Caso Lázaro Barbosa: saiba por que é difícil capturá-lo
Força-tarefa com 270 policiais procura o suspeito entre Goiás e o Distrito Federal
As buscas policiais por Lázaro Barbosa entraram no 14° dia, nesta terça-feira (22). Ele é suspeito de uma série de crimes no Distrito Federal e Goiás. A polícia montou um cerco para pará-lo, no entorno de Cocalzinho de Goiás, Águas Lindas e Girassol.
Segundo a polícia, Lázaro é autor de um quádruplo latrocínio em Ceilândia, no DF, além dos crimes em Goiás. Nos últimos dias, o indivíduo invadiu propriedades rurais da região, fez três pessoas reféns e baleou outras quatro, entre elas, um policial militar.
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Para conseguir capturar Lázaro, 270 agentes da Segurança Pública foram deslocados para a missão. Foi criado um disque-denúncia para informações sobre o suspeito: (61) 9 9839-5284.
Na última sexta-feira (18), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) montou barreiras nas estradas de terra e rodovias das regiões de Cocalzinho e Águas Lindas e cercou o suspeito.
Os agentes utilizam helicópteros, drones, cães farejadores e trabalham 24h por dia atrás do suspeito. A cadela que atuou na busca por vítimas da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, foi descolada para a força-tarefa.
Uma moradora de Águas Lindas de Goiás afirmou, na manhã de segunda-feira (21), que viu um homem parecido com Lázaro em sua propriedade, mancando.
Segundo o portal G1, a mulher afirmou que acordou de madrugada com latidos dos cachorros. No quintal da casa, ela e a família viram um homem com uma mochila nas costas e mancando.
No mesmo dia o espaço aéreo de Girassol, distrito de Cocalzinho de Goiás, foi fechado para as buscas por Lázaro Barbosa, conforme o Correio Braziliense. A ação foi motivada após a força-tarefa receber a informação de que o foragido foi visto em uma área de mata fechada, e somente aeronaves do Estado ou drones poderiam sobrevoar o local.
Dois drones da inteligência foram usados na operação, sendo um o Mavic Zoom e o outro o Enterprise, com sensor de calor. Mas ele não foi encontrado.
Por que é tão difícil capturar Lázaro?
Apesar do intenso contingente de policiais, Lázaro continua escapando do cerco e pode fazer novas vítimas. Em pelo menos dois momentos, o suspeito foi encurralado pelos agentes, mas conseguiu fugir.
Em uma das situações, em 12 de junho, houve troca de tiros.
Segundo o secretário da Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, há suspeita de que Lázaro está ferido. Ele costuma andar durante a noite, a procura de alimentos, e está tendo mais dificuldades.
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Experiência em andar na mata
Segundo a polícia, o homem tem experiência de andar e viver em zonas de mata. Ele teria prática desde novo, ainda em sua cidade natal, na Bahia.
Também há relatos de que o suspeito se esconde em árvores e já foi visto em um chiqueiro de animais. A polícia acredita que Lázaro anda pela água, para não deixar pegadas.
Na última terça-feira (15), Lázaro fez três pessoas de uma família reféns e levou todos para um rio. Ele orientou o caminho para os reféns e pediu que uma das vítimas tirasse a camisa, vermelha, para não chamar atenção.
Conforme relatos dos últimos casos, Lázaro costuma roubar alimentos das casas que invade. Alguma das pessoas feitas refém foram obrigadas a cozinhar a armazenar alimentos em uma bolsa.
Região
A região entre Goiás e Distrito Federal, onde Lázaro circula e tem experiência, pertence ao bioma Cerrado.
No inverno, estação atual, o Cerrado é caracterizado por clima e vegetação secos. Há pouca chuva e o solo se resseca. O relevo é bastante variado, mas predominantemente plano.
A cidade de Cocalzinho de Goiás, onde Lázaro circulou nos últimos dias, é cortada por vários rios e córregos.
Cerco policial
Os policiais se organizam em grupos de seis a oito pessoas para procurar por Lázaro. A força-tarefa monitora chácaras, que o suspeito costuma invadir e fazer reféns, rodovias e áreas de mata.
Há uma barreira montada na BR-070 para vistorias veículos. As estradas de terra da zona rural também foram cercadas. Agentes em helicópteros procuram Lázaro com visão ampla. Os drones são utilizados principalmente a noite, com sensores de calor, farol de busca e luz noturna.
Os trabalhos envolvem as policiais Civil e Militar de Goiás e do Distrito Federal, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.
As autoridades afirmam que as informações falsas que circulam são prejudiciais ao trabalho. E há relatos de irregularidades nos trabalhos policiais.
A esposa de Lázaro afirmou, no domingo (20), que foi agredida por policiais que queriam saber o paredeiro do suspeito.
Um pai de santo acusou a polícia de entrar em seu terro de Candomblé e divulgar fotos de objetos religiosos, como se tivessem relação com o caso. As imagens circularam com a informação de que Lázaro praticaria 'rituais macabros' nos crimes, o que foi denunciado como intolerância religiosa.