Dia da Consciência Negra e o eterno retorno do vídeo do Morgan Freeman

Escrito por Jonael Pontes ,

Legenda: Jonael Pontes é sociólogo e pesquisador da UFC
Foto: Arquivo pessoal

20 de novembro se aproxima, nele celebramos o “Dia Nacional da Consciência Negra”, data incluída no calendário como parte de um esforço dos Movimentos Sociais, para reivindicar a reflexão acerca das desigualdades sistêmicas e históricas que fazem parte da trajetória da população negra no Brasil - considerando as categorias pretos e pardos.

A data não foi escolhida à revelia, neste dia Zumbi dos Palmares (1655 – 1695), escravizado que liderou o Quilombo dos Palmares, morreu defendendo seu povo. Viveu ele uma vida de luta contra a escravidão e opressão que circunda a existência dos negros no Brasil até o tempo hodierno.

No contexto do mundo interconectado em que vivemos, tão certo quanto o ar que respiramos, algo esperado no dia em questão, é o compartilhamento à exaustão do vídeo do ator estadunidense, Morgan Freeman, quando numa entrevista para o “60 minutes”, em 2012, ao ser indagado sobre a problemática do racismo, o artista apenas diz que “para o racismo deixar de existir é só parar de falar nele”. A peça virou baluarte da negação ao racismo, pensamento tacanho que ganhou adeptos no Brasil, especialmente, entre o público branco e privilegiado que se recusa a compreender e perceber as desigualdades raciais em nosso país. Talvez essas pessoas não saibam, mas o ator mudou de ideia, e, em 2019, disponibilizou seu perfil na rede social Instagram, como parte de um projeto para que seus seguidores negros fizessem exposições sobre o racismo sofrido em seus cotidianos – uma seguidora brasileira, inclusive, fez um relato em inglês nos comentários das publicações contando do assassinato de homem negro no Brasil, no dia 20/11/2019, ocorrido numa famosa rede de supermercados. Freeman também apoiou o movimento Black Lives Matter, dos Estados Unidos.

O que chamo a atenção é: parem de compartilhar essa visão empobrecida sobre essa discussão, e a falácia de que “somos todos humanos”, e a premissa de que quando se para de falar num problema ele simplesmente desaparece, diga-se de passagem, que lógica desprovida de inteligência, não?

Jonael Pontes é sociólogo e pesquisador da UFC

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

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