Senado aprova o nome de Augusto Aras para assumir a PGR

Indicado do Palácio do Planalto, o subprocurador-geral fez o corpo a corpo nas últimas semanas conversando com senadores para conseguir apoio

Escrito por Redação ,
Legenda: A nomeação deve ser publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira (26)
Foto: Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para comandar a Procuradoria-Geral da República, Augusto Aras, 60, teve seu nome aprovado, ontem, com folga no plenário do Senado. Na sabatina, realizada horas antes de ir a plenário, Aras mandou recados à Lava Jato ao dizer que a operação tem excessos e que está passível de correções.

Aras teve sua indicação avalizada por 68 votos a 10, em votação secreta. Nas últimas semanas, percorreu gabinetes para costurar apoio não só de senadores da base do governo como também da oposição.

Nascido em Salvador, o subprocurador-geral correu por fora da lista tríplice da categoria para ser indicado por Bolsonaro. Agora, ocupará pelo menos até 2021 a vaga na PGR que nos últimos dois anos esteve a cargo de Raquel Dodge.

O decreto de Bolsonaro com a nomeação de Aras deve ser publicado hoje no Diário Oficial da União. A data da posse será definida entre ele e o presidente - a intenção do Palácio do Planalto é de que a cerimônia seja marcada para a próxima semana.

Antes da votação pelo plenário do Senado, Aras foi submetido a cinco horas de sabatina para ser aprovado inicialmente pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, onde recebeu 23 votos a favor e só 3 contrários.

Criticado por colegas por ter encampado bandeiras de Bolsonaro em meio à disputa pela indicação para a PGR, Aras negou, no Senado, a possibilidade de atuar com submissão, pregou independência entre os Poderes e evitou explicitar alinhamento completo com teses bolsonaristas.

Mudanças

Além de ser chefe do Ministério Público Federal, uma das atribuições de Aras é encaminhar possíveis investigações que envolvam o presidente da República. Questionado pelos senadores, defendeu a Lava Jato como um "marco no combate à corrupção", mas apontou falhas e indicou a defesa por mudanças.

"Sempre apontei os excessos, mas sempre defendi a Lava Jato, porque a Lava Jato não existe per se (de modo isolado). A Lava Jato é o resultado de experiências anteriores, que não foram bem-sucedidas na via judiciária", disse Aras.

Na sabatina, ele citou uma série de operações que antecederam a Lava Jato, como Satiagraha e Castelo de Areia.

"Esse conjunto de experiências gerou um novo modelo. Modelo esse passível de correções, e essas correções eu espero que possamos fazer juntos", afirmou aos senadores (de um total de 81 integrantes) que fez nas últimas semanas.

Ao mencionar problemas da Lava Jato, defendeu que agentes públicos se manifestem apenas nos autos e somente na fase de ação penal. Também indicou a falta de gente mais velha e experiente na operação. "Talvez tenha faltado nesta Lava Jato a cabeça branca para dizer que tem muitas coisas que pode, mas que tem muitas coisas que não podemos fazer", afirmou.

O subprocurador também negou o tempo todo a existência de corporativismo no Ministério Público e a inexistência de punição a seus quadros.

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