Pesquisa publicada nesta quarta-feira (4) na revista The New England Journal of Medicine revela que a combinação de anticorpos monoclonais Regen-Cov foi capaz de reduzir casos de Covid-19 em moradores de uma mesma casa onde havia pacientes diagnosticados com a doença.
O Regen-Cov, que antes recebia o nome de Regn-Cov2, é uma injeção subcutânea contendo os anticorpos monoclonais casirivimab e imdevimab, que são, em linhas gerais, células de defesa desenhadas para atacar especificamente um alvo.
Produzido pela farmacêutica Regeneron, o medicamento biológico tem aprovação para uso emergencial no Brasil. Os anticorpos banlanivimabe e etesevimabe da empresa Eli Lilly também já foram aprovados para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Metodologia
Para a pesquisa, foram observadas 1.505 pessoas com 12 anos ou mais que moravam com pessoas diagnosticadas com infecções pelo Sars-CoV-2 até 96 horas antes.
Os participantes foram divididos entre os que receberiam uma única dose de 1.200 mg de anticorpos monoclonais via injeção e os que receberiam uma injeção de placebo (o grupo de controle).
Segundo os cientistas, cerca de 30% das pessoas que fizeram parte do estudo foram consideradas como de elevado risco para quadros de Covid-19 grave caso se infectassem.
Tanto participantes que receberam a droga quanto os que receberam placebo foram acompanhados semanalmente para avaliação de sinais ou sintomas da Covid, além de terem acompanhamento de possíveis efeitos adversos. Durante 28 dias de estudo, o material do exame PCR também foi coletado semanalmente
Resultados
Entre os 753 participantes que tomaram a injeção de Regen-Cov, somente 11 (1,5%) desenvolveram uma infecção sintomática derivada do Sars-CoV-2. Já entre os 752 pacientes no grupo controle, foram 59 (7,8%) os que tiveram Covid.
Na primeira semana de estudo, ou seja, nos primeiros dias após a confirmação de que um colega de casa dos participantes havia sido infectado, a diferença entre os grupos no estudo já foi clara. Os cientistas registraram nove infecções sintomáticas entre quem tomou o Regen-Cov e 32 casos entre quem tomou placebo.
Considerando tanto os casos sintomáticos quanto assintomáticos, os números aumentam um pouco em ambos os grupos, mas ainda pesando positivamente para o remédio biológico. Foram 36 infecções (4,8%) nos 753 pacientes que receberam a droga e 107 casos (14,2%) entre 752 participantes do grupo placebo.
Além disso, os pesquisadores observaram que os pacientes que tomaram o remédio biológico, mas ainda assim se infectaram e manifestaram sintomas, acabaram melhorando mais rápido. O grupo do Regen-Cov levou, em média, duas semanas a menos para resolução de sintomas, em comparação com os participantes que receberam placebo.
Para Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, que não participou do estudo, o medicamento se mostrou seguro e eficaz.
"Acabou se mostrando uma alternativa tanto terapêutica quanto para profilaxia pós-exposição", diz. "Porém, o custo é excessivamente elevado."
Uso emergencial controlado
Na semana passada, a Agência de Alimentos e Medicamento (FDA) dos Estados Unidos aprovou o uso emergencial do medicamento biológico como profilaxia pós-exposição contra a Covid, para utilização pediátrica de jovens a partir de 12 anos com ao menos 40 kg; e em adultos e pacientes com alto risco de evolução para quadros graves da doença.
A agência enfatiza que o uso é somente autorizado após exposição ao Sars-CoV-2. O medicamento só deve ser utilizado em pessoas que não estão totalmente imunizadas ou que podem não ter uma resposta imune adequada à infecção, como pessoas com problemas imunológicos.
"Profilaxia com Regen-Cov não é um substituto para a vacinação contra a Covid-19", afirma a agência americana. "A FDA recomenda a vacinação para quem ela estiver disponível."