Empresa é suspeita de dar calote em festas de formatura de estudantes de Medicina

Negócio acumula mais de 90 processos na Justiça e dívida com fornecedores

Escrito por Redação ,
Legenda: Pelo menos três grupos de estudantes tiveram eventos afetados neste início de 2023
Foto: Freepik

O tão sonhado e planejado momento da formatura deu lugar à incerteza e desespero para dezenas de concludentes de cursos de Medicina pelo Brasil. É que uma empresa especializada nesse tipo de evento é acusada de não cumprir contratos e dar calote em diversos grupos de alunos, segundo apurou o Fantástico.

Desde o início de 2019, a empresa "Brave Brasil Formaturas e Eventos", sediada em Florianópolis (SC), acumula mais de 90 processos na Justiça e dívidas com fornecedores. No fim das contas, as festas de formatura viraram caso de Polícia.

Na internet, a Brave se apresenta como "a maior empresa de formaturas de medicina do país", oferecendo pacotes que incluem viagens, "esquentas" para a festa principal e uma luxuosa noite de gala.

Num dos casos, 83 futuros médicos da Universidade Estadual do Rio (UERJ) pagaram parcelas mensais à Brave, responsável por contratar todos os fornecedores de serviços para a realização dos eventos. O curso dura seis anos.

Contudo, a pouco mais de um mês das celebrações, a comunicação de formandos e familiares com a empresa ficou mais difícil.

“Eles desapareceram. E aí a gente começou a notar que tinha alguma coisa errada”, relatou ao Fantástico Vanusa Zenha, madrasta da médica Nina Rocha Zenha.

Na última terça-feira (24), os formandos foram informados de que os eventos contratados para este fim de semana não iriam acontecer. Em dezembro, estudantes de medicina da faculdade Mackenzie de Curitiba (PR), também tiveram um evento cancelado pela Brave.

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Bens bloqueados

Em Maringá, também no Paraná, a situação foi ainda pior: poucas horas antes da comemoração, no dia 21 de janeiro, mais de 100 concludentes da faculdade Unicesumar souberam que não teriam festa. A empresa alegou, em nota, que os alunos tinham uma dívida de mais de R$ 500 mil. 

Porém, os formandos contestaram e perceberam ter caído num calote de R$ 3 milhões. Depois do cancelamento da festa, eles recorreram à Justiça, e os bens da Brave Brasil em Maringá chegaram a ser bloqueados por alguns dias.

O Fantástico mostrou que, em reunião virtual na última terça-feira (24), o presidente da Brave Brasil, Rafael Brogni, afirmou que a decisão da Justiça do Paraná atrapalhou a realização de outros eventos.

“Eles basicamente tornaram inviável toda a operação da empresa, porque o que que a gente faz? Eventos. Onde é que está o nosso material? Travado. Como é que entrega outra formatura? Não entrega. Resumindo, senhores: a vida está um caos, onde tem todas as turmas do Brasil inteiro solicitando reunião”, defendeu.

Fernando Garbelini, delegado da Polícia Civil do Paraná, declarou que somente as investigações dirão se houve dolo por parte da empresa, ou seja, se havia a intenção de não prestar o contrato e ficar com o dinheiro.

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