Incêndio em boate mata 242 jovens em Santa Maria

Escrito por Redação ,

A tragédia no Rio Grande do Sul é a quinta maior do Brasil, em número de mortos, se considerados também os acidentes aéreos e os desastres naturais

Um incêndio, na madrugada de 27 de janeiro, causa 242 mortes, jovens em sua grande maioria, na boate Kiss, em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul.

A falta de sinalização clara para a desocupação é um dos agravantes, pois muitos dos que morrem na Kiss estão nos banheiros ao correr para lá pensando tratar-se da saída. Foto: Folha Press

Um sinalizador, lançado num show da banda Gurizada Fandangueira, atinge o forro da boate, de material inflamável, e provoca um incêndio de fumaça tóxica, uma armadilha sem saída para centenas de pessoas, produzindo a maior tragédia do País em meio século. A falta de sinalização clara para a desocupação é um dos agravantes, pois muitos dos que morrem na Kiss estão nos banheiros ao correr para lá pensando tratar-se da saída.

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O relatório final da CPI da Câmara de Vereadores de Santa Maria, que investiga o incêndio na boate, não aponta nenhum executivo municipal culpado. Dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, e os dois sócios da boate, Elissandro Spohr, o Kiko; e Mauro Hoffmann passam quatro meses presos e são soltos no fim de maio.

O processo ainda está na fase de depoimentos e a previsão é que o julgamento não ocorra antes de 2015. A esperança de uma punição proporcional às dimensões da tragédia se mostra cada vez mais distante.

A última sobrevivente deixa o hospital em julho, 156 dias depois da tragédia, mas as cicatrizes serão carregadas para sempre pelas famílias das vítimas e pelos sobreviventes.

Em agosto, o Ministério Público denuncia oito bombeiros por falhas no atendimento relacionado à tragédia da boate Kiss. Nenhum deles é acusado pelas 242 mortes causadas. Todos serão julgados pela Justiça Militar.

Nos dias que se seguem à tragédia, autoridades de todo o País iniciam uma onda de fiscalização em outras boates.A Câmara dos Deputados anuncia que aprovaria uma lei nacional para padronizar as normas de segurança e evitar que o horror se repita. Em junho, uma comissão aprova o projeto, que está pronto para ser votado. Mas, aos poucos, a fumaça baixa e o descaso volta a se impor.