Motorista de aplicativo é detida e denuncia agressão por PMs; SSPDS diz que ela desacatou policiais
A condutora foi ao bairro Mondubim ajudar uma colega que havia se envolvido em uma colisão de trânsito e acabou presa
Uma motorista de aplicativo de 30 anos denuncia que foi presa injustamente por desacato nesta quinta-feira (5) e ainda agredida por policiais militares (PMs) no bairro Mondubim, em Fortaleza. Ela foi ajudar uma colega de trabalho, que se envolveu em acidente de trânsito, e começou a filmar os policiais.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, a motorista Rosana Marques de Sena Sousa conta que ela e a amiga não teriam concordado em remover o carro do local, pois queriam esperar a perícia, na rua Benjamin Brasil. Por isso, ela começou a filmar a cena.
"Os policiais estavam punindo pelo cara que causou o acidente e disseram que tudo tinha sido resolvido, liberando o motorista para ir. Eu estava lá e disse que nós íamos esperar a perícia", conta.
Nesse momento, ela relata que um dos PMs deu voz de prisão a ela por desacato. Rosana nega ter desacatado os agentes de segurança.
Já a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) disse, em nota, que a mulher "insuflou as partes a não entrarem em acordo" e "ainda teria desacatado os PMs".
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Agressões
Ainda de acordo com a motorista de aplicativo, que trabalha há cerca de um ano no ramo, ela teve o celular tomado a força e foi jogada no chão pelos policiais.
Não queria ser presa pois eu não desrespeitei ninguém e não desacatei. Aí ele [o PM] continuou, começaram a me forçar a entrar dentro do camburão. Torceram meu braço querendo me algemar, me jogaram no chão, colocaram o joelho nas minhas costas. Estou com o joelho ferido e a costela marcada de pancada. Fui jogada na viatura. Foram três homens para me pegar, me machucaram todinha e me colocaram na viatura
Conforme a SSPDS, a Polícia Militar do Ceará (PMCE) foi acionada por meio da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) para atender à colisão.
Delegacia
Detida, Rosana foi levada ao 19º Distrito Policial (DP), no bairro Conjunto Esperança. Lá, a Polícia Civil instaurou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra ela, pois, segundo a Secretaria, ela se recusou a dar o nome à autoridade policial.
De acordo com a motorista detida, todos os envolvidos foram à delegacia, incluindo a colega condutora e o homem que supostamente causou o acidente. Segundo ela, todos foram liberados.
"Graças a Deus, as meninas motoristas são unidas. Todo mundo foi para a delegacia, e eu quero justiça. Foi preciso três PMs para me jogar no chão. Fui ajudar uma colega e fui agredida a troco de nada", desabafa.
A SSPDS pontuou que o 19º DP segue apurando as circunstâncias do acidente e da detenção.
Repúdio
Em nota, a Associação dos Motoristas de Aplicativo do Ceará (AMAP-CE) repudiou "veementemente qualquer tipo de abuso policial e agressão contra mulheres, sejam elas motoristas de aplicativos ou não".
A entidade disse que deve ser investigada a conduta dos PMs com a motorista e pontuou que a abordagem devia ter sido feita por uma policial mulher.
O presidente da entidade, Rafael Keylon, foi até ao 19º DP se solidarizar com Rosana. Ele denunciou que foi hostilizado pelos policiais e ainda expulso do local, sob ameaça de prisão.