Engenharias que Transformam: do gosto de matemática e física à qualificação em energias renováveis

Carlos Felipe Parente aprendeu cedo, com a mãe, professora, a transformar a vida por meio da educação. Hoje, o engenheiro eletricista é responsável por um setor com quase 100 funcionários

Escrito por Redação ,
Carlos Felipe posa para foto
Legenda: Carlos Felipe tem trilhado uma jornada de crescimento na ArcelorMittal Pecém
Foto: Arquivo Pessoal
O projeto Engenharias que Transformam é uma parceria com:

Filho de professora e aluno “de olimpíada” quando adolescente, Carlos Felipe Parente Lima, 34 anos, sempre soube que teria sua vida transformada pela educação.

Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em 2011, ele trabalha com o que realmente gosta — energias renováveis — e é responsável, hoje, por gerir um setor com 90 funcionários no Grupo ArcelorMittal no Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza, ocupando o cargo de Gerente de Oficinas de Fabricação e Manutenção de Conjuntos. 

Esta reportagem compõe uma série multimídia que apresenta as engenharias relacionadas à produção do aço, tendo como personagens funcionários do Grupo ArcelorMittal, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Os conteúdos visam contribuir para a formação de profissionais qualificados, que poderão ocupar espaços na siderurgia cearense. O projeto “Engenharias que Transformam” é parceria da ArcelorMittal com o Sistema Verdes Mares. 

“Dentro de casa, estudo sempre foi prioridade. A família da minha mãe veio de origem humilde. Minha mãe, acho, foi a primeira filha a fazer universidade, mestrado. Ela enxergava a educação para a gente como uma forma de mudar a realidade que a gente tinha. Para que a gente conseguisse ter um futuro melhor. Sempre foi prioridade”, reforça o engenheiro. 

Carlos Felipe e mãe em sua colação de grau
Legenda: Carlos Felipe tem na mãe, que é professora, uma inspiração para os estudos
Foto: Arquivo Pessoal

Ele tem duas irmãs, ambas também formadas na universidade. Uma escolheu o Direito para construir a carreira e a outra optou por Engenharia Química por influência da mãe, que leciona na área, mas abandonou a profissão para trabalhar em outro ramo, em São Paulo. 

Em posição de chefia numa multinacional, Carlos acredita, hoje, que a formação em Engenharia o expandiu. “Saí de uma pessoa que estava limitada a gostar de física e matemática, sem saber muito o que queria, sem muita visão de futuro, para um mundo que se abriu. Saí de um mundo fechado, de estudar só as disciplinas que gosto, para um mercado muito amplo”, reflete o profissional. “Quanto mais conhecimento eu tiver, melhor”, entende. 

Experiência fora do País e descoberta de preferências 

No currículo de Carlos, além da experiência na UFC, há passagens pela Universidade de Fortaleza (Unifor), com uma especialização em Engenharia de Automação Industrial, e pela Faculdade Ateneu, com uma especialização em Engenharia de Saúde e Segurança. 

No entanto, foi em uma experiência de seis meses na Universidade de Colônia, na Alemanha, ainda na graduação, que ele descobriu o que, de fato, queria estudar: energias renováveis.  

“Fiz seis semestres no Brasil e, no sétimo, viajei, para fazer a graduação-sanduíche. Os alunos vão com uma grade pronta do que estudar. Na minha época, fui preparado para energias renováveis. Estava trabalhando com sistemas elétricos de potência, mas achei [o tema] interessante, era um assunto novo, me interessou como mercado”, disse o engenheiro.  

Na visão dele, as experiências nas engenharias “sempre se complementam” e, por isso, aprender diferentes ofícios não anula o que você escolher como foco para trabalhar. “Quando vejo alguma coisa inovadora de mercado, me interesso. Não necessariamente vou virar minha carreira para aquilo, mas acho legal buscar um conhecimento complementar”, comentou. 

De maneira geral, para Carlos, as graduações na área de tecnologia incitam os profissionais a se reciclarem frequentemente. “Você tem que estar buscando no mercado o que é a tendência e tem que estar se reciclando, porque as inovações acontecem de forma muito rápida. Se você não estiver perto, acompanhando, fica defasado”, orienta o engenheiro. 

Carlos Felipe e equipe
Legenda: Carlos Felipe lidera uma equipe de quase 100 pessoas
Foto: Arquivo Pessoal

Para exemplificar, ele lembrou de como o mercado das Engenharias se adaptou às obras para a Copa do Mundo de 2014, ocorrida no Brasil. Àquela época, “a construção civil estava bombando, tinha muitas oportunidades. E, hoje, tem um ‘boom’ muito mais forte de energias renováveis. A [engenharia] civil deu uma esfriada”, analisa. 

