Governistas e opositores na AL especulam aliança entre PSDB e PDT

A presença do senador Tasso Jereissati em evento com o ex-ministro Ciro Gomes repercutiu nos bastidores do Legislativo. Eles acham que é cedo para falar de eleição, mas admitem "ambiente amistoso" para uma reaproximação

Escrito por Letícia Lima ,
Legenda: Evento da Prefeitura de Fortaleza, na segunda, teve lado a lado Tasso Jereissati e Ciro Gomes
Foto: Foto: José Leomar

A presença do senador Tasso Jereissati (PSDB) ao lado do ex-governador Ciro Gomes (PDT) - até então adversários políticos -, em evento da Prefeitura de Fortaleza, na última segunda-feira (1°), foi assunto entre os parlamentares, nesta terça-feira (2), na Assembleia Legislativa. Aliados do Governo Camilo Santana e tucanos evitam palpites, mas admitem a possibilidade de uma reaproximação entre duas das maiores lideranças políticas do Ceará.

Publicamente, deputados dizem que é cedo para prever o cenário que se desenhará nas eleições municipais de 2020. Só que a aparição do senador Tasso Jereissati no mesmo palanque do prefeito Roberto Cláudio e do ex-ministro Ciro Gomes, ambos do PDT, além do governador Camilo Santana (PT), agitou a cena política local e motivou especulações de integrantes da base aliada e de opositores.

O evento, que foi organizado para anunciar o investimento de R$ 1,5 bilhão em obras na Capital, acabou ganhando ares eleitorais. Durante discurso, Ciro trocou elogios com Tasso. O senador, por sua vez, ao ser questionado pela imprensa sobre possível aproximação com o pedetista - eles estão rompidos politicamente desde 2010 -, disse que "tudo é possível".

O líder do Governo na Assembleia, Júlio César Filho (Cidadania), frisa que a presença do senador Tasso era importante no evento para mostrar a atuação dele na liberação de recursos no Senado. Por outro lado, avalia também que o ambiente é "amistoso" para uma parceria política.

"O senador Tasso faz política com 'P' maiúsculo e, obviamente, deixa claro que há possibilidade, sim, de uma aliança. Agora, é cedo para falar sobre isso. Há, obviamente, um ambiente amistoso para que isso ocorra, porém, é muito cedo para que isso seja tratado mais a fundo", avalia.

Sérgio Aguiar (PDT) já é mais cauteloso, mas também não nega a possibilidade de reaproximação. "Existem momentos em que os distanciamentos ocorrem em virtude de posições divergentes, mas nada que, se falar no benefício para Fortaleza, para o Ceará, se possa ter questiúnculas que sejam colocadas. Vi o ato como cordialidade política e, quem sabe, aproximação".

Já o deputado Acrísio Sena, do PT, partido do governador Camilo Santana, apadrinhado de Cid e Ciro Gomes, faz questão de afastar aliança que envolva o PSDB. "A iniciativa foi institucional que o governador estava presente e acho natural em se tratando de ser o governador do Estado. PT e PSDB, em Fortaleza e no Brasil, é mistura heterogênea. Água e óleo".

Opositores

Membros da bancada do PSDB se dividem ao avaliar os gestos políticos. O deputado Nelinho, que já é tido pelo Governo como aliado, defende a reaproximação. "Não vejo nenhuma objeção. Acho que é bem interessante para a história dos dois. A gente vai aprofundar essa história para ver o posicionamento do PSDB".

Fernanda Pessoa, por sua vez, pondera que a posição do senador Tasso demonstra que ele está "contribuindo para o desenvolvimento do Estado", mas considera ser cedo para tratar de política. "Tem muita coisa ainda para acontecer. Eu sou oposição e continuo fazendo oposição ao governador".

Para Vitor Valim (Pros), o PSDB é peça importante na oposição. "O que estamos pensando como um todo que fazemos oposição é que se possa fazer união", afirma. "Uma ruptura enfraquece. Isso não é interessante, fica disperso e o contraponto, prejudicado", completa.

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