CSP firma contrato com empresas cearenses

A Cimento Apodi, por exemplo, tem acordo para a aquisição de 200 mil toneladas por ano de escória da siderúrgica

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: Obra está com 96,69% de execução e deve entrar em operação no primeiro trimestre deste ano

Com início das operações previsto para o segundo trimestre deste ano, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) já atingiu 96,69% de execução e vem realizando seus últimos testes. No dia 7 de janeiro, mais um marco na contagem regressiva foi registrado: o acendimento do regenerador número 1 do alto-forno, etapa fundamental para o início das operações da usina. É aguardada ainda a chegada da segunda carga de carvão, prevista para as próximas duas semanas.

Além disso, a siderúrgica também tem atraído empresas cearenses a participar de diversas etapas da produção, inclusive na aquisição de subprodutos gerados na fabricação do aço. Um deles é a escória, matéria-prima para as cimenteiras, que tem qualidade superior à do calcário e menor custo, segundo explicou o professor Ernandes Rizzo, especialista em siderurgia e processos de fabricação. A convite da CSP, ele ministrou ontem palestra à imprensa.

A cearense Cimento Apodi é uma das empresas locais que já firmaram acordos com a companhia para adquirir o material. De acordo com Adauto Farias, presidente da cimenteira, o contrato assinado com a CSP estabelece a aquisição de 200 mil toneladas por ano de escória pela Apodi, válido pelo prazo de 20 anos. A vantagem da escória para a empresa é que não há necessidade de esquentar o produto novamente, economizando energia.

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"O grande benefício é que já foi gasta, na produção do aço, a energia necessária para esquentar o calcário para a fabricação do cimento. Com isso, a gente consegue aumentar a produção sem precisar investir em novos equipamentos", explicou o presidente. "O ganho é também para o lado ambiental, já que não é necessário gastar mais energia para produzir".

Pioneirismo

Além da escória gerada no alto-forno (onde o ferro gusa é gerado), a CSP também investiu em tecnologia para aproveitar melhor a escória resultante da parte da aciaria, quando o ferro gusa é transformado em aço. Essa escória, em geral, é mais difícil de ser reciclada. "No alto-forno, você gera 300 quilos de escória por uma tonelada de ferro gusa. Na etapa de refino ou aciaria, você tem cerca de 80 quilos de escória para mil quilos de aço. Essa escória é mais difícil de reciclar. Mas a CSP vai ter um método diferente. Ela vai ter o primeiro equipamento do Brasil, o BSFF, que consegue granular a escória de aciaria. Vai permitir granular a escória de aciaria e torná-la útil para outros processos, como a produção de cimento, a correção de acidez do solo etc.", afirmou Ernandes Rizzo.

Fornecedores

A companhia também pretende comprar cal de fornecedores locais, tendo, inclusive, estimulado empresas cearenses a ampliarem a produção. O material é utilizado como fundente no processo, removendo as impurezas do minério de ferro na primeira fase da produção siderúrgica. A CSP não informou, entretanto, até o fechamento da matéria, com quais empresas há contratos para o fornecimento de cal.

A siderúrgica também produzirá toda a energia que será consumida em sua operação, por meio do reaproveitamento de 100% dos gases gerados no processo siderúrgico. O excedente será comercializado no mercado nacional de energia.

Impacto

Investimento da ordem de US$ 5,4 bilhões, o projeto da primeira usina integrada no Nordeste e a única em construção no Ocidente já envolveu mais de 40 mil pessoas desde 2008. Segundo a CSP, oportunidades de negócios também foram abertas na região de São Gonçalo do Amarante com 420 empresas participando até o momento, durante a fase de construção.

A estimativa é que a obra tenha um impacto de 12% no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e de 48% no PIB industrial, a partir da operação da usina, além de R$ 400 milhões/ano de contratos com fornecedores locais de longo prazo. De acordo com a CSP, na fase da construção, foram adquiridos no mercado local aproximadamente R$ 5 bilhões em bens e serviços.

Para a produção de 3 milhões de toneladas de placas de aço por ano, meta da siderúrgica, serão empregados diretamente 2.800 profissionais, além de outros 1.200 terceirizados e 20 mil pessoas da região beneficiadas indiretamente. Atualmente, dos 2.410 funcionários diretos da CSP, em torno de 70% são profissionais cearenses.

Capacitação

Em parceria com o Senai-CE, foram treinadas 1.150 pessoas em 50 turmas distribuídas em 22 cursos, um investimento da ordem de R$ 5 milhões. A CSP afirmou ter contratado, até dezembro de 2015, 646 profissionais do programa para atuarem em diversas áreas da usina. Desse total, mais de 500 foram encaminhados para conhecer o ambiente de trabalho em outras siderúrgicas em funcionamento no Brasil.

A companhia também se comprometeu a fortalecer o crescimento das empresas e indústrias de base na região e no Estado, por meio do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDR) que visa, além de promover o desenvolvimento da competência das empresas locais, estimular a qualidade da mão de obra e aproximar entre investidores e empresas fornecedoras.

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