Diabetes: relatos de uma paciente
Descobri a diabetes tipo 1 quando tinha 6 anos de idade. Eu era apenas uma criança que amava brincar, rir e me alimentar bem, mas de repente me vi internada em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com cetoacidose acima do normal, que é quando nosso corpo produz ácidos sanguíneos em excesso. Após a explosão de cetoacidose, com taxa superior a 500 mg/dL, a recuperação foi demorada, todavia estou aqui contando a história e buscando conhecimento para dividir com pessoas que enfrentam os mesmos problemas.
Passei mais de 4 meses fora de casa, em tratamento rígido, um susto para todos da família e um terror para criança que ainda não tem discernimento para entender a complexidade da situação. Retornei ao meu lar doce lar encarando as transformações para levar a vida sem riscos. No início houve um impacto doloroso para uma menininha: aplicações de insulina, medição de glicemia, glucagon na porta da geladeira. Minha sorte foi ter pessoas maravilhosas ao meu redor que, desde sempre, me ensinaram a controlar as emoções.
Foram meses de reflexão e muito diálogo com minha mãezinha até eu chegar à conclusão de que, já que eu tive uma nova chance de viver – por assim dizer – eu iria tentar a vida de uma forma diferente. Assumi cuidados, mas confesso alguns deslizes que resultaram em episódios de desmaios e outras situações vexatórias. Isso já na adolescência, fase de rebeldia para alguns.
Decidi estudar os aspectos que hoje considero importantes acerca da minha vida: saúde física e domínio emocional. A busca por conhecimento foi intensa através de revistas, livros, pesquisas, cursos com especialistas em diabetes, nutrição e bem-estar.
Associei energias inesgotáveis quando tomei a decisão de “mudar de vida”! E, todos os dias, agradeço a Deus pelo dom da vida, em cada amanhecer que, por muitas vezes, não acreditei que seria possível viver. Tudo mudou, incluindo à minha maneira de pensar.
Sigo dividindo experiências repletas de emoções e sensações por meio das mídias sociais e grupos de WhatsApp. Não sou psicóloga por formação, mas a vida me ensinou a oferecer um ombro amigo para pessoas que vivem este drama. Amenizar o sofrimento passou a ser tarefa fácil depois que amadureci. Sigamos nossa vida sem murmuração, mas com resiliência!
Anne Morais é jornalista