“O mercado é sazonal, mas a indústria vai se complementando. Tem sempre alguma coisa que está em tendência que vai puxando as universidades para especializar os profissionais, para atender àquele nicho”, observou o gestor. 

Desenvolvimento regional 

Embora tenha estudado no exterior por um tempo e, por isso, se sinta mais confortável em trabalhar em qualquer lugar do Brasil ou fora dele, Carlos não pretende deixar o Ceará para explorar outros mercados porque quer contribuir para o crescimento da região.  

“Ir para fora é legal para adquirir conhecimento, mas é importante pensar em como dar um retorno para a sociedade. A gente, como cearense, tem que ajudar a estimular o crescimento do Estado”, defende o engenheiro. 

ITA no Ceará 

Com a chegada de uma unidade do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) a Fortaleza, prevista para este ano, o Governo Federal pretende impulsionar o desenvolvimento tecnológico do Nordeste e apostar em estudos sobre energias — justamente a área de atuação de Carlos. 

Ele vê na instalação do equipamento uma forma de garantir que os profissionais invistam seus conhecimentos no Ceará e que o Estado seja atrativo, também, para “cérebros” de outros cantos do País. “Profissionais vão vir, empresas vão vir. Teremos mais indústria”, projeta. 

Evolução profissional

Carlos começou a trabalhar na antiga Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) — adquirida em 2023 pelo Grupo ArcelorMittal — há nove anos, ainda na construção da usina. Apesar da grandeza da obra, ele não teve medo porque, àquela altura, com três anos de formado, estava acostumado a participar da construção elétrica de projetos daquele porte. 

“Vim dar suporte na parte elétrica da construção, já era uma coisa que eu fazia, não senti medo em relação ao trabalho. Fiquei interessado, achei legal como experiência”, compartilhou o engenheiro. Tanto que, finalizada a obra, ele decidiu se candidatar a uma vaga de analista na área de Engenharia de Manutenção da empresa. 

“Em 2018, virei coordenador [dessa área] e, no ano passado, virei gerente”, disse. Atualmente, ele é gerente de Manutenção na ArcelorMittal e coordena uma equipe de 90 pessoas.  

“É muito positivo porque são experiências diferentes que venho agregando no currículo. Cheguei perto da operação da siderurgia, no dia a dia, quando virei gerente, comecei a trabalhar com serviços e, hoje, ainda estou com serviços, mas de forma mais ampla. São experiências diferentes e enxergo isso como forma de enrobustecer [a formação profissional]. Dificilmente, trocando de empresa, você consegue se movimentar”, compreende Carlos. 

Mas, apesar do progresso profissional, ele ainda não se sente satisfeito e pretende evoluir ainda mais. “Me sinto um profissional em construção. Nunca me senti satisfeito com meu conhecimento. [...] As tecnologias vão avançando, as tendências vão mudando, a gente sempre tem que estar se atualizando. [...] Não me sinto numa zona de conforto, de achar que atingi um patamar que queria. Sou feliz com o que faço e estou motivado”, afirma. 

Com a integração da antiga CSP ao Grupo ArcelorMittal, os funcionários se veem, agora, diante de uma gama de oportunidades gratuitas para seu desenvolvimento. Uma das mais procuradas é o curso de idiomas disponibilizado pela empresa. Carlos, por exemplo, decidiu aproveitar a chance para aprender francês, uma língua que ainda desconhece. 

“Acho que a ArcelorMittal traz uma bagagem muito forte para apoiar o desenvolvimento das pessoas. De forma gratuita. A integração tem trazido boas oportunidades para os profissionais estarem cada vez mais aptos às oportunidades que vão surgindo [dentro da indústria]”, diz.  

O que faz um engenheiro eletricista? 

Profissionais da Engenharia Elétrica são responsáveis, de acordo com a Universidade Federal do Ceará (UFC), pela geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, mas também podem atuar na área eletrônica. 

  • Telecomunicações, com descoberta e aprimoramento de novas tecnologias de transmissão; 
  • Informática, com aprimoramento da transmissão de dados multimídia e criação de redes inteligentes de computador; 
  • Empresas de telefonia fixa e móvel e provedores de internet; 
  • Infraestrutura; 
  • Geração, distribuição e recepção de energia elétrica; 
  • Sistemas de acionamento e controle de máquinas elétricas; 
  • Desenvolvimento de circuitos elétricos; 
  • Fontes alternativas de energia, como solar ou eólica. 

Essas atividades podem ser desenvolvidas em empresas de energia elétrica, de exploração de petróleo, de radiodifusão, indústrias, hidrelétricas, termoelétricas e hospitais, por exemplo. 

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