Mais um acusado da Chacina de Aracoiaba é preso; Justiça já recebeu denúncia contra 12 pessoas

Quatro pessoas foram mortas em um sítio em 17 de fevereiro, em represália a uma tentativa de homicídio ocorrida durante o Carnaval deste ano

Escrito por Matheus Facundo , matheus.facundo@svm.com.br
Criminosos invadiram sítio onde estavam vítimas por parte de trás - onde tem um matagal que dá acesso a um rio
Legenda: Criminosos invadiram sítio onde estavam vítimas por parte de trás - onde tem um matagal que dá acesso a um rio
Foto: Reprodução/ Documento público

Mais uma pessoa acusada de participação na Chacina de Aracoiaba, que deixou quatro pessoas mortas no dia 17 de fevereiro deste ano, foi capturada pelas autoridades policiais nessa quarta-feira (22). Antônio Carlos Martins, o Mamá, foi encontrado em Itapiúna e teria sido um dos executores que dispararam contra as vítimas na localidade de Arraial Santa Isabel, na Toca do Cururu. Ao todo, 12 pessoas já foram denunciadas pelas múltiplas mortes. 

A participação dele foi verificada em conversas de WhatsApp, obtidas por quebra de sigilo, no celular de um dos denunciados pelas múltiplas mortes. Ele foi preso por determinação da Vara única da Comarca de Aracoiaba a nessa quarta-feira (22,) e passou por audiência de custódia no Núcleo Regional de Custódia de Quixadá nesta quinta-feira (23), onde foi mantido preso. 

O advogado de defesa, Júlio Barreto, informou que buscará provar a inocência de Carlos por meio de provas para que ele não seja pronunciado para ir a julgamento. 

"Contudo, na audiência do Tribunal do júri, tentarei convencer os jurados, e se culpado, que seja dada a pena mínima, diante da primariedade e quiçá, confissão", diz nota. 

Outra pessoa também teve mandado de prisão preventiva expedido no último dia 20 de maio, mas a reportagem não conseguiu informação se ele foi cumprido.  Antes dessas novas acusações, até o último mês de março, 11 pessoas constavam como presas pela matança, incluindo um tesoureiro da Prefeitura de Baturité. 

De acordo com documento obtido pelo Diário do Nordeste, Carlos é citado em uma conversa presente no WhatsApp do denunciado Pedro Gabriel Ferreira Pineo, que apesar de ter virado réu, não está entre os presos pela Chacina, mas vai responder ao processo como um dos mandantes da matança. 

Na mensagem, Francisco Lucas Silva Sousa, o Baduê, um dos encarcerados, afirma que Antônio Carlos, conhecido como 'Mamá', "representou", ou seja, fez seu "trabalho", durante o episódio sangrento. 

No pedido de prisão, a juíza Cynthia Pereira Petri Feitosa pontuou que estava "convencida" da participação do acusado, em face das provas verificadas.

Crimes desta espécie têm provocado grande ofensa ao sentimento de segurança da população da Comarca de Aracoiaba, que vem sendo assombrada por um constante aumento nos crimes de homicídios relacionados aos conflitos de facções
Cynthia Pereira Petri Feitosa
Juíza de Aracoiaba

Chacina foi ato de 'barbárie' e 'crueldade inominável' 

No último dia 26 de abril, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) denunciou 12 pessoas pelo episódio sangrento que classificou como "barbárie" e "crueldade inominável". Os criminosos entraram na noite do 17 de fevereiro no sítio já atirando nos homens. Foram mortos a tiros Antônio Perecles, Mateus da Silva Bezerra, João Pedro Ricardo da Silva e Kennedy da Silva (conhecido como 'Galego'), secretário recém-empossado de Aracoiaba.

Em 3 de maio, o Poder Judiciário acatou a denúncia contra as 12 pessoas denunciadas e decretou a prisão preventiva de 10 deles, das quais a maioria já se encontrava encarcerada. 

Os denunciados são: 

  • Pedro Gabriel Ferreira Pineo
  • Adriele Barbosa de Freitas
  • José Alisson Freitas Ferreira
  • Francisco Edivan Freitas de Brito 
  • Lucas Sousa Santos 
  • Francisco Lucas Silva Sousa
  • José Jarles de Freitas Ferreira 
  • Francisco Ramon dos Santos Camurça 
  • Messias Jerônimo de Oliveira 
  • Reginaldo Santana Fernandes
  • Geislandesson Inácio da Silva Pinto 
  • João Paulo dos Santos Evangelista 

"A violência empregada pelos acusados e seus comparsas contra as vítimas, em virtude do exagerado número de disparos de arma de fogo contra elas desferidos, foi de uma crueldade inominável. O que demonstra o barbarismo do ato encetado pelos denunciados e demais algozes contra as inditosas vítimas, as quais foram submetidas a um martírio incomum, proporcionando-lhes sofrimento inadmissível, que repudia até mesmo ao mais insensível membro de nossa sociedade", diz trech da denúncia. 

O crime foi ordenado por uma facção criminosa que atua na região e motivado por represália, devido a uma tentativa de homicídio cometida em Baturité, dias antes, durante o período do Carnaval.

O alvo inicial do atentado, José Alisson, o 'Arlin', escapou, mas ficou ferido na perna e na orelha. Esse homem teria participado da decisão de começar a chacina, e também já foi preso. 

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