Justiça adia sentença por 'terrorismo' contra herói do filme 'Hotel Ruanda'

O ex-gerente de hotel Paul Rusesabagina inspirou a história contada pela produção que recebeu três indicações ao Oscar

Escrito por AFP ,
Paul Rusesabagina
Legenda: Ele foi detido em agosto de 2020 em circunstâncias particulares. As autoridades dizem que a ação foi "legal" e que os direitos de Rusesabagina não foram violados na prisão
Foto: AFP

O anúncio da sentença no julgamento por "terrorismo" contra Paul Rusesabagina, foi adiada nesta quarta-feira (18) por autoridades de Ruanda. Inicialmente, a declaração contra o ex-gerente de hotel cuja história inspirou o filme "Hotel Ruanda" estava prevista para sexta-feira (20). 

"A sentença no caso de Paul Rusesabagina e coacusados não será anunciada na próxima sexta-feira, como estava previsto", anunciou Sala de Crimes Internacionais e Transfronteiriços da Suprema Corte em sua conta no Twitter. "Outra data será comunicada na sexta-feira", completou.

O ex-gerente do Hotel Mil Colinas de Kigali se tornou famoso graças ao filme de 2004 que contou como este hutu moderado salvou a vida de mais de mil pessoas durante o genocídio que deixou 800 mil mortos, principalmente da etnia tutsi, em 1994. 

Rusesabagina, que tem 67 anos, foi julgado em Kigali de fevereiro a julho, ao lado de outras 20 pessoas, por suposto apoio à Frente de Libertação Nacional (FLN), grupo rebelde acusado de ter executado ataques violentos em Ruanda. Ele recebeu nove acusações, incluindo "terrorismo". A Promotoria solicitou pena de prisão perpétua.

Paul Rusesabagina morava no exílio desde 1996 nos Estados Unidos e na Bélgica. Ele foi detido em agosto de 2020 em circunstâncias particulares, ao desembarcar de um avião que imaginava seguir para o Burundi, mas que pousou em Kigali.

As autoridades de Ruanda afirmam que sua detenção foi "legal" e que os direitos de Rusesabagina não foram violados na prisão.

Há vários anos, Paul Rusesabagina acusa Kagame de autoritarismo e de favorecer um sentimento anti-hutu. Em 2017, ele participou na criação do Movimento pela Mudança Democrática em Ruanda (MRCD), do qual a FLN é apontada como braço armado. 

O acusado nega qualquer envolvimento nos ataques executados por este grupo em 2018 e 2019, que deixaram nove mortos.

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