Planalto comemora ação da PF contra governador do Rio de Janeiro

Adversário político de Jair Bolsonaro, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que fez buscas e apreendeu o celular e o computador dele. Gestor estadual nega acusações

Escrito por Redação ,
Legenda: Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro, rejeitou, ontem, as suspeitas de irregularidades
Foto: FOTO: AGÊNCIA BRASIL

O cumprimento de mandados de busca e apreensão contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), foi comemorado no Palácio do Planalto. A ação da Polícia Federal, que integra a operação Placebo, investiga supostos desvios de recursos públicos para hospitais de campanha durante a pandemia do novo coronavírus.

Na Presidência, a operação é vista como uma resposta a Witzel em duas frentes. A primeira delas reforça o discurso de Bolsonaro de que governadores fazem o uso político do coronavírus e promovem o "pânico" com medidas de isolamento, que ele rechaça. A busca em endereços ligados ao governador do Rio, que teve celulares e computadores apreendidos, também é encarada como uma resposta no âmbito policial.

Bolsonaro acusa Witzel de manipular investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes para implicá-lo. O presidente também atribui ao governador fluminense o vazamento de informações do processo para atingi-lo.

Alvo de mandado de busca e apreensão, Witzel negou as acusações de ter autorizado contratos com suspeitas de fraudes e classificou a operação como um ato de perseguição política de Bolsonaro.

"Todas as irregularidades foram investigadas e estão sendo investigadas por determinação minha. A busca e apreensão, além de ser desnecessária - porque o ministro foi induzido ao erro, fantasiosa a construção que se fez - não resultou em absolutamente nada", disse Witzel em pronunciamento no Palácio Laranjeiras, residência oficial.

Ao afirmar que é inocente e que está indignado com a operação, Witzel disse que o País é governado por um presidente que, além de ignorar o perigo do coronavírus, inicia perseguição política contra aqueles que considera inimigos. "O que aconteceu comigo vai acontecer com outros governadores considerados inimigos. Narrativas fantasiosas, investigações precipitadas. O mínimo de cuidado na investigação do processo penal levaria aos esclarecimentos necessários", disse.

Primeira-dama

Segundo Witzel, a PF engaveta inquéritos contrários ao presidente e age com celeridade em casos que investigam adversários políticos dele.

Foi neste contexto que o governador alegou que Flávio Bolsonaro deveria estar preso. "O senador Flávio, com todas as provas que já temos contra ele - dinheiro em espécie depositado em conta corrente, lavagem de dinheiro, bens injustificáveis -, já deveria estar preso", disse.

A advogada Helena Witzel, primeira-dama do Rio de Janeiro, foi também alvo de buscas e apreensões. Assim como Witzel, ela teve equipamentos eletrônicos apreendidos durante a operação, que também vasculhou seu escritório.

O Ministério Público Federal enxergou "vínculo bastante estreito e suspeito" entre o escritório de advocacia da primeira-dama e a empresa DPAD Serviços Diagnósticos.

Firmado em 2019, o contrato resultou em pagamentos mensais à banca de Helena. Segundo a decisão do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, que autorizou as buscas e apreensões, a investigação até agora não encontrou comprovação de que os serviços referentes às entradas de dinheiro foram efetivamente prestados.

Em nota, Helena afirmou ter prestado os serviços de advocacia, disse que a diligência não encontrou nada que pudesse comprovar irregularidades, e classificou a operação como "imbuída de indisfarçada motivação política".

Na segunda, a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) disse que "já tem alguns governadores sendo investigados" e antecipou que haveria operações da PF.

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