Ciência prevê que até 2030 planeta enfrente o ano mais quente da história

Relatório da Organização Meteorológica Mundial (WMO) aponta chance de que temperatura média global próxima a superfície seja entre 1,2ºC e 1,9ºC entre 2025 e 2029. Em 2024, a média atingiu 1,5ºC

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Luana Severo luana.severo@svm.com.br
Legenda: O relatório prevê condições 'anormalmente secas' para esta estação na Amazônia
Foto: Shutterstock

A Organização Meteorológica Mundial (WMO) publicou, nesta quarta-feira (28), um relatório que atualiza as previsões climáticas para o período entre 2025 e 2029. No estudo, os cientistas preveem que as temperaturas médias globais devem se manter próximas ou atingir novos recordes nos próximos cinco anos, podendo, inclusive, ultrapassar as marcas alcançadas em 2024 — considerado o mais quente dos últimos 175 anos.

De acordo com o relatório, há 80% de probabilidade de que pelo menos um ano dos próximos cinco seja mais quente do que 2024, quando, por 11 meses consecutivos, a temperatura média global ultrapassou a média de 1,5ºC.

O documento também sugere que a temperatura média global próxima à superfície deverá ser entre 1,2ºC e 1,9ºC entre este ano e 2029, superior à média observada no período entre 1850 e 1900, o que preocupa a comunidade científica a respeito de uma uma possível potencialização dos riscos climáticos e do impacto econômico e social decorrente dela.

"Embora excepcionalmente improvável, há, agora, também, uma chance de 1% de pelo menos um ano exceder 2°C de aquecimento nos próximos cinco", alerta o documento.

Outro apontamento da WMO é que os padrões de chuva previstos de maio a setembro de 2025-2029, em relação à média de 1991-2020, sugerem "condições anormalmente úmidas" no Sahel, norte da Europa, Alasca e norte da Sibéria, e "anormalmente secas" para esta estação na Amazônia.

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Eventos climáticos extremos serão 'cada vez mais frequentes', diz pesquisador do Inpe

O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e especialista em projeções climáticas, Gilvan Sampaio, ressalta que o aumento da temperatura na superfície aumenta, também, a quantidade de energia na atmosfera para a produção de nuvens profundas, que concentram maiores quantidades de vapor d'água e provocam chuvas mais intensas.

Via alagada no Rio Grande do Sul
Legenda: As enchentes e inundações registradas no Rio Grande do Sul no ano passado representaram um evento climático extremo
Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini

"O aumento gradativo da temperatura global significa que os eventos meteorológicos extremos, como chuvas intensas, volumosas, secas e ondas de calor se tornarão cada vez mais frequentes", projeta o pesquisador.

2024 foi o ano mais quente da história

O relatório da WMO destacou que 2024 foi o ano mais quente já registrado na história, com temperatura média global próxima à superfície estimada em 1,5ºC. 

"As temperaturas próximas à superfície em 2024 foram mais altas do que a média de longo prazo em quase toda a superfície terrestre, com anomalias quentes particularmente grandes nos trópicos, América do Norte, norte da África, Europa e partes da Ásia", observou o monitoramento.

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Acordo de Paris

Em janeiro deste ano, o recorde já havia sido divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU). À época, a comunidade científica já havia chamado atenção para o risco aumentado de a temperatura média global ultrapassar, nos próximos anos, o limite de 1,5ºC estipulado pelo Acordo de Paris, no qual o Brasil e outros 194 países se comprometem a limitar o aumento médio dos termômetros.

>> Confira os compromissos do Brasil no Acordo de Paris

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), dentro do acordo, o Brasil pactuou que, neste ano de 2025, reduziria as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis em 2005. Para tanto — e alcançar 43% de redução até 2030 —, o País tem que aumentar a participação de bioenergia sustentável na matriz energética e restaurar e reflorestar cerca de 12 milhões de hectares de florestas.

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