Quem é Maria Fernanda Costa, atleta de destaque na natação feminina do Brasil nas Olimpíadas

Em sua primeira Olimpíada, Mafê surpreendeu e chegou à final dos 400m livre

Legenda: Mafê, nadadora brasileira
Foto: Luiza Moraes / COB

Nadadores profissionais costumam fazer dois treinos por dia ao longo de meses, com direito a atividades dentro e fora da piscina, para melhorar suas performances em um mísero segundo. Alguns precisam de anos para reduzir seus tempos em dois ou três segundos. Maria Fernanda Costa precisou de apenas um ano e um mês para evoluir incríveis 15 segundos nos 400 metros livre.

Em sua primeira Olimpíada, Mafê surpreendeu e chegou à final dos 400m livre. Ele ficou em sétimo lugar, com um tempo de 4min03s53.

Antes de alcançar esse grande momento esportivo, Mafê precisou superar uma fase de desânimo, que ela ainda tem dificuldade de classificar. "Eu não sei dizer ao certo porque eu nunca aceitei muito isso. As pessoas chegaram a me perguntar: 'você acha que você teve depressão ou passou por algo que possa ter sido depressão?'. Eu passei por um momento muito forte, de uma baixa muito grande, mas eu não nomeio isso. Eu só sei que eu passei por isso, foi muito difícil para mim, mas, com muita paciência e com pessoas muito boas no meu lado, eu consegui passar por isso "

A nadadora tinha 19 anos quando sofreu esse momento de desânimo. A saída contou com dois caminhos diferentes: terapia e o início de trabalho com o consagrado técnico Fernando Possenti, que já trabalhou com Ana Marcela Cunha. "Antes de eu começar a trabalhar com o Fernando, eu tinha perdido totalmente o meu gosto de competir. Eu chegava numa viagem para competir e começava a chorar antes da competição, porque eu não queria estar ali e eu não entendia o porquê que eu não queria estar ali, se eu gostava tanto de treinar", lembra.

"Eu tenho muita dificuldade de me expressar em diversas formas e o Fernando não teve dificuldade nenhuma e não botou obstáculo nenhum para me entender, para me ajudar. Eu me cobro muito e ele me ajuda a entender o processo, faz eu passar por tudo com muita calma e falar que vai ficar tudo bem. Acho que tudo tem que ter muito equilíbrio e o Fernando me ajudou a encontrar esse equilíbrio."

O sucesso da parceria apareceu rapidamente. "Comecei a evoluir nos treinos e a gente começou a competir. Antes da seletiva olímpica (em maio deste ano), eu já estava me divertindo, já estava gostando mais. Comecei a trabalhar com o Fernando em janeiro do ano passado e dei resultado em fevereiro deste ano. Então foi um ano e um mês. Nos 200, eu melhorei cinco segundos. Foi tudo no mesmo período. E, nos 100m, foram três segundos", enumera a atleta.

INÍCIO TARDIO

A evolução de Mafê surpreende também porque a atleta fez um início tardio de carreira, em comparação aos nadadores que costumam brilhar em nível internacional. "Eu sempre soube nadar, mas a natação competitiva começou em 2016. Desde então eu peguei a disciplina e o amor pelo esporte e decidi ir para o alto rendimento."

A maior conexão de Mafê com as competições era sua irmã Mariana Costa, três anos mais nova e que já estava no alto rendimento. "Ela se destacou primeiro e foi meio que a ponte de tudo. Quando os clubes e técnicos de equipes começaram a chamar a minha irmã, o meu pai, por questões de logística e de rotina, falava que 'se você for levar a mais nova, vai ter que levar a mais velha também'. Então eu ia por tabela assim com ela para as equipes e aí eu comecei a me destacar pelo meu esforço e minha disciplina", lembra.

Recentemente, a situação se inverteu. E Mafê trouxe sua irmã para perto. "Eu e minha irmã sempre andávamos juntas. Mas quando fui chamada por um clube, a minha irmã é que veio comigo", lembra, entre risos. "Andamos juntas até o ano passado. De 2022 para 2023, quando eu decidi treinar com o Fernando, ela decidiu continuar no Flamengo", explica a atleta, que defende as cores da Unisanta.