Jovens baleados por PMs em Hidrolândia continuam internados, e familiares pedem justiça
Um dos jovem é estudante de Direito e estava no momento acompanhado da namorada, que está grávida de gêmeos
Os dois jovens baleados por policiais militares em Hidrolândia, no interior do Ceará, passaram por procedimentos cirúrgicos no sábado (10) e seguem internados na Santa Casa de Sobral. Pedro Henrique Peres, de 21 anos, perdeu a visão do olho direito, enquanto Raimundo Diogo, de 22 anos, teve a bala alojada retirada da coluna e já responde com movimentos.
A criança de 10 anos, também atingida pelos disparos policiais na noite de sexta-feira (9), está internada no Instituto Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza, mas ainda não teve estado de saúde divulgado oficialmente.
O esperado, segundo pessoas próximas, é que o menino, que também fraturou a mandíbula, passe por cirurgia para retirar a bala alojada no pescoço.
Pedidos de justiça
Agora, diante dos acontecimentos, o pedido dos familiares dos rapazes e da criança são unicamente pela justiça. Ao Diário do Nordeste, Pedro Peres de Sousa, pai de Pedro Henrique, comentou sobre a tristeza em casa por conta da situação.
"Meu filho está hospitalizado e já passou pela cirurgia do olho, perdeu a visão, mas está sob observação com uma bala alojada no fêmur ainda", inicia, emocionado, ao lembrar do estado de saúde do jovem. Pedro Henrique é estudante de direito e morador de Hidrolândia.
Segundo o pai, que é advogado, as medidas para investigação da ação devem ser tomadas o mais rápido possível.
"Foi uma sacanagem muito grande, policiais despreparados, que não tinham orientação de nada do que estavam fazendo. Estamos todos revoltados demais, vamos atrás de tudo para fazê-los pagarem por isso", desabafou.
Acompanhado da família
Pedro Peres de Sousa comentou sobre o momento dos tiros, além de lamentar a falta de conversa com a equipe da Polícia Militar. Ele conta que o filho estava acompanhado da namorada, atualmente grávida de gêmeos, do amigo e da criança de 10 anos, irmão da moça.
"O meu filho é um rapaz exemplar, não andava fazendo bagunça, não tinha problemas com bebidas. Vivia mesmo era brincando, que era o que ele estava fazendo ontem com os demais. Não houve sequer uma abordagem policial", relatou.
Por enquanto, até o fim da manhã deste domingo, Pedro Henrique segue sob observação médica para definir os próximos passos do tratamento. Conforme informações do familiar, um neurologista deve realizar análise para definir se ele está apto a ser encaminhado ao quarto para receber visitas.
Movimentos recuperados
O caso de Raimundo Diogo de Siqueira Neto, de 22 anos, também continua em observação médica. Assim como Pedro Henrique, o jovem foi baleado na noite de sexta-feira (9). A dúvida era se ele conseguiria recuperar os movimentos, comprometidos pelas lesões na coluna e no joelho.
"Ele está bem, por um milagre não vai perder os movimentos das pernas. Não conversei muito com ele sobre o que aconteceu, mas vamos esperar ele sair do hospital para saber de tudo", confirmou uma prima do rapaz, responsável por acompanhá-lo na unidade de saúde do município.
O processo de tratamento no hospital, disse a familiar, deve correr naturalmente. "Vão retirar o dreno e a sonda hoje. Os médicos disseram que a partir de agora a recuperação dele vai depender completamente do corpo dele", finalizou.
POLICIAIS MILITARES FORAM AFASTADOS
Os policiais militares envolvidos na ação foram ouvidos em termo de declaração pelo comando do Batalhão ao qual são subordinados e tiveram as armas de fogo recolhidas para envio a Perícia Forense.
"A Polícia Militar instaurou o Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar os fatos. Os policiais militares foram afastados das funções operacionais até a elucidação do caso", explicou a instituição.
Camilo pede investigação
Neste domingo (11), o governador Camilo Santana afirmou que determinou "rigor absoluto na investigação, bem como à secretaria de Proteção Social apoio às vítimas".
Além disso, Camilo Santana disse lamentar profundamente o caso, também relatando que os envolvidos foram afastados imediatamente do trabalho nas ruas.