A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) está buscando estreitar laços com Portugal para impulsionar a produção e exportação de pescados para a Europa. Contudo, antes de consolidar uma parceria completa, a Fiec está negociando a criação de uma linha de crédito específica para a renovação de barcos e equipamentos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ao Banco do Nordeste (BNB). A informação foi confirmada pelo presidente da instituição, Ricardo Cavalcante.
Segundo o presidente da Fiec, as tratativas tem o foco de melhorar o nível tecnológico nas embarcações no Ceará e impulsionar a produtividade da pesca no Estado. A partir da consolidação de um cenário de evolução, comentou Cavalcante, uma parceria comercial com empresas ou entidades portuguesas deverá se tornar um conceito mais consolidado.
"A gente, para fazer isso (consolidar uma parceria), precisa fazer essas mudanças nos barcos. Temos 3 mil barcos hoje, com vida útil média de 27 anos, pouca tecnologia embarcada e precisamos achar uma nova linha de crédito para fazer isso. A partir desse ponto, logicamente iremos pescar mais e aumentar nossas exportações. Portugal, em 10 anos, dobrou as exportações com tecnologia embarcada, nos processos e com empresas de alto padrão, que já temos no Ceará", afirmou.
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Ricardo Cavalcante ainda confirmou negociações com o BNDES e o BNB para estabelecer condições para o fornecimento do crédito, a compra ou renovação das embarcações e equipamentos necessários. Na próxima semana, uma equipe da Fiec deverá apresentar detalhes do projeto, além de debater questões relacionadas a outros setores da economia cearense, como o hidrogênio verde.
"Estamos negociando com o BNDES, que é a linha de crédito mais barata que temos hoje, e com o BNB no segundo plano, mas o importante é que estamos tratando um problema de um setor enquanto criamos um grande atrativo em outro, que é o de produção de barcos, a indústria naval. Estamos falando de 1,5 mil barcos. Vamos reativar dois setores com uma só ação", disse Ricardo.
O presidente da Fiec também confirmou que a expectativa é dobrar as exportações de pescado do Ceará nos próximos 10 anos, seguindo um modelo adotado por Portugal. Contudo, Ricardo Cavalcante destacou que esses resultados dependerão da renovação das embarcações no Ceará.
"Se a gente consegue aumentar a velocidade dos barcos, a gente pode definir um avanço mais rápido, até chegar nesse resultado em 5 anos, mas tudo vai depender dessa questão. Hoje já exportamos lagosta para quase todos os países do mundo, mas queremos melhorar os nossos resultados", disse.
Apesar de a evolução da parceiria com Portugal estar conectada às linhas de crédito, nesta quinta-feira (11) foram assinados dois memorandos, durante evento na Fiec, envolvendo o Ceará e o país europeu.
A cearense Caix Pescados assinou um memorando de entendimento de negócios com a Gel Peixe, uma das maiores empresas do setor em Portugal, e um novo acordo comercial deverá ser consolidado nos próximos meses.
Já a Fiec assinou um memorando de troca de tecnologias com a InescTec, relacionado a pesquisas e estudos relacionados ao mar.
Presente no evento, Miguel Marques, sócio fundador da consultoria portuguesa Skipper & Wool, ainda comentou que já há a expectativa de um novo memorando de entendimento comercial entre outras duas empresas, uma do Ceará e outra de Portugal. O acordo deverá nos próximos 6 meses.
Marques, contudo, não deu mais detalhes sobre as negociações, que seguem em sigilo.