Qual o cálculo para Roberto Cláudio ser candidato ao Governo do Ceará; e qual cálculo para não ser
Ex-prefeito de Fortaleza deixou gestão apontado como "candidato natural" ao Executivo estadual, mas tem enfrentado resistências
Em dezembro de 2020, quando deixou a Prefeitura de Fortaleza após oito anos de mandato, o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) era apontado como um "candidato natural" à sucessão de Camilo Santana (PT) no Governo do Ceará em 2022.
Agora, a menos de três meses do pleito, ele é de fato um dos pré-candidatos, mas enfrenta disputa inesperada há dois anos com a atual governadora Izolda Cela (PDT), que assumiu a gestão estadual após Camilo se desincompatibilizar em abril para disputar vaga do Senado neste ano.
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Além de Roberto Cláudio e Izolda, o PDT apresentou também como pré-candidatos internos o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, e o deputado federal Mauro Filho, mas são os dois primeiros que têm mobilizado as declarações de preferência entre correligionários e aliados. De modo geral, os quatro correligionários têm adotado discurso de união, principalmente Roberto Cláudio.
"Ninguém fora do PDT vai conseguir nos dividir. Podem provocar, podem querer intervir falando bobagens, estimulando respostas. A nossa unidade e nossa responsabilidade com o Ceará será nossa maior".
Ainda assim, o clima tem se acirrado. Encontros recentes dos quatro pré-candidatos com líderes do grupo político, como o ex-ministro Ciro Gomes e Camilo Santana têm sido de episódios de tensão e sucessões de desgastes.
A essa altura do prazo eleitoral, o PDT entra em período definitivo e deve anunciar um nome em novo encontro do diretório estadual previsto para 18 de julho. Até lá, algumas ponderações vão estar na mesa de definições.
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Cálculo para Roberto Cláudio ser candidato
Carreira meteórica
Médico, Roberto Cláudio entrou na vida pública em 2006, no início do Governo Cid, como deputado estadual, e assumiu a vice-liderança do governo na Casa. Foi reeleito em 2010 e, por unanimidade de votos, assumiu a presidência da Assembleia Legislativa.
Já importante liderança política no Estado, em junho de 2012, interrompeu o mandato no Legislativo para ser candidato à Prefeitura de Fortaleza. Foi eleito no segundo turno, com 53% dos votos, contra o candidato do PT, Elmano Freitas. Em 2016, foi reeleito prefeito e deixou a gestão cotado para disputar o Governo do Estado dois anos depois.
A trajetória de Roberto Cláudio por importantes cargos em 15 anos é um dos pontos que fomentou a tese de "candidatura natural" ao Governo do Estado.
Boa avaliação como prefeito
Em 2020, Roberto Cláudio encerrou um ciclo de oito anos à frente da Prefeitura de Fortaleza com aprovação de 66% dos fortalezenses.
Pesquisa Ibope contratada pela TV Verdes Mares na época, mostrou que 12% classificavam o governo do prefeito como ótimo, enquanto 37% avaliavam como bom. Para 35%, a gestão era regular. Outros 4% consideravam ruim e 10% responderam péssimo. Não sabem ou não responderam somavam 2%.
O desempenho na gestão municipal é um dos principais argumentos usados por apoiadores de Roberto Cláudio na defesa de seu nome como o escolhido pelo PDT para as eleições de 2022.
Apoio de líderes do PDT
A relação de confiança que cultiva com os irmãos Cid e Ciro Gomes, líderes do atual grupo governista no Estado, há mais de uma década também tem peso relevante pró-Roberto Cláudio nas definições.
Em agosto do ano passado, antes de serem definidos os quatro pré-candidatos do PDT, o senador e ex-governador Cid Gomes chegou a defender Roberto Cláudio, em entrevista à rádio FM Assembleia.
“Dentro desse contexto, o melhor nome do PDT nesse momento, o mais popular, o que aparece com mais chances nas pesquisas eleitorais é o do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio”, disse Cid Gomes. Desde a ampliação dos pré-candidatos, Cid não fez novas manifestações públicas.
Ciro Gomes também tem feito severas críticas a alas do PT que ameaçam romper a aliança caso o candidato seja Roberto Cláudio. Ele chegou a questionar até mesmo a aliança com Camilo Santana diante do apoio do petista a Izolda.
"(Camilo Santana) Era nosso aliado, ou é nosso aliado. Ainda não sei direito como é que vai desdobrar isso lá".
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, chegou a declarar apoio ao ex-prefeito durante evento do partido em Fortaleza, em junho. "O melhor prefeito do Brasil vai virar governador", cantou o dirigente durante o encontro.
Cálculo para não ser
Oposição de partidos aliados
O principal desafio de Roberto Cláudio nos últimos meses é a oposição de alas partidárias a seu nome. Do PT, adversário no âmbito municipal desde 2012, lideranças, como os deputados federais José Guimarães e Luizianne Lins, têm defendido o rompimento estadual se o ex-prefeito for o escolhido.
Também já houve declarações públicas do presidente do MDB no Ceará, o ex-senador Eunício Oliveira, e do deputado estadual Zezinho Albuquerque (PP), que deixou o PDT há poucos meses para se filiar ao partido liderado pelo filho, AJ Albuquerque.
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Desgastes da gestão
Outro ponto que pesa contra o pedetista são os desgastes acumulados durante a gestão municipal que podem ser usados como munição de ataque durante a campanha eleitoral. O grupo de oposição, liderado pelo deputado federal licenciado Capitão Wagner (União Brasil), mobiliza ataques em áreas como saúde e educação na Capital desde que Roberto Cláudio era o prefeito.
Sem mandato político
Atualmente fora de cargos oficiais, Roberto Cláudio tem concedido entrevistas a rádios no Interior e feito palestras e participado de eventos de entrega de títulos de cidadão, por exemplo, em diferentes municípios.
Estar sem cargo eletivo tem reduzido os espaços de fala públicos do ex-prefeito, diferentemente do que acontece com sua principal concorrente interna, Izolda Cela, governadora desde abril. Ele também tem evitado se manifestar nas redes sociais sobre os impasses do PDT, o que acaba deixando forças contrárias em evidência.