Casal brasileiro perde guarda dos filhos em Portugal, relata xenofobia e pede ajuda
Os pais da criança informaram que acionaram o consulado brasileiro no país e têm usado redes sociais para pedir ajuda para recuperar os filhos
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O casal de brasileiros Carol Archangelo e Carlos Orleans tem usado as redes sociais para narrar drama vivido nos últimos dias: a perda da guarda dos filhos. As duas crianças, de 6 e 8 anos, estão com uma família de acolhimento, segundo informações recebidas pelos pais. Os dois vivem há cinco anos em Portugal, em uma pequena cidade chamada São Pedro do Sul.
O impasse começou na última quinta-feira (20): uma hora antes do horário de pegar os filhos na escola, o casal foi surpreendido pela visita de agentes policiais avisando que as crianças haviam sido levadas pela segurança social de Portugal.
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"Sem nenhum tipo de papel, e a escola liberou sem nenhum tipo de comunicação, nem da parte deles nem da segurança social, que poderia ocorrer algo deste gênero", disse a mãe das crianças, Carol.
A família vinha sendo acompanhada pelo apoio familiar há cerca de dois anos, quando a professora do caçula da família — na época com quatro anos, acionou a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ).
"Fomos convocados pela CPCJ aqui de São Pedro, onde mais uma vez fomos vítimas de preconceitos, xenofobia e ameaçados. O diretor disse: 'Não é você que manda nos seus filhos, nem você que decide por eles'. E você tem que engolir isso! Fui ameaçado lá inclusive em ser preso se alterasse o tom de voz", relatou Carlos Orleans, pai das crianças.
Nos relatos feitos em publicações do Instagram, os pais das crianças afirmam que não foram avisados em nenhum momento que uma das consequências do acompanhamento familiar poderia ser a perda de guarda dos filhos.
Dois dias antes, informou Carol, eles tiveram reunião com o Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental (CAFAP), outro órgão que fazia o acompanhamento da família. "E nessa reunião, em nenhum momento nos alertaram de algo, a reunião fluiu bem", disse.
'Sem chance de defesa'
Os pais relataram que só tiveram acesso a toda a decisão quando chegaram ao Tribunal de Viseu, distrito do qual faz parte a cidade onde moram.
O documento foi elaborado, segundo a mãe das crianças, por "duas pessoas que demonstraram sempre que não gostavam da gente, por um julgamento pelo nosso estereótipo e profissão". Os brasileiros são tatuadores.
Carlos Orleans acrescenta que não houve direito de defesa nem aviso sobre o que determina a lei e quais as consequências de "atitudes que eles julgam errôneas". Reclamaram ainda dos filhos terem sido encaminhados para uma família de acolhimento.
"Em nenhum momento perguntaram se existia alguma parente aqui que poderia ficar com as crianças. Nós temos", ressaltou. "Em nenhum momento, tivemos chance de provar que as acusações da professora e da assistência social estavam equivocadas".
Os relatos da professora incluíam indicativos de sono no filho caçula dos brasileiros, hoje com 6 anos, e a dificuldade na fala e na escrita. Também houve menção ao cansaço da filha mais velha, de oito anos, e de "alimentos não saudáveis", além de remarcação de reuniões.
Segundo Carlos, isso levou a que a assistência social indicasse que haveria ausência dos pais e não tinha apoio em casa. Os pais negam as alegações da assistência social, inclusive publicaram registros da rotina com as crianças. Sobre a remarcação de reuniões, falaram que aconteceu apenas duas vezes e por motivos profissionais.
1 visita por semana
Carol e Carlos falaram que passaram três dias sem qualquer contato ou informações sobre os filhos. Os dois tiveram o caso repercutido pela atriz Luana Piovani, que disse que o consulado brasileiro já foi informado do caso e que deve continuar ajudando os brasileiros.
Em resposta, Carlos agradeceu o apoio da artista e disse que foram estabelecidas visitas às crianças, mas apenas uma vez por semana. As visitas devem durar uma hora.
"Como vou ver a razão da minha vida chorando por mim, e vou deixar eles e voltar pra casa? (...) Eles devem estar pensando que abandonamos eles", disse o brasileiro.
Segundo informação de colunista do O Globo, a medida cautelar imediata para acolhimento das crianças é de seis meses, com a primeira revisão prevista para 30 dias.