A superexposição de crianças nas redes sociais: um perigo real
Atualmente, é incontestável que o surgimento das redes sociais transformou pessoas comuns em figuras públicas conhecidas pelo compartilhamento de suas rotinas diárias. A exposição em si não é um problema, desde que feita de forma consciente e autorizada pelo titular da imagem, conforme prevê a Constituição Federal de 1988. No entanto, quando se trata da superexposição de crianças, o cenário se torna mais preocupante.
Vivemos em uma era de cibercultura, onde influenciadores digitais desempenham papéis significativos. Porém, este mesmo espaço virtual também abriga práticas criminosas, como é o caso da “deepweb” e, principalmente, da “darkweb”. O perigo real emerge quando os limites de exposição são ultrapassados.
A prática de “sharenting”, termo originado da junção de “share” (compartilhar) e “parenting” (parentalidade), se refere à superexposição de crianças na internet pelos próprios pais. O que pode parecer inofensivo e até mesmo carinhoso, pode na verdade gerar sérios problemas. Crianças frequentemente expostas a câmeras, muitas vezes demonstrando desconforto, estão sendo privadas de sua privacidade.
A “darkweb” é um submundo virtual onde crimes hediondos são cometidos, e crianças podem ser expostas a situações de cunho sexual. Uma simples postagem, quando tratada por programas de inteligência artificial mal-intencionados, pode ser transformada em conteúdo pornográfico. Além disso, a superexposição pode fornecer a criminosos informações detalhadas sobre a rotina da criança.
A legislação existente, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, é uma ferramenta importante, mas insuficiente sozinha. É imperativo que programas de políticas públicas sejam ampliados para conscientizar a sociedade sobre os riscos da superexposição infantil na internet. A vida virtual, muitas vezes percebida como segura e inofensiva, pode esconder perigos muito mais reais do que se imagina. Pais e responsáveis precisam estar cientes desses riscos e adotar medidas para proteger a privacidade e segurança de suas crianças, evitando que a inocência de um momento compartilhado se transforme em um pesadelo perpétuo. A conscientização e a educação são as chaves para um uso responsável e seguro das redes sociais, garantindo um futuro mais protegido para nossos pequenos.
Lidiane Moura Lopes é professora do MBA em Direito Digital da Faculdade INBEC