que acontecerá a primeira audiência de instrução. Para a lei, essa demora torna a prisão ilegal, sendo a mais acertada decisão, revogar a prisão preventiva, para que o acusado responda todo o processo em liberdade", alega Saraiva.

Homem é suspeito de outra tentativa de homicídio

Hélio Adelino é investigado, na Polícia Civil, por outra tentativa de homicídio, que teria ocorrido poucos minutos antes do assassinato de Cícera Samiris. De acordo com o Inquérito Policial, o suspeito parou o veículo em uma via de Milagres, chamou um homem e efetuou ao menos dois tiros contra ele, sendo que um dos disparos atingiu a vítima.

Questionado sobre o caso, o advogado Elias Saraiva afirmou que, como o fato ainda está em fase de investigação, " a defesa vai aguardar a denúncia (do Ministério Público do Ceará) para sabermos qual o crime será imputado ao Sr. Hélio Adelino da Silva".

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