Investigação de abuso sexual em creche na Aldeota: Justiça nega pedido de prisão para suspeita

Apesar da decisão de não prender a mulher, foi determinado o distanciamento da investigada em relação às vítimas do caso

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
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Legenda: Há pedidos de mais diligências para apuração do caso, como a análise das câmeras de segurança da escola
Foto: Shutterstock

O juízo da 12ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza negou o pedido de prisão da auxiliar de professora, suspeita de crimes sexuais contra, pelo menos, sete crianças, supostamente cometidos em uma creche particular, no bairro Aldeota, em Fortaleza.

A reportagem do Diário do Nordeste apurou que a decisão acompanhou parecer do Ministério Público do Ceará (MPCE), que também se posicionou contrário à prisão neste momento. Até a tarde dessa segunda-feira (10), a suspeita ainda não tinha sido ouvida na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca).

Há pedidos de mais diligências para apuração do caso, como análise das imagens das câmeras de segurança da escola. Outras medidas protetivas foram deferidas pelo Judiciário, como a ordem de distanciamento da indiciada em relação às vítimas do caso.

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O Diário do Nordeste procurou a Polícia Civil, o Ministério Público e o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE). Nenhum dos órgãos falou sobre o pedido de prisão.

"Procedimentos e/ou processos judiciais que envolvem crimes de natureza sexual tramitam em segredo de Justiça, em preservação à intimidade da vítima. Por esse motivo, mais informações não podem ser repassadas"
TJCE

"O Ministério Público do Estado do Ceará, por meio do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (NUAVV), informa que recebeu relatos da ocorrência de violência sexual praticada em desfavor de crianças em uma creche de Fortaleza. No momento, as providências iniciais, quanto ao acolhimento das vítimas, estão sendo efetivadas. Portanto, mais detalhes não podem ser fornecidos, a fim de garantir a proteção e segurança dos envolvidos"
MPCE

"A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) informa que segue com as investigações de um suposto caso de abuso sexual contra crianças de uma instituição de ensino infantil no bairro Aldeota - Área Integrada de Segurança 1 (AIS 1) de Fortaleza. O inquérito é conduzido pela Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca), que realiza diligências. Outras informações serão repassadas posteriormente para não comprometer os trabalhos policiais"
PCCE

INVESTIGAÇÃO EM ANDAMENTO

Os boletins de ocorrência indicam que pelo menos, sete crianças de 3 anos, cada, foram vítimas de abusos por parte da auxiliar da professora.

Dentre as vítimas há duas crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Uma delas tem condição não-verbal e ao ouvir o nome da 'tia do colégio' já teria associado à mulher ao ato de tirar a fralda e pegar nas partes íntimas. 

Outra criança da mesma sala chegou a passar por exame de corpo de delito, que deu positivo para 'ato libidinoso'. A reportagem entrou em contato com mães de três vítimas, que confirmaram as denúncias dos abusos e pedem "apuração rigorosa" acerca das ocorrências.

A reportagem apurou que a diretora e proprietária do estabelecimento foi ouvida na delegacia e confirmou ter demitido a suspeita. 

Em nota pública, a instituição disse que: "A história de narrativas semelhantes nos alerta para cautela e prudência, antes de realizar qualquer julgamento ou achincalhe público de quem quer que seja. (...)  As investigações correm sob segredo de justiça a fim de preservar as imagens das crianças, as quais devem ser o principal objeto de proteção. (...) Aguardamos ansiosos os esclarecimentos dos fatos para com convicção trazermos a público o que está em apuração e investigação, a bem da verdade".

CRIMES DISFARÇADOS DE 'BRINCADEIRAS'

Procuradas pela reportagem, as mães revelaram que passaram a desconfiar dos abusos quando os filhos chegavam em casa demonstrando algum tipo de dor.

"De madrugada meu filho chorou de dor. Eu achei que a fralda tava cheia, mas não era. Vi que a pintinha dele estava machucada. Então eu comuniquei na escola que talvez não conseguisse levar ele, que ele talvez não tivesse conseguindo fazer xixi e que a gente já tava procurando médico. Na segunda-feira, quando ele foi ao urologista, o médico perguntou quem dava banho e disse que tinha forçado um pouquinho. Passaram os dias e eu soube de uma colega que tinha tirado a filha do colégio de repente. Ela contou que a menina foi abusada. Então eu fui conversar com o meu filho e ele me contou tudo" (sic), disse uma das mães.

A mãe de outro menino que consta nos boletins enquanto vítima disse: "meu filho contou que ela brincava de casinha com ele. Quando perguntei como era a brincadeira, ele pegou no pintinho".

Quando procuradas pela reportagem, as mães disseram ter sabido da demissão da suspeita, mas dizem não ter recebido apoio da escola.

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