Natal de Fortaleza

Escrito por Redação ,

Ela tremula feito caravelas ao vento em plena Praça Portugal, como se quisesse em tempos de uma assustadora tempestade pandêmica. Duvido que exista em alguma parte do mundo uma árvore de Natal como a nossa. Feita de dezenas de rede brancas armadas sobre as nossas cabeças, ela nos convida a subir nelas e a sonhar com aquele tempo ingênuo da volta da praia em que nos abraçávamos e beijávamos com naturalidade, apostando que o futuro próximo nos faria mais afortunados.

Nelas não cabe outro modelo de Papai Noel que não seja esculpido como os nossos humildes pescadores, vestidos de algodão cru e cobertos com chapéus de palha, a lançar de suas jangadas em alto mar as redes milagrosas da multiplicação de peixes para saudar a chegada do menino Deus dos cristãos afinados com os ensinamentos do Francisco medieval e do atual, a nos lembrar do sofrimento dos pequeninos.

Quem passa por ela tem que olhar obrigatoriamente para o alto e pedir aos céus que nos livre de tanta maldade que anda a rondar as nossas casas e ruas e a banalizar a vida dos nossos jovens e mulheres, de tez alva ou preta, atacados pela crueldade urbana. E agradecer por todos os cuidados sanitários dos governantes mais próximos com a saúde pública, enquanto somos reféns de um ordenamento destrutivo por parte de autoridades da esfera mais ampla.

E quando a noite chega, as luzes a iluminam de tal maneira que ela mais parece um grande transatlântico se preparando para levantar âncoras e velas. Que está à nossa espera, nos avisando de sua partida, e de portas abertas para a nossa subida por sua escadaria de algodão macio para anunciar lá de cima a chegada de um novo tempo de fato, onde não haja mais fome, nem ganho fácil em cima da desgraça dos desvalidos. Para tanto, não há outra saída que não gritar em coro pelo fim da desfaçatez e covardia dos ambiciosos e mentirosos.

Maria Juraci Maia Cavalcante

Professora da UFC e Socióloga

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