Polícia intercepta carro funerário após denúncia de que paciente morreu durante exame em Acaraú

A vítima foi fazer uma endoscopia, passou mal e faleceu

Escrito por Matheus Facundo e Renato Bezerra ,
Print de pessoa que morreu e viatura de polícia interceptando carro funerário
Legenda: Conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a morte do homem foi considerada suspeita
Foto: Reprodução

Um carro funerário que estava indo ao cemitério com o corpo de Júnior Marcos Silveira, de 38 anos, morador de Cruz, no Interior do Ceará, foi interceptado pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE), após denúncia de que a morte da vítima ocorreu durante a preparação de um exame de endoscopia. O caso ocorreu na segunda-feira (3).

Conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a morte do homem foi considerada suspeita e está em investigação pela Delegacia Regional de Acaraú, onde Júnior fez o procedimento. Levantamentos policiais indiciam que ele passou mal e foi socorrido pelo Samu. 

Júnior recebeu cuidados médicos, mas não resistiu e faleceu: "Uma equipe da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) foi acionada e colheu indícios que auxiliarão na investigação", diz a pasta. O laudo pericial vai definir a possível causa da morte. Não se sabe o prazo para a divulgação da conclusão da Pefoce. 

Júnior era morador do distrito de Lagoa Salgada em Cruz. A Associação Comunitária Lagoa Salgada emitiu uma nota de pesar sobre a morte. 

Clínica 

O médico Márcio Roney, proprietário da clínica Endocentro, onde Júnior foi atendido, disse em nota enviada ao Diário do Nordeste que o paciente não chegou a fazer o exame de endoscopia, pois teve uma reação alérgica ao anestésico utilizado para o procedimento. 

"Ele apresentou um quadro clínico de reação anafilática (alergia grave) ao medicamento tópico Xylocaina spray (lidocaína). Após 30 segundos, aproximadamente, o anestésico tópico usado para adormecer a boca ser aplicado ele começou a ficar agitado e com dificuldades para respirar. A saturação de oxigênio começou a cair, foi instalado oxigênio sobre pressão para ele melhorar, porém não houve resposta e o mesmo evoluiu para uma parada cardiorrespiratória", esclareceu.

Ainda conforme o médico, foram realizados procedimentos para reanimação do paciente na própria clínica, seguindo o protocolo médico para o caso e com auxílio de uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas sem sucesso.  

"Segundo o acompanhante do mesmo, após o ocorrido nos informou que ele tinha antecedentes de Asma e dificuldade para respirar, mas não foi relatado na entrevista antes de iniciar a pré-medicação (lidocaína tópica). Creio que a associação do problema prévio tenha dificultado o procedimento", disse. 

"Lamentamos o fato, nos solidarizamos com a família e estamos no que for necessário do ponto de vista psicossocial, porém é algo que foge da capacidade de qualquer profissional adivinhar algo que não é do conhecimento de ninguém (alergia)", concluiu. 

Nota da clínica na íntegra: 

O paciente não chegou a realizar o exame de endoscopia. Ele apresentou um quadro clínico de reação anafilática (alergia grave) ao medicamento tópico Xylocaina spray (lidocaína). Após 30 segundos aproximadamente o anestésico tópico usado para adormecer a boca ser aplicado ele começou a ficar agitado e com dificuldades para respirar. A saturação de oxigênio começou a cair, foi instalado oxigênio sobre pressão para ele melhorar, porém, não houve resposta e o mesmo evoluiu para uma parada cardiorrespiratória. Iniciamos todos os procedimentos de reanimação na clínica (de acordo com o protocolo médico), inclusive tivemos a ajuda da equipe do SAMU que esteve na clínica durante a parada, mas mesmo mediante todos os esforços o paciente veio a óbito. Segundo o acompanhante do mesmo após o ocorrido nos informou que ele tinha antecedentes de Asma e dificuldade para respirar, mas não foi relatado na entrevista antes de iniciar a pré-medicação (lidocaína tópica). Creio que a associação do problema prévio tenha dificultado o procedimento. Quanto a acionar o IML não vimos necessidade porque não se trata de uma morte violenta, mas sim de uma fatalidade que poderia ocorrer em qualquer unidade de saúde onde ele estivesse. Inclusive todo o procedimento foi presenciado pela equipe do SAMU que participou e nos ajudou na tentativa de reanimação. Temos mais de 15 mil procedimentos desses realizados desde 2005 e nunca tínhamos passado por essa situação. Lamentamos o fato, nos solidarizamos com a família e estamos no que for necessário do ponto de vista psicossocial, porém é algo que foge da capacidade de qualquer profissional adivinhar algo que não é do conhecimento de ninguém (alergia).

Nota da SSPDS na íntegra:

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informa que a Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) apura as circunstâncias de uma morte suspeita, registrada nessa segunda-feira (3), no município de Acaraú, na Área Integrada de Segurança 17 (AIS 17) do Estado. De acordo com as primeiras informações policiais, um homem, de 38 anos, teria passado mal em uma clínica de saúde particular do município, após passar por um procedimento. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) socorreu a vítima para uma unidade hospitalar, mas o homem não resistiu e morreu. Uma equipe da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) foi acionada e colheu indícios que auxiliarão na investigação. O caso está a cargo da Delegacia Regional de Acaraú. Somente após laudo da Pefoce será possível confirmar a causa da morte.

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