Jorge Sampaoli se pronuncia após agressão de preparador físico em Pedro: 'não acredito na violência'
Treinador falou pela primeira vez em uma postagem no instagram
O treinador do Flamengo, Jorge Sampaoli, se pronunciou neste domingo (30) sobre o episódio de agressão envolvendo o centroavante Pedro Guilherme e o preparador físico Pablo Fernández. Em um longo texto publicado no Instagram, ele disse a situação o deixou muito triste e que "não acredito na violência como solução. Isso não nos leva a lugar nenhum".
"Ao longo da minha carreira, vi tantas lutas e elas sempre me deixaram com uma sensação de vazio. O que aconteceu ontem me deixou muito triste. Ofuscamos uma vitória impressionante com uma disputa interna cujas razões existem, mas neste momento não importam", declarou Jorge Sampaoli sobre o episódio.
O treinador físico Pablo Fernández é membro da comissão técnica de Sampaoli, que comanda o clube rubro-negro.
Na madrugada deste domingo, o centroavante Pedro Guilherme, do Flamengo, registrou um boletim de ocorrência em uma delegacia de Belo Horizonte (MG) após ser agredido com um soco no rosto pelo preparador físico Pablo Fernández. O argentino não foi preso.
O caso aconteceu logo após a vitória do time sobre o Atlético-MG, em partida realizada nesse sábado (29) no Estádio Raimundo Sampaio, na capital mineira. Na ocasião, o suspeito desferiu o golpe após uma breve discussão, em que questionou porque o atleta não se aqueceu no segundo tempo. O camisa 9 teria justificado que não queria, então recebeu "tapinhas" de Pablo no rosto. Ao tirar as mãos do profissional, Pedro acabou levando um soco dele.
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Devido a gravidade do caso, a diretoria do Flamenou se reunirá nesta tarde para chegar a uma conclusão sobre a punição a ser aplicada a Pablo Fernández. Nã se sabe, ainda, se a medida deve ser aplicada também ao técnico Jorge Sampaoli, já que ele é o responsável por escalar Pablo Fernandez.
Ainda em publicação no Instagram, Sampaoli destacou que espera que tudo se resolva após uma conversa.
"A história me mostrou que a única solução é a conversa, mesmo quando errei ou vi o erro dos outros. Eu tenho fé na palavra, que é uma forma de ter fé no ser humano. A violência nos separa e a conversa nos une", ressaltou.
Sobre o episódio, ele disse ainda que "não tem dormido" pensando em uma forma de ajudar Pedro e Pablo.
"Eu sou o condutor desta equipe. Me dói muito quando dois colegas de trabalho brigam, mais do que a violência. Os treinadores não se dedicam apenas à tática e à preparação dos futebolistas. Acima de tudo, trabalhamos para gerir grupos. Tentamos melhorar e cuidar das pessoas. Não tenho dormido pensando em como ajudar Pedro e Pablo. Sei que vocês dois tiveram uma noite horrível. E que, aconteça o que acontecer, temos a obrigação de nos cuidar. Para nos mudar. Para nos unir. Para ser melhor. E colocar o Flamengo no topo"
O que se sabe sobre o caso
Logo após o episódio, Pedro se dirigiu ao Batalhão das Rondas Táticas Metropolitanas da Polícia Militar (Rotam) — corporação responsável pela segurança no estádio —, acompanhando pelo vice de futebol do Flamengo, Marcos Braz, advogado e seguranças em uma van. Em outro veículo, Pablo também seguiu para o local, onde contou a sua versão do caso.
Já na Central de Flagrantes da Polícia Civil, ainda nesta madrugada, além do atleta e do membro da comissão de Sampaoli, os investigadores ouviram outras quatro testemunhas: o zagueiro Pablo, o atacante Everton Cebolinha, o volante Thiago Maia e o coordenador Gabriel Andreata, segundo a publicação.
"Todas as testemunhas afirmaram que Pedro levou um soco na boca após a discussão. A princípio, foi um caso leve. Não há mandado de prisão contra Pablo Fernández. A pena, neste tipo de delito, é de multa. Não há necessidade de prisão. Por isso, o preparador foi liberado e não houve prisão em flagrante", explicou o delegado.
Os trâmites atrasaram o retorno do time do Flamengo ao Rio de Janeiro. Ainda conforme o GE, parte do grupo embarcou em voo fretado às 3h. Pedro, Pablo Fernández, testemunhas e alguns seguranças permaneceram em Belo Horizonte.
Laudo aponta lesões em rosto e boca
A Polícia Civil informou que o laudo, gerado a partir do exame de corpo de delito realizado no jogador, indica que ele apresentou lesões no rosto e na boca, supostamente resultantes da agressão cometida pelo preparador físico.
Em nota ao portal G1, a corporação detalhou que foram constatados machucados "leves" nas regiões do corpo de Pedro. Com isso, um termo circunstanciado — feito quando o crime cometido é de menor potencial — foi lavrado, e Pablo "assumiu o compromisso de comparecer à audiência perante o Juizado Especial Criminal para as medidas legais cabíveis, conforme previsão legal".
Atleta conversava com família antes da agressão
Informações obtidas pelo jornal O Tempo, que teve acesso ao boletim de ocorrência registrado pelo jogador da equipe carioca, apontam que o membro da equipe técnica o abordou quando o atleta conversava com a família ao celular.
"Estava conversando com familiares no telefone, quando o preparador físico do Flamengo aproximou-se, colocou o dedo no rosto do jogador e questionou o motivo de ele não estar aquecendo, que isso era falta de respeito com o preparador, que deu três tapas no rosto dele", disse Pedro em depoimento.
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Até o momento, o clube não se posicionou de maneira oficial, porém aguarda os trâmites legais, com o boletim de ocorrência, para formalizar a demissão por justa causa de Pablo Fernández.
Preparador já deu soco em torcedor
Esta não é a primeira vez que o argentino é apontado como autor de agressão contra alguém no mundo do futebol. Em 2021, durante a partida entre Nice e Olympique de Marselha, pelo Campeonato Francês, Pablo teria desferido um soco contra um torcedor, que invadiu o gramado e participou de uma confusão entre atletas e comissão técnica.
Na época, ele também intregrava a equipe de Sampaoli, que comandava Os Olímpicos. Após o indecente, a Ligue 1, responsável pela competição, decidiu afastar o preparador físico até o fim da temporada.
No Brasil, além de acompanhar o técnico argentino no Flamengo, Pablo já passou pelo Atlético-MG e pelo Santos. Os dois também atuaram juntos pelos clubes espanhóis Sevilla, Athletic Bilbao e Celta de Vigo, e pelo chileno O’Higgins.
Pedro se manifesta: 'covardia'
Em publicação realizada nesta madrugada, nas redes sociais, Pedro se pronunciou sobre o assunto e disse que foi agredido covardemente pelo preparador físico.
"Covardemente, sem motivo e inexplicavelmente, fui agredido, com um soco no rosto, por Pablo Fernández, membro da comissão técnica do Sampaoli. A covardia física se sobrepôs diante da covardia psicológica que tenho sofrido nas últimas semanas", escreveu.
"Alguém que se acha no direito de agredir o outro não merece respeito de ninguém. Já passei por muitas provações aqui no Flamengo, mas nada se compara com a covardia sofrida hoje".
Jogadores que saíram do Flamengo recentemente, e que foram treinados pela comissão técnica de Sampaoli, se solidarizam com o atacante. "Estamos contigo irmão, cadeia e fora por justa causa nesse covarde", disse Marinho. "Estamos juntos hermano", escreveu Vidal.
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