Grepar prepara R$ 360 milhões em investimentos para Lubnor; empresa aguarda aprovação do Cade

Aportes deverão focar no aperfeiçoamento tecnológico da produção e aplicações de conceitos de ESG. Plano tem o prazo de 10 anos

Legenda: Venda da Lubnor está em análise pelo Cade
Foto: Juarez Cavalcanti

Ainda aguardando algumas questões burocráticas, a Grepar Participações Ltda, compradora da Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor) já trabalha com um plano de investimentos para a refinaria que passa da casa dos R$ 360 milhões. A informação foi confirmada por Eduardo Bellaguarda, consultor empresarial da Grepar em entrevista exclusiva à coluna. 

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A intenção com os aportes é elevar o nível de produção de lubrificantes industriais no País e manter o atendimento no Nordeste, ainda com potenciais expansões de mercado em períodos de baixa demanda na Região.

Segundo Bellaguarda, o plano de investimento da Grepar inclui projetos para os próximos 10 anos e deve passar por "aperfeiçoamento operacional" da unidade, práticas de ESG (termo em inglês para governança ambiental, social e corporativa), além de outros pontos. 

O valor total investido pela Grepar está no patamar de US$ 70 milhões (R$ 360,08 milhões na cotação do dia 22 de agosto de 2022). 

"O investimento contratual com a Petrobras é de US$ 34 milhões de dólares. Na sua visão de futuro, a empresa estima um investimento superior aos US$ 70 milhões dólares em bens de capital, aperfeiçoamento operacional e ESG. Existe um cronograma para investimentos para os próximos 10 anos, já pensando no desenvolvimento, aperfeiçoamento e ampliação do negócio", disse Eduardo.

"A Grepar pretende ampliar a produção atual de lubrificantes industriais do qual o Brasil é importador, contribuindo com mais empregos e economias de divisas para o país. Atenderemos plenamente o mercado de asfaltos da região Nordeste e até mesmo outras regiões do país em períodos de baixa demanda no Nordeste", completou.

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Trâmites e impasses

As negociações para repasse do controle da Lubnor para a Grepar, no entanto, ainda deverá passar por alguns trâmites antes de ser confirmada.

A operação de venda ainda está sob análise pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), enquanto a Petrobras também está negociando um acordo com a Prefeitura de Fortaleza por parte do terreno onde a refinaria está instalada. 

Como parte do imóvel está localizado em terreno público, a petrolífera ainda terá de negociar diretamente com a administração municipal. Procuradas para comentar o assunto, a Petrobras e a Prefeitura de Fortaleza não responderam os questionamentos da reportagem até a publicação desta reportagem.  

Financiamento e produção 

Ainda conforme Bellaguarda, a Grepar deverá usar recursos próprios para fazer os investimentos na Lubnor, mas não descarta a opção de linhas de crédito de bancos públicos de desenvolvimento, como o Banco do Nordeste. O consultor, contudo, não detalhou os planos e contatos até agora.

"A Grepar usará ambos os caminhos. Trabalhará com bancos de desenvolvimento sustentável e com parte do seu capital próprio", disse.

A definição dos planos passa pela continuidade da produção de asfaltos e lubrificantes naftênicos, além do atendimento da demanda de óleos combustíveis com baixo teor de enxofre e óleo diesel para navios. 

"Além dos produtos, âncoras que são os asfaltos e os lubrificantes naftênicos, e que compõem 70% do processo de produção, a Grepar irá produzir e comercializar de forma regular para um melhor atendimento ao mercado, óleos combustíveis com baixo teor de enxofre e óleo diesel tanto para abastecimentos a navios como para geração térmica, entre outras pequenas frações de nafta que serão utilizadas em cogeração de energia para a própria planta", comentou Bellaguarda. 

Judicialização da venda 

Sobre os impasses relacionados à venda da Lubnor pela Petrobras e os questionamentos na Justiça por entidades da sociedade civil e de parte dos funcionários da Estatal, o consultor da Grepar afirmou que a empresa segue tranquila sobre a continuidade do processo. 

"A Grepar enxerga o caso com tranquilidade. O processo de desinvestimento que a Petrobras iniciou ocorre também em outras refinarias do país, a partir de um acordo com o Cade", afirmou.

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