Hospitalizado pela Covid-19, Trump abala corrida pela Casa Branca
Presidente dos EUA, que minimizou a crise sanitária do novo coronavírus desde o início da pandemia, diz apresentar sintomas leves da Covid-19, como fadiga. Joe Biden, adversário democrata, deseja "pronta recuperação"
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi hospitalizado, ontem, para tratamento, após ser diagnosticado com Covid-19, uma notícia que abalou a corrida pela Casa Branca, a um mês das eleições presidenciais de 3 de novembro.
O candidato democrata à presidência, Joe Biden, que lidera as pesquisas de intenção de voto a nível nacional, testou negativo para coronavírus três dias depois do primeiro debate com Trump e pediu para que a população leve a sério a doença e "use máscara".
Trump, de 74 anos, e Biden, de 77, são considerados do grupo de risco diante da Covid-19, responsável por mais de 213 mil mortes e 7,5 milhões de contaminações nos EUA, país mais atingido do mundo pela pandemia.
A Casa Branca garantiu que o 45º presidente dos Estados Unidos segue exercendo o cargo, mas passará os próximos dias em um hospital militar nos arredores de Washington.
"Por recomendação médica e de especialistas, o presidente trabalhará dos escritórios presidenciais (do hospital) Walter Reed pelos próximos dias", declarou a secretária de imprensa da presidência, Kayleigh McEnany.
O médico da Casa Branca, Sean Conley, informou que Trump, que está "cansado" e de "bom humor", recebeu uma dose do coquetel de anticorpos Regeneron, um tratamento intravenoso que vem dando bons resultados nos testes clínicos, mas ainda sem o aval dos órgãos reguladores.
Antes de embarcar em um helicóptero com destino ao hospital, Trump afirmou se sentir bem, em breve mensagem de vídeo publicado em sua conta no Twitter.
"Quero agradecer a todos pelo tremendo apoio", disse Trump em seu primeiro comentário público desde que anunciou estar com Covid-19.
"Vou ao hospital Walter Reed. Acho que estou muito bem. Mas vamos nos assegurar de que tudo correrá bem", explicou, afirmando que a esposa Melania, também contaminada, está "muito bem". O chefe do gabinete de Trump, Mark Meadows, havia dito mais cedo que o presidente apresentava "sintomas leves", mas tinha "muita energia". O vice-presidente Mike Pence testou negativo, assim como o chefe da diplomacia Mike Pompeo e o secretário do Tesouro Steven Mnuchin.
Assistente
O diagnóstico de Trump, que foi testado após a assistente presidencial Hope Hicks ser contaminada, foi anunciado pelo próprio presidente via Twitter na madrugada de ontem. No tuíte, ele afirmou que iniciaria uma quarentena "imediatamente" ao lado da esposa Melania. A contaminação de Trump gerou nervosismo entre os investidores dos mercados financeiros, e Wall Street fechou em baixa.
Adversário
Biden desejou ao adversário e à primeira-dama uma "pronta recuperação" e afirmou estar rezando pelo casal presidencial. O candidato democrata, porém, aproveitou para insistir na necessidade de se "levar a sério" a Covid-19.
"Isto não é uma questão de política", disse Biden, de máscara. "É um forte lembrete para todos nós de que devemos levar este vírus a sério". A gestão da pandemia da Covid-19 é o principal tema da campanha de Biden, que culpa Trump pela crise no país por suas mensagens contraditórias sobre o vírus e sua displicência para seguir as recomendações de especialistas sobre o uso da máscara e o distanciamento social para evitar a propagação da doença.
O moderador do debate de Cleveland, o jornalista Chris Wallace, contou que os familiares de Trump chegaram ao local do evento usando máscaras, mas logo as retiraram. Naquela noite, Trump voltou a zombar de Biden por um suposto excesso de precauções.
"Não uso a máscara como ele", disse Trump sobre Biden durante o debate. "Todo vez que o vemos, ele está de máscara", continuou.
Mensagem de Bolsonaro
Jair Bolsonaro desejou recuperação a Trump e à primeira-dama Melania Trump. “Com fé em Deus, logo estarão recuperados e o trabalho na condução de seu país e sua campanha de reeleição não serão prejudicados. Vocês vencerão e sairão mais fortes, para o bem dos EUA e do mundo”.
Notas de solidariedade
Líderes mundiais, como a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, os premiês Boris Johnson (Reino Unido), Giuseppe Conte (Itália) Benjamin Netanyahu (Israel), também prestaram solidariedade.