Empresa que vai investir R$ 300 milhões no Pecém prevê trazer nova bandeira de postos para Ceará

O empreendimento deverá dar suporte às operações dos postos de bandeira própria do Grupo Dislub Equador

Legenda: Postos da bandeira própria do Grupo Dislub Equador já operam em cidades como Manaus
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O Grupo Dislub Equador, que investirá mais de R$ 300 milhões em um parque de tancagem no Porto do Pecém, está obtendo boas respostas sobre o mercado cearense e deve ampliar os planos iniciais para o projeto, além de já vislumbrar a instalação de postos de combustível de bandeira própria no Estado nos próximos anos.

As perspectivas foram confirmadas pelo diretor de desenvolvimento de negócios da Dislub, Leonardo Cerquinho, em entrevista exclusiva para a coluna. 

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Já estabelecendo bons contatos com empresas de distribuição de combustíveis no Ceará, e garantindo bons níveis de demanda, a Dislub mudou os planos para a primeira fase de instalação do parque de tancagem.

Antes previsto para começar operações com 60 mil metros cúbicos (m³), o empreendimento passará a contar com 80 mil m³, podendo ser expandido para 120 mil m³ na segunda fase do projeto. 

As previsões de início das operações, marcada para 2025, e o número de empregos gerados, 350 empregos na construção e 100 na operação, permaneceram sem alteração. Já a construção do novo parque de tancagem deverá iniciar entre maio e junho do próximo ano, após finalização do processo de licenciamento. 

Segundo Cerquinho, o projeto da Dislub tem o potencial de atender a demanda de combustíveis no Ceará (gasolina, etanol anidro, etanol hidratado, diesel e biodiesel) pelos próximos 25 anos. 

"A gente está concluindo a parte de projetos básicos para iniciar o processo de licenciamento ambiental, e a gente tem uma novidade que antes a perspectiva era começar o projeto com 60 m³ de tancagem, mas agora devemos começar com 80 mil m³", disse. 

"Observamos coisas no mercado e a gente decidiu que o projeto total, com 210 mil m³, suficiente para atender o mercado cearense pelos próximos 25 anos, e tivemos uma boa resposta já inicial, então queremos licenciar o projeto na totalidade, podendo emendar a fase 1 na fase 2 e concluir o projeto todo. Podemos até passar dos 80 mil m³ para 120 mil m³ a partir da demanda inicial do mercado", completou Cerquinho.

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Investimentos e cenário global 

O diretor da Dislub também comentou sobre os impactos do cenário internacional para a definição de custos de operação, destacando a instabilidade nas cadeias produtivas e a elevação de preços em quase todos os setores da economia. A conjuntura externa, explicou Cerquinho, é o que explicaria o aumento das previsões de investimentos totais, antes estabelecidas em R$ 30 milhões. 

"Quando a gente fez a perspectiva de investimento de R$ 300 milhões, o mundo era outro, antes da guerra na Ucrânia, então o investimento deve ficar um pouco mais alto na primeira e segunda fases, podendo passar desse valor previsto antes", disse. 

"É difícil cravar qualquer coisa agora porque o mundo está louco. O preço do minério e do petróleo estão variando muito, mas a gente imagina que os 80 mil m³ vão custar R$ 250 milhões e quando a gente tiver de fazer a segunda fase, passará dos R$ 300 milhões seguramente para fechar os 120 mil m³", completou.

Impactos nas bombas

Apesar do patamar considerável para o investimento no parque de tancagem, Cerquinho destacou que os preços nas bombas de combustível não deverão ter quedas drásticas de preço, mesmo antecipando uma redução dos valores de revenda nos próximos anos. 

A previsão, contudo, é que haja, de fato, um barateamento do valor de revenda, fazendo com que o mercado de Fortaleza se compare ao de Recife (Pernambuco) e São Luís (Maranhão).

Para se ter uma noção das diferenças, dados mais recentes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) indicam que o preço médio do litro da gasolina em Fortaleza, em julho de 2022, estava em R$ 6,30. Em Recife, o valor era de R$ 6,35, e em São Luís, R$ 6,12. 

"O que aumenta preço de combustível é dólar e petróleo. Existe um componente do combustível entre 5% e 8% que são referentes aos custos de distribuição. Dentro disso, você tem um sobrepreço que vamos conseguir trabalhar ao entrar no mercado do Ceará, mas a gasolina não vai chegar a R$ 2 só porque a gente entrou aqui", disse Cerquinho. 

"O que a gente pode dizer é que os preços da gasolina aqui podem chegar ao patamar do que vemos em São Luís e Recife, porque teremos condições muito parecidas", completou. 

Infraestrutura e mercado no Ceará 

Sobre as operações internas, a Dislub já planeja transformar o Ceará em um "exportador" de combustíveis para outros estados a partir do novo parque de tancagem, que deverá também dar suporte à estratégia de introdução dos postos de bandeira própria da empresa. 

Legenda: Grupo Dislub já conta com operações nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste
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Cerquinho explicou que antes do investimento do parque seria impossível fechar contratos de fornecimento estável com os empresários de postos de combustível, mas a perspectiva deve ser alterada nos próximos anos. Atualmente, a Dislub Equador conta com mais 450 postos, 24 filiais e 10 terminais próprios, atuando nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Além disso, com o empreendimento estabelecido no Porto do Pecém, a integração à ferrovia Transnordestina deverá ajudar a dar vazão os combustíveis para os outros estados. 

"O Ceará hoje é atacado por outros portos, então parte do combustível que vem para cá vem de outros estados. O Ceará é importador de combustível, mas na hora que viermos para cá, a ideia é que esse terminal, não só a Dislub porque devemos ter contratos com outras empresas, controle esse mercado. E quando a Transnordestina estiver concluída, o estado passará a ser exportador de combustível, atendendo o oeste de Pernambuco e a área central do Piauí. Esse terminal traz uma nova perspectiva logística", comentou.