Setor produtivo do CE mantém otimismo, mas aguarda Previdência

Restabelecimento de subsídios da energia ao agronegócio pelo Governo foi celebrado pelo setor

Escrito por Redação ,
Legenda: Restabelecimento de subsídios da energia ao agronegócio pelo Governo foi celebrado pelo setor
Foto: Fabiane de Paula

Após os primeiros 100 dias de Governo do presidente Jair Bolsonaro, representantes dos setores da indústria, comércio e da agropecuária permanecem otimistas com as diretrizes adotadas pela gestão federal. No entanto, é praticamente consensual que o sucesso das medidas econômicas, no curto, médio e longo prazo, depende diretamente da aprovação do projeto de reforma da Previdência.

"Estou absolutamente esperançoso com o Governo. Acho que está havendo um esforço muito grande para quebrar os paradigmas da política antiga", diz o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Beto Studart. "E estamos com outra direção política e acho que isso é um grande ganho do Governo Bolsonaro. As ações que ele está tomando são absolutamente sinceras e necessárias, o que culmina na própria reforma da Previdência".

Embora veja as dificuldades para o Governo implementar essas mudanças, sobretudo pelas disputas políticas, o presidente da Fiec acredita que entre os principais desafios está a recuperação da atividade econômica e do nível de empregos. "Os políticos estavam acostumados com outro regime. E tem sido um processo difícil quebrar esse sistema. Mas tanto as reformas, como a nova postura do Governo é que vão fazer o Brasil voltar a crescer", aposta Studart.

Já o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya, diz que a nomeação de Tereza Cristina para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento foi um alento para o setor. "Tivemos a sorte de contar com uma ministra extremamente sensível aos produtores rurais", diz Saboya, ao citar o decreto do Governo Federal, que irá recompor subsídios do agronegócio em energia. Nos últimos dias da gestão de Michel Temer, foi assinada uma medida que estabelecia um corte gradual do incentivo ao longo dos próximos cinco anos. "Isso, agora, já foi ultrapassado".

O presidente da Faec também destaca a atuação da ministra após o Governo anunciar a possibilidade de reduzir tarifas de importação para o leite. "Isso iria trazer muitos prejuízos para a pecuária de leite no Brasil".

Sustentabilidade

"Para o setor agropecuário, temos contado com todos esses apoios. Mas estamos aguardando uma promessa do próprio presidente de um programa de sustentabilidade e incremento das atividades rurais no semiárido nordestino", diz Saboya, destacando que 90% do Ceará está no semiárido. "Isso trará muitos benefícios para o nosso maior segmento, que é a pecuária".

Clima adverso

Preocupado com a capacidade de o Governo avançar com as medidas propostas, o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, diz ser difícil fazer uma análise sobre o Governo neste momento, seja negativa ou positiva. "Há um clima de beligerância muito forte contra o Governo. Os projetos não são examinados em prol do Brasil, mas sob viés ideológico. Isso me preocupa, porque o Governo não tem como agir", diz Cordeiro. "E se não deixarem o Governo construir, quem vai ser penalizado é o Brasil, é a população".

Para Cordeiro, há erros e acertos da gestão atual, mas o clima eleitoral, que para ele ainda está presente, dificulta o andamento das propostas. "Tem erros que o Governo cometeu, como na nomeação do ministro da Educação. Mas o Governo está tentando corrigir", diz. "Mas nenhum Governo consegue produzir nesse clima. Vejo que o propósito daqueles que não admitem a derrota é destronar o presidente e assim é difícil construir alguma coisa".

Articulação

O economista Ricardo Coimbra avalia que pesou nesses primeiros cem dias a articulação política, principalmente quanto à reforma da Previdência, o que acabou paralisando a gestão federal.

"Se esperava mais ações no aspecto econômico, não só a reforma da Previdência, mas a reforma Tributária, abertura comercial e estímulos à atividade econômica como um todo. Mas a falta de articulação política fez com que a atração de negócios não fosse tão efetiva, e as projeções para crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) acabaram sendo revisadas para baixo".

Propostas

Dentre as propostas estabelecidas, ainda em janeiro, para os primeiros 100 dias de gestão, Bolsonaro classifica a reforma da Previdência como a mais importante, uma vez que seria fundamental para o desenvolvimento econômico e a geração de emprego. O presidente já declarou que, sem a reforma, o País ficaria impossível de ser administrado a partir de 2022. A expectativa da equipe econômica é de aprovar a reforma no Congresso Nacional até julho, mas a previsão é considerada de difícil cumprimento.

Sobre o Banco do Nordeste (BNB), mesmo com as declarações do presidente da instituição, Romildo Rolim, de que não há indefinição sobre o futuro do banco, há especulações de que o Governo Federal poderia privatizá-lo ou realizar uma fusão com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).Outra meta proposta na área econômica é a redução da tarifa do Mercosul, que ainda está em negociação com Paraguai, Uruguai e Argentina. A expectativa é de que o objetivo seja alcançado até o final do ano, mas ainda sem uma data definida